Rentabilidade do criador pode aumentar com programação fetal e bezerros do cedo

Recomendações foram feitas pelo pesquisador da Apta de Colina-SP, o doutor em zootecnia Flávio Dutra de Resende

Em entrevista exibida pelo Giro do Boi nesta quarta, 09, o pesquisador da Apta – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios – de Colina-SP, Flávio Dutra de Resende, mestre e doutor em zootecnia, destacou pontos de atenção na fase da cria que possibilitam a criação de um boi com potencial para desenvolver uma carcaça no padrão desejável.

Para Resende, o pecuarista começa a tratar disto enquanto o bezerro ainda está no ventre da vaca, valendo-se de manejo nutricional apostando na chamada programação fetal. Resende lembrou que estudos indicaram que no terço médio da gestação, entre o terceiro e o sétimo mês, são formadas as fibras musculares nos fetos. Depois de seu nascimento, o que ocorre é apenas hipertrofia, o que não influencia na quantidade de fibras. E a forma de assegurar que o feto forme todas estas fibras musculares, ou seja, desenvolva seu potencial genético, é via nutrição – e nesse caso específico, no terço médio da gestação.

Além disto, é essencial a realização de uma estação de monta que concentre os nascimentos de bezerros do cedo, que desmamam mais rápido, ficam menos tempo na fazenda e dão mais rentabilidade para o pecuarista. “Aquele bezerro que nasce no tarde às vezes ele tem que dobrar mais um ano na fazenda e muitas vezes você não consegue chegar com esse bezerro no peso de abate. Então isso já está, na prática, consolidado”, reforçou.

O bezerro do cedo, explicou Flávio, é aquele cujo terço médio de sua gestação vai ocorrer em pleno outono, entre os meses de março e abril, quando os pastos ainda estão em fase de transição e há disponibilidade de forrageiras, pois ainda há chuvas em parte das regiões de pecuária no Brasil. Então a condição nutricional da fêmea nesta parte da gestação é adequada para garantir o número máximo de fibras musculares no bezerro.

“Nós queremos mais de 80%, 85% de vacas que fiquem prenhes, mas não é só a prenhez que eu quero. Quero que elas fiquem prenhes mais cedo, no início da estação de monta. Isso acontece se eu cuidar da condição corporal antes de entrar na monta”, simplificou.

Veja a entrevista completa: