O Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, em parceria com a Secretaria Estadual da Fazenda e a Bolsa Brasil Balcão (B3), passará a oferecer em 2018 o Índice de Preços Diários do Boi Gordo, que trará maior qualidade na promoção e na transparência dos negócios realizados na pecuária. O termo de cooperação para a produção do indicador foi assinado hoje (9), pelos secretários adjunto de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Rubens Rizek Jr, e da Fazenda, Hélcio Tokeshi, durante a solenidade comemorativa pelos 75 anos do instituto de pesquisa paulista.
Com base em informações criptografadas sobre as negociações de boi gordo no Estado, descritas nas Notas Fiscais Eletrônicas (NF-e) geradas pelos estabelecimentos, o IEA irá elaborar e disponibilizar o índice diariamente. Após testes de metodologia, para garantir a inviolabilidade e o sigilo das informações, a previsão é de os dados possam ser consultados a partir de março de 2018 no site do IEA.
De acordo com o diretor do IEA, Celso Luis Vegro, a análise realizada a partir de informações sobre o preço e a quantidade de cabeças de boi gordo permitirá um refinamento na parte de análise econômica e estatística dos dados agropecuários nunca visto antes. “Os modelos estatísticos e econômicos ficarão muito mais robustos ao conciliar dados de preço e quantidade, os cenários de mercado ficam mais fácil de serem imaginados, a partir do acúmulo dessas informações”, afirmou o economista, destacando que será uma sintonia fina entre os dados do mercado e o levantamento subjetivo que a instituição já realiza junto a corretores.
Para Vegro, a expectativa é de que o mesmo serviço possa em breve, ser oferecido a outras commodities como milho, café, suco de laranja e algodão. “O índice elaborado pelo IEA em parceria com a Secretaria da Fazenda poderá ser mundialmente reconhecido, servindo como base para as Bolsas de Nova York, Chicago, Taiwan, trazendo maior segurança para que se faça investimentos no Brasil”, afirmou.
“O IEA é a inteligência do Brasil no sentido de prover dados socioeconômicos relevantes para o setor. Precisamos fazer com que a sociedade saiba os benefícios da pesquisa, geração de desenvolvimento arrecadação e prosperidade. É impressionante”, afirmou Rubens Rizek.
A disponibilização de dados para a elaboração do Índice do Boi Gordo simboliza uma mudança na gestão pública, principalmente devido à busca por soluções para a crise econômica ocorrida no País nos últimos anos. “O Estado é muito rico em ativos digitais, há muitos dados oriundos da Nota Fiscal (NF-e) que podem ser explorados, possibilitando a geração de renda e empregos”, destacou Hélcio Tokeshi.
“As grandes oportunidades de modernização estão nas interfaces de criar coisas novas e reduzir ineficiências. As instituição públicas continuarão existindo, mas só serão perenes se forem jovens, por isso precisamos trabalhar para inovar”, afirmou Tokeshi.
A comemoração dos 75 anos do IEA é de grande relevância em um País onde poucas instituições se mantém por décadas ou séculos, como observou o coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Orlando Melo de Castro, lembrando as entidades irmãs do instituto, como os centários Instituto Agronômico (IAC-APTA) e Instituto de Zootecnia (IZ-APTA), que completaram nesta ano, 130 e 114 anos, respectivamente. “Nossa função é gerar conhecimento, tecnologia e inovação e temos buscado parcerias com a iniciativa privada”, afirmou.
De acordo com Castro, 21% da captação de recursos para as instituições já provém da parceria com o setor privado. “Com o Decreto nº 62.817, de 4 de setembro deste ano, demos mais um passo na facilitação da aplicação da Lei do Inovação, para mantermos um relacionamento saudável e seguro com as demais instituições”, afirmou o coordenador da APTA.
Para Rubens Rizek, ao mesmo tempo em que as instituições de pesquisa ganham autonomia nesse processo, a nova postura destaca a importância da busca por parcerias, para que em 2018, 25% da captação de recursos ocorra por meio dos projetos conjuntos com o setor privado.
Inovações
Além da elaboração do Índice, o diretor do IEA anunciou que a instituição desenvolverá outros projetos como a coleta diária de preços de alimentos orgânicos e de pescados na capital, contribuindo para fomentar diversas culturas e desenhar um melhor cenário dos itens que compõem o cardápio do paulistano. “O IEA foi pioneiro na pesquisa socioeconômica, na produção e disseminação do conhecimento, que é a infraestrutura da sociedade contemporânea e isso deve ser renovado de modo contínuo”, explicou o diretor da instituição.
A comemoração pelos 75 anos do IEA marcou ainda a inauguração da sala Ruy Miller Paiva, que leva o nome do fundador da instituição e recebeu novos equipamentos para ampliar o alcance dos cursos, seminários e debates oferecidos. A sala conta agora com uma lousa digital, que traz maior dinamismo às apresentações e em breve possibilitará a realização de videoconferências. “Será possível, por exemplo, realizar a transmissão de cursos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq)”, destacou Celso Vegro.
Também foi anunciada a criação da Medalha Ruy Miller Paiva, honraria que deverá ser concedida a pesquisadores e lideranças do setor cujas ações se relacionam com os estudos e pesquisas produzidos no IEA. “São Diversas ações em benefício da capacitação, treinamento, e difusão de conhecimentos para a sociedade”, finalizou Vegro.
Por: Paloma Minke
Fotos: João Luiz (disponíveis neste link)