bannergov2023 
×

Aviso

There is no category chosen or category doesn't contain any items

APTA compila dados e disponibiliza informações sobre quebra de dormência de 145 espécies nativas

Pesquisadores da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que atuam na Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), desenvolveram um guia prático para ajudar agricultores e viveiristas a produzirem mudas de espécies nativas com eficiência e agilidade. O objetivo do trabalho é reunir em um único documento, de forma prática, técnicas para a quebra de dormência. Ao todo, a APTA reuniu informações de diferentes autores sobre o nome popular, científico e as técnicas de quebra de dormência de 145 espécies nativas. Clique aqui para acessar o documento.
A dormência é um processo que retarda ou impede a germinação das sementes e consiste em um mecanismo evolutivo, destinado a resguardar a perpetuação da espécie, mantendo-as viáveis por longo período de tempo, germinando de forma esparsa sobre determinadas condições de temperatura, luz e disponibilidade de água. “A maioria das espécies florestais nativas necessitam de quebra de dormência para que haja germinação, mesmo em condições favoráveis”, explica a pesquisadora Maria Teresa Vilela Nogueira Abdo.
Maria Teresa, que atua no Polo Regional Centro Norte, e Eliane Gomes Fabri, do Instituto Agronômico (IAC), compilaram informações de 145 espécies nativas florestais e as reuniram em um documento para ajudar na transferência de tecnologia aos agricultores. O guia conta com informações de espécies como dendê, flamboyant, carvalho do Brasil, jatobá, sapucaia e guaraná, dentre outras. As informações reunidas pela APTA são de pesquisadores da área de silvicultura, proveniente de diferentes centros de pesquisa, como o Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (IPEF), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Instituto Refloresta.
A necessidade da publicação do material surgiu com a realização dos cursos de capacitação em produção de mudas do projeto “Capacitação para produção de mudas e fomento de projetos de reflorestamento". O projeto é realizado pelo Polo Centro Norte da APTA, em Pindorama, em parceria com a ONG Centro de Estudos Agroambientais de Pindorama (Capin), com recursos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro). As principais atividades foram cursos de capacitação voltados para o crescimento de espécies de Mata Atlântica e projetos de florestamento, produção de mudas e doação.
“Os dados compilados têm o objetivo de contribuir para atividades práticas de produtores e viveiristas da área de espécies florestais. As ações recomendadas são, muitas vezes, complementares ou semelhantes e para que a quebra de dormência seja eficiente, na maioria das vezes, um dos processos já é suficiente”, afirma Maria Teresa. A pesquisadora da APTA explica que a escolha do procedimento fica a cargo do viveirista, que precisa avaliar as condições disponíveis em seu ambiente de trabalho.
De acordo com Maria Teresa, no campo, muitas situações se encarregam de eliminar os fatores que induzem à dormência, como a passagem pelo trato digestivo de aves ou animais, formação de clareiras com entrada de luz e o frio do inverno, por exemplo. “Porém, para a produção de mudas comerciais, esse processo natural pode inviabilizar a atividade e é necessário acelerar a germinação com as chamadas técnicas de quebra de dormência”, afirma.
A produção de mudas de espécies nativas é importante para a restauração ambiental. Segundo a pesquisadora da APTA, o trabalho de recomposição florestal tem seu início na produção de mudas de qualidade. Empreendimentos nesta área requerem base técnica consistente, com disponibilidade de sementes viáveis e de boa qualidade, além de condições adequadas para a produção de mudas. “A grande diversidade de espécies florestais e nativas presente em nossas matas tropicais nos remete a um cenário muito diverso sobre a orientação adequada para a germinação de cada uma delas. A quebra de dormência requer conhecimento específico para obter sucesso na produção de mudas de qualidade”, explica.
Os tipos de dormência são divididos em tegumentar, com resistência das partes externas da semente ou do fruto à entrada de gases líquidos; fisiológica, em que o embrião bem desenvolvido e dormência é provocada por processos fisiológicos e ausência de substâncias essenciais; morfológica, com embrião pouco desenvolvido, exigindo condições especiais para seu desenvolvimento; e combinada, em que um ou mais fatores podem estar presentes.
“Este trabalho engloba a geração e transferência de tecnologia e conhecimento aos agricultores, para melhorar seu trabalho, uma orientação do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin”, afirma Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Técnicas para a quebra de dormência
De acordo com Maria Teresa, as técnicas mais utilizadas para a quebra de dormência das espécies nativas são: escarificação química e mecânica, imersão em água quente ou choque térmico, imersão em água fria e em água corrente, estratificação a frio, alternância de temperatura e quebra de dormência combinada.
Na escarificação química, ocorre a imersão das sementes em substâncias abrasivas, que promovem a corrosão do tegumento, sem danificá-los por um período e temperatura variável, conforme o tipo da semente. Na escarificação mecânica, dá-se o processo de raspagem da semente para que o tegumento seja desgastado, tornando-se permeável à água e ao oxigênio.
No caso da imersão, é possível colocar a semente em água quente ou fria ou ainda em uma sequência de temperaturas diferentes para dar um choque térmico e realizar a lavagem e remoção de substâncias químicas, que inibem a germinação, seguida de imersão em água corrente.
“A estratificação a frio é um método utilizado em casos de dormência em que o embrião se encontra imaturo e as sementes são mantidas em temperaturas entre 5ºC e 10ºC, por um período que pode variar de 15 dias a seis meses, estimulando a produção do hormônio de crescimento”, explica a pesquisadora.
A técnica de alternância de temperatura consiste na germinação de sementes em substrato umedecido, em temperaturas alternadas a 20ºC, por oito horas, a 30ºC ou 35ºC, por 16 horas. O modo combinado é usado para quebra de dormência tegumentar e embrionária. Neste, o produtor deve submeter as sementes a dois processos de quebra, iniciando-se pela quebra da dormência tegumentar.
Transferência
O projeto “Capacitação para produção de mudas e fomento de projetos de reflorestamento”, desenvolvido pela APTA, realizou módulos de capacitação com aulas teóricas e práticas de novembro de 2010 a junho de 2014. As aulas foram ministradas por pesquisadores da APTA sobre conceitos de restauração ecológica, processo de sucessão ecológica das florestas, demarcação de árvores selecionadas para a coleta de sementes, germinação princípios e produção de mudas. As ações visavam, principalmente, às cidades que fazem parte do "Programa SOS Rio São Domingos". Em quatro anos de projeto, mais de 300 agricultores, estudantes e técnicos foram treinados, oriundos de 22 municípios.
Entre 2010 a 2015, foram distribuídas 24.880 mudas para fins de reflorestamento e os locais de plantio foram georreferenciados para um controle de florestas plantadas área de aumento no Estado de São Paulo.
Por Fernanda Domiciano
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
Assessoria de Comunicação
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios
(19) 2137-0616/613

Notícias por Ano