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Ensaios de café consorciado com macadâmia da APTA atraem pesquisadores estrangeiros

Um grupo de estudantes do curso de agronomia da Kansas State University (KSU), dos Estados Unidos, visitou campo experimental do Polo Regional de Bauru da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), para conhecer o plantio consorciado de macadâmia com café. O estudo inédito desenvolvido pela Agência mostra que em condições irrigadas, o salto da produtividade do café foi de 60% e o de macadâmia de 251%, em relação aos cultivos solteiros não irrigados.
A visita foi realizada em 5 de janeiro de 2017, no município de Dois Córregos, interior paulista. Os estudantes e professores vieram ao Brasil para conhecer algumas culturas tropicais. “Além do reconhecimento internacional pela qualidade das nossas pesquisas, essa visita possibilitou uma intensa troca de informações entre os integrantes de cada unidade e estreitou o relacionamento entre as instituições envolvidas, criando espaço para trabalhos em cooperação”, afirma Marcos José Perdoná, pesquisador responsável pelas pesquisas com o consórcio.
A pesquisa tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e é realizada em conjunto com Rogério Peres Soratto, pesquisador da Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), que participa dos ensaios desde 2010 e também esteve presente na visita.
Para os professores Chuck Rice e Nathan Nelson, da KSU, o consórcio oferece uma diversificação de renda e ajuda ao fluxo de caixa do produtor nos primeiros anos de cultivo.
Vantagens do consórcio
De acordo com Perdoná, a rentabilidade insatisfatória do café, ocasionada por produtividade insuficiente, ocasiona uma situação de insustentabilidade em boa parte da cafeicultura paulista. “O estudo avaliou o crescimento e produtividade do café arábica em monocultivo e consorciado com macadâmia, com e sem irrigação, assim como avaliou a rentabilidade e o período de retorno desses cultivos para as condições paulistas. A pesquisa fornece importantes informações que podem colaborar na viabilidade da cafeicultura no Estado”, esclareceu o pesquisador.
A explicação para o aumento expressivo na produtividade do café está na arborização das plantas, proporcionado pelas árvores de macadâmia, que protegem das ações do calor e vento, que provocam abortamento de flores e ferimentos nas folhas. “O cafezal sofre muito com a ação dos ventos. O uso da macadâmia pode diminuir em 72% a velocidade dos ventos e em 2,2ºC a temperatura média do ar. Além disso, o uso da irrigação é decisivo na produtividade das lavouras de café no Estado”, diz Perdoná.
Outra justificativa para o ganho da produção do café está na ciclagem de nutrientes. As raízes da macadâmia, mais profundas que as do cafeeiro, resgatam nutrientes que já estavam perdidos. Com a queda e decomposição das folhas, há o aumento da matéria orgânica e de nutrientes disponíveis, melhorando ambiente para o cafeeiro. O pesquisador alerta que o ambiente mais úmido também pode causar alguns problemas na produção, como o aumento da ferrugem e broca do café.
Além das vantagens da árvore da macadâmia para a cultura do café, o consórcio também traz benefícios para o cultivo da nogueira, que aproveita as condições de fertilidade e sombreamento do solo, para um maior desenvolvimento radicular e consegue atingir maior crescimento e antecipação da produção.
A principal dificuldade enfrentada para a expansão da macadâmia no Brasil é o elevado período de retorno do investimento – a noz começa a produzir depois de cinco anos e apenas quando atinge 12 anos tem produção rentável, de 15 quilos de noz por planta. Quando consorciada com o café irrigado, a cultura começa a produzir dois anos mais cedo e aos três anos já tem produção comercial. “O uso de tecnologias, como o cultivo consorciado e a irrigação, é a melhor alternativa para solução deste problema”, afirma o pesquisador.
Os resultados de nove anos de pesquisas mostram que a produtividade da amêndoa, em relação ao sistema de cultivo de macadâmia solteira foi 51%, 176% e 251% superior para os sistemas consórcio macadâmia-café, sequeiro, macadâmia solteira irrigada e consórcio macadâmia-café irrigado, respectivamente.
A produção mundial de macadâmia é em torno de 160 mil toneladas anuais. O Brasil produz seis mil toneladas por ano, sendo São Paulo o maior produtor, responsável por 35% do volume nacional, e maior processador da noz. Cerca de metade da produção nacional é consumida internamente e o restante é exportado.
A macadâmia é a segunda noz mais cara do mundo – perdendo apenas para a noz pinoli, usada para fazer molho pesto. Além disso, com a alta do dólar, o produto é ainda mais atrativo, já que possui ampla venda no mercado externo. Perdoná explica que o preço da safra da macadâmia vem crescendo ano a ano. De acordo com ele, em 2013, o quilo da noz custava R$ 3,50; em 2014 passou para R$ 5,00; em 2015 para R$ 6,50; e em 2016 atingiu R$ 8,00.
Para o secretário de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim, a pesquisa dá mais uma opção para o agricultor complementar e antecipar sua renda. “Uma das orientações do governador Geraldo Alckmin é justamente melhorarmos, por meio da pesquisa científica, a condição de vida no campo”, pondera.
Como conduzir as duas culturas?
Normalmente, a implantação do consórcio pode ser feita em três situações. A primeira delas, quando o cafeicultor quer arborizar seu cafezal e ter mais uma fonte de renda, podendo implantar a macadâmia no cafezal já existente. Outra opção é quando o produtor quer produzir macadâmia e implanta o café para pagar os investimentos iniciais da produção do pomar da noz. Depois que a macadâmia começa a produzir, o agricultor pode retirar o café do campo.
O produtor pode, porém, iniciar sua produção consorciando as duas culturas e conduzi-las em conjuntos. Para isso, a APTA elaborou o arranjo de plantas adequado para o cultivo integrado dessas duas culturas. Segundo Perdoná, a ideia é ter duas linhas de café solteiro e uma linha com seis plantas de café e uma de macadâmia. “Com isso, por hectare, teremos quatro mil pés de café e 200 árvores de macadâmia”, explicou. Nesse sistema, há a possibilidade de fazer a mecanização de todas as operações.
Por Fernanda Domiciano
Assessoria de Imprensa – APTA
19 2137-8933

 

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