Data da postagem: 09 Março 2007
Os laticínios brasileiros estão travando uma luta pelo produto
De um lado, as indústrias de leite fluído e de outro, as de leite em pó. Com uma disputa maior pelo leite, o preço ao pecuarista subiu e a estimativa é que, nos próximos dias, ocorra repasse ao consumidor.
Em média, as cotações do leite longa vida, principal forma de consumo do produto, devem ficar até 10% mais caras. "Nunca tivemos uma tendência tão acentuada de reação de preço. O setor está bastante pressionado há muito tempo e estamos sem margem", diz Nilson Muniz, diretor-executivo da Associação Brasileira de Leite Longa Vida (ABVL ).
Segundo ele, a produção não se expandiu como se esperava - exceto no Rio Grande do Sul. Além disso, houve um aumento expressivo no preço internacional, o que estimula a exportação, mesmo com o real valorizado. Segundo dados do Conselho Nacional da Indústria de Laticínios (Conil), em um ano, o preço do leite em pó no mercado externo valorizou-se 40%, chegando a US$ 3,1 mil a tonelada.
"Algumas empresas que têm mercado conquistado lá fora, buscaram mais leite in natura", argumenta Cícero de Alencar Hegg, vice-presidente do Conil. No mês passado, os preços pagos aos produtores foram 2,32% maiores, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), enquanto a produção caiu 2,88%.
O pesquisador Gustavo Beduschi diz que além da queda na captação no início do ano, durante todo 2006 a produção foi menor. Retirando a safra gaúcha, a captação brasileira foi 0,72% menor. Considerando o leite do Rio Grande do Sul, foi 1,85% maior.