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IZ aborda novas alternativas para controle da verminose e resistência de vermes em ruminantes

A verminose ainda é a doença de maior ocorrência nos criatórios de ovinos de todo o Brasil. Para incentivar o desenvolvimento de novas técnicas de controle da doença, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto de Zootecnia (IZ-APTA), realizou o curso “Atualização no controle da verminose em ruminantes”. O evento, realizado em 25 de julho de 2016, reuniu cerca de 50 pessoas entre técnicos, produtores e estudantes.
A verminose é um dos principais problemas sanitários que atinge os ruminantes. Esse fenômeno ocorre em todo o mundo, assim como no Brasil. Sua dificuldade de controle ocorre devido à rapidez com que os nematoides (vermes que possuem o corpo em formato cilíndrico) desenvolvem resistência aos anti-helmínticos, assim como ao uso indiscriminado de produtos químicos, ocasionando queda na produção, diminuição de ganho de peso e a mortalidade.
O secretário da Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim, destacou que o IZ tem trabalhado para desenvolver um controle alternativo, estudando raças e animais mais resistentes à verminose, alimentos que podem ter um efeito vermífugo e substâncias extraídas de plantas – óleos essenciais – que possam ter ação direta sobre os vermes. “São pesquisas promissoras que buscam atender aos pequenos e médios produtores, seguindo as diretrizes do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para difusão da ciência e tecnologia para o campo”, afirmou.
Até o momento, o resultado tem sido mais promissor com as raças de animais mais resistentes. De acordo com a coordenadora do curso, Cecília José Veríssimo, pesquisadora do Centro de Genética e Reprodução Animal do IZ, hoje o instituto cria as raças de origem nacional Santa Inês e Morada Nova, que apresentam relevantes resultados.
“A resistência dos vermes aos vermífugos é o principal entrave à criação de ovinos e o mesmo fenômeno está acontecendo com os bovinos, razão pela qual é necessário obter informações atualizadas sobre o controle da verminose em ambas as espécies”, destacou Cecília.
Uma das soluções para pequenos ruminantes é o tratamento seletivo – somente tratar com o vermífugo o animal que apresenta sintomas –, pois, de acordo com Cecília, apenas uma pequena parte da população é susceptível e apresenta os sinais clínicos da verminose, mantendo o maior número de parasitas. “Então, se eu trato esses animais diagnosticados, todo o rebanho se beneficia”, disse.
Na palestra “A situação atual da resistência anti-helmíntica em ovinos”, a pesquisadora Simone MéoNiciura, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), enfatizou a resistência dos vermes no mundo, principalmente no Brasil, e apontou algumas medidas que o produtor deve focar para diminuir e retardar a resistência.
“O produtor deverá cuidar bem do animal, conhecendo o vermífugo que utiliza na propriedade e por quanto tempo é eficaz, além de outras medidas de manejo do rebanho que irão colaborar para que se tenha maior tolerância aos parasitas, diminuindo a incidência de doenças”, ressaltou Simone.
Método 
A pesquisadora do Centro de Genética e Reprodução Animal do IZ explicou que foi desenvolvida, por pesquisadores da África do Sul, uma cartela de cores denominada cartão Famacha®. “A utilização deste cartão, como fator de decisão no tratamento dos animais com hemoncose e é perfeitamente possível.”
O cartão se espalhou no mundo como forma de diminuir o número de aplicações de vermífugos em ovinos, aonde o problema da resistência é antigo e muito espalhado, inclusive no Brasil, existindo relatos em todos os Estados do País, nos quais foi observado o fenômeno. Entretanto, é preciso um treinamento para demonstrar como expor de modo correto a conjuntiva ocular, para análise comparativa com a tabela de referência.
Em relação aos bovinos, de acordo com a pesquisadora, a melhor alternativa para o problema da resistência é saber qual vermífugo está funcionando melhor na propriedade. Para isso, é necessário fazer exames das fezes, antes e dez dias depois da vermifugação.
“Muitos produtores estão perdendo dinheiro, já que dão aos seus animais vermífugos que não têm mais ação contra os parasitas de sua propriedade. Vale destacar que um produto que faz efeito em uma propriedade, pode não ter o mesmo efeito na do vizinho, já que o histórico de vermifugação e o histórico dos animais são diferentes”, pontuou Cecília.
Nutrição
Na abordagem sobre “Nutrição e verminose”, o pesquisador do IZ, Mauro Sartori Bueno, especialista em nutrição animal, focou a suplementação proteica e as exigências nutricionais na dieta dos animais para auxiliar no controle da verminose – uso de proteínas e alimentos com alto teor proteico. Ele apresentou meios corretos de fornecer a ureia, que em quantidades erradas tem potencial tóxico. E chamou a atenção para o planejamento anual para conservação de forragens em época de carência.
“Um bom meio de uso da ureia é a mistura com sal”, disse Bueno, ao explicar que o produto é uma fonte de sódio muito procurada pelos animais. E também apresentou, por exemplo, uma fórmula de mistura múltipla – sal branco, sal mineral, farelo de soja e ureia. “A mistura pode ser deixada à vontade com baixíssimo risco de problemas, fácil manuseio e baixo custo – o alimento atrairá os animais, porém eles não consumirão em excesso”, explicou.
Como regra básica para alimentar corretamente o rebanho, o pesquisador apresentou os principais alimentos proteicos, os concentrados e volumosos e as exigências nutricionais das diferentes categorias de ovinos. “Os animais devem ser separados por idade e estado produtivo”, destacou o pesquisador.
Outro fator importante é o uso de plantas leguminosas que produzem vagens – soja, feijão gandu, Leucena, amendoim –, que têm um custo de produção mais barato e eficiente, pois não necessitam de adubos nitrogenados, um dos insumos mais caros para produção.
Bueno ainda enfatizou a possibilidade do uso de antioxidantes na dieta de animais, que podem colaborar com a diminuição de problemas crônicos, como infecções e inflamações. “Podemos citar a Vitamina E, o Selênio, os pigmentos carotenoides e os polifenois – substâncias encontradas em plantas, que diminuem os radicais livres, e que podem melhorar a eficiência produtiva e ajudar a minimizar inflamações.”
Prática
Com a supervisão dos pesquisadores da Instituição Cecília José Veríssimo, Mauro Sartori Bueno e Luciana Morita Katiki, logo após as palestras, os participantes conheceram o Sistema intensivo de produção de ovinos do IZ e na prática realizaram a avaliação da mucosa ocular pelo método Famacha©, a avaliação da condição corporal, dentição e colheita de fezes para exame em ovinos.
Os participantes aprenderam a avaliar a mucosa ocular para realizar tratamento seletivo dos ovinos – somente receberá tratamento o animal que estiver com problema. Dessa forma, deixa-se de utilizar vermífugo em todo o rebanho – além da economia no sistema, ajuda a retardar a resistência aos antiparasitários.
Para Bruna Zanini Uzan, estudante em agronomia, o curso foi muito esclarecedor e importante para alertar os profissionais a orientar produtores sobre riscos e efeitos do uso discriminado de anti-helmínticos. “Além de ser muito interessante a abordagem sobre a técnica do Famacha© e a prática no campo para avaliar a condição corporal do animal”, destacou.
Já o veterinário de Campinas, Luis Gustavo Pelissoni, que também trabalha com pesquisa e desenvolvimento de medicamentos, disse que participou pela primeira vez de curso no IZ, e considerou importante o conhecimento adquirido, principalmente pela possibilidade de compreender as necessidades do mercado e aplicar as informações na empresa. “Podemos atender melhor a demanda do produtor e também estabelecer parcerias interessantes com o instituto de pesquisa”, reforçou.
Por Lisley Silvério
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Assessoria de Imprensa
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(19) 3466.9434
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