Aumentar a renda e a produtividade é o sonho dos agricultores e pecuaristas. Mas para que isso aconteça é necessário investir em tecnologia e em técnicas de manejo. O pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Ricardo Dias Signoretti, dá algumas dicas para que os produtores de leite melhorem a qualidade da pastagem e, consequentemente, deem um salto na produção e nos lucros.
Signoretti explica que para obter uma eficiência elevada, o produtor deve seguir algumas regras básicas: trabalhar com vacas especializadas, realizar o manejo sanitário, reprodutivo e nutricional de forma adequada, oferecer conforto animal e gerenciar a propriedade de forma eficiente.
“Todos esses requisitos devem estar em equilíbrio para a vaca produzir eficientemente e os mesmos são igualmente importantes no sistema de produção. Porém, eles não são seguidos na maioria das fazendas produtoras de leite no Brasil, sendo a nutrição o ponto mais deficiente”, afirma o pesquisador. A alimentação do rebanho representa de 40% a 60% dos custos total de produção.
A adoção de sistemas de pastejos rotacionados intensivos é uma opção para os produtores, pois permite o aumento no número de animais lotados por hectare. Com o sistema, é possível alcançar lotação de pastagem de seis a 10 vacas por hectare, durante 180 a 200 dias por ano, sem irrigação da pastagem.
“Quando conciliadas a uma produção de alimento conservado para a época da seca, como silagem de milho, sorgo, capim ou cana-de-açúcar, é possível aumentar de forma significativa a produção de leite por animal por área. Nesses sistemas de produção, manejados intensivamente, é possível obter mais de 20 mil quilos de leite por hectare por ano, tornando a atividade leiteira altamente competitiva e lucrativa em relação às demais cadeias agropecuárias”, afirma. No sistema tradicional, em média, a produção varia de 1000 a 1500 quilos de leite por hectare por ano.
Para garantir bons resultados, de acordo com o pesquisador da APTA, o pasto precisa ser tratado como uma área de cultura, em que são atendidas suas exigências de fertilidade do solo e feito o manejo racional. “A adubação de pastagens, muitas vezes, é considerada onerosa pelos produtores de leite, mas quando feita de forma eficiente, propicia a produção de um alimento de boa qualidade e baixo custo”, explica Signoretti.
Segundo o pesquisador, geralmente, o custo da adubação para os 200 dias da época das águas fica em torno de R$ 1,00 a R$ 1,25 por vaca por dia, o que representa cerca de 0,90 a 1,2 quilos de leite por vaca por dia. O período das águas ocorre de outubro a março, na região sudeste. “As vacas alimentadas com forragens de pastagens fertilizadas e suplementadas com quantidades moderadas de concentrado, conforme a sua produção e estágio de lactação, podem produzir de quatro a seis mil quilos de leite em 305 dias de lactação”, justifica.
Pesquisa desenvolvida no Polo Regional de Colina da APTA mostrou que uma pastagem de alta qualidade contém 19,4% de proteína bruta, contra 9% do nutriente encontrado na composição de um pasto de menor qualidade, na época das águas. Além do aumento da proteína bruta, o custo alimentar por quilo de leite em um pasto de maior qualidade foi de R$ 0,58, valor inferior aos R$ 0,69 alcançado no pasto de menos qualidade.
Para Signoretti, na época das águas, é preciso ajustar a composição do concentrado e adicionar fontes energéticas, ricas em carboidratos não fibrosos, como o milho moído ou a polpa cítrica, pois o que falta nesse tipo de dieta é energia e não proteína.
“Nas pastagens de menor qualidade, o que falta é proteína. Sendo assim, os produtores de leite devem investir na correta formação e manejo racional de pastagens para que os resultados na produção, na reprodução e nos custos por litro de leite sejam lucrativos e competitivos no mercado”, avalia.
Segundo Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, o aumento da produtividade passa pela necessidade de adoção de novas tecnologias. “Uma das recomendações do governador Geraldo Alckmin é melhorarmos a produção e a renda do homem do campo. Desenvolver e transferir tecnologias são fundamentais para atingirmos esses objetivos”, afirma.
Por Fernanda Domiciano
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