Pecuaristas de todo o País participarão do I BeefDay – Ciência a favor do campo, que discutirá o conceito de produção do Boi 7.7.7, desenvolvido pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Polo Regional de Colina, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA). O evento, que será realizado em 18 de agosto de 2016, em Colina, interior paulista, reunirá mais de mil pecuaristas que poderão participar de palestra sobre o sistema e atividades práticas em sete dinâmicas de campo. O sistema do Boi 7.7.7, desenvolvido pela APTA, reduz em 30% o tempo para criar gado de 21 arrobas, proporcionando lucro rápido ao produtor e melhorando a qualidade da carne para o consumidor.
O sistema de produção desenvolvido pela pesquisa paulista tem ganhado o País e já é adotado por produtores dos Estados de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Goiás, Minas Gerais, Paraná e Rondônia – principais regiões produtoras de gado de corte no Brasil. O sistema trabalha metas para que o animal ganhe sete arrobas na cria, sete na recria e sete na terminação, totalizando 21 arrobas em dois anos, no momento do abate. No sistema tradicional, são necessários, no mínimo, três anos para o animal atingir 18 arrobas. Além da produção precoce, a tecnologia pode aumentar em 30% os lucros dos pecuaristas.
Durante o I BeefDay, pesquisadores da APTA e de instituições parceiras transferirão esses conhecimentos aos pecuaristas paulistas e brasileiros. O pesquisador da Agência, Flávio Dutra de Resende, falará sobre a recria do Boi 7.7.7 e os erros mais comuns cometidos pelos pecuaristas nesta etapa. Segundo o pesquisador, a recria é a fase que vai do desmame do animal até a sua terminação. A meta é que ela seja feita em um ano no sistema 7.7.7, quando nos sistemas tradicionais de produção, leva dois anos.
“A antecipação dessa etapa resulta na produção de um animal mais novo e, consequentemente, com um giro mais rápido. Enquanto no sistema tradicional o produtor faz um giro em três anos, no 7.7.7 é possível fazer um giro e meio neste período”, afirma Resende. O giro é o período que vai do início da produção até o momento de abate.
O pesquisador aponta que um dos erros mais comuns nesta fase é a questão nutricional. “Normalmente, o produtor coloca o animal a pasto e completa com alimentação mineral. Ou então resolve fazer uma complementação mais pesada no período seco, mas depois não dá as condições necessárias para o ganho de peso do animal na fase seguinte. No sistema 7.7.7 isso não pode ocorrer, senão a meta não é cumprida”, explica.
Tecnologia pode ser usada por pequenos, médios e grandes produtores
O sistema de produção proposto pela APTA pode ser usado por pequenos, médios e grandes produtores rurais. Durante o I BeefDay, o pesquisador da APTA, Gustavo Rezende Siqueira, apresentará as estratégias para terminação do Boi 7.7.7 a pasto. A terminação é o último estágio de produção do gado de corte antes do abate e é neste momento que o animal ganha gordura.
No sistema do Boi 7.7.7 a estratégia é que o animal ganhe sete arrobas nesta fase, com duração de 115 dias. “O animal precisa ganhar, no mínimo, 875 gramas por dia para que esta meta seja alcançada”, afirma Siqueira.
Durante o evento, o pesquisador ensinará aos produtores como conseguir esse ganho de peso no pasto. “O pasto é um sistema de maior facilidade para o produtor e, diferentemente do sistema de confinamento, mais usado por grandes produtores, pode ser adotado pelos pequenos, médios e grandes pecuaristas”, explica.
O evento contará ainda com outras cinco dinâmicas de campo, propostas por pesquisadores parceiros da APTA. A programação completa pode ser acessada no link http://beefday.com.br/programacao.html
Ideal para quem produz, processa e consome carne bovina
Segundo o gerente-executivo de compra de gado da Minerva Foods, Fabiano Tito Rosa, a conceito do Boi 7.7.7 é ideal para quem produz, processa e consome carne bovina. “Acreditamos tanto no conceito que, com o apoio técnico da APTA, desenvolvemos um programa de extensão, chamado @+ Lucrativa, por meio do qual oferecemos suporte técnico e adiantamento dos recursos necessários para a aquisição de suplementos ou da ração para a recria-engorda dos animais” afirma Rosa. O objetivo do programa é a produção de machos com 18 arrobas acima, 30 meses abaixo e cobertura (terminação) mediana.
A tecnologia da APTA viabiliza também a produção de animais inteiros, ou seja, não castrados, mas com boa gordura de cobertura. Este ganho conserva melhor a carcaça no processo de refrigeração. De acordo com Resende, no sistema normal de criação, o animal inteiro engorda mais rápido, porém a camada de gordura de cobertura — importante para a proteção da carcaça durante o resfriamento — é menor. O pesquisador da APTA explica que, nos frigoríficos, a carcaça é conservada em câmeras refrigeradas e se a camada de gordura de cobertura for mais fina, a carne fica enrijecida.
“É a mesma coisa que acontece com a gente. Por exemplo, se estamos sem camisa e entramos em uma sala com ar condicionado a 17ºC, tendemos a encolher de frio. Agora, se estamos mais bem agasalhados e entramos nesse ambiente, não temos esse problema. A gordura de cobertura é importante para proteger a carne”, exemplifica.
Para o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, a tecnologia atende as diretrizes do governador Geraldo Alckmin. “Este trabalho mostra a importância da pesquisa científica para o aumento da produtividade no campo. Tecnologias como essa melhoram a renda do produtor rural, a qualidade do produto para o consumidor e fomenta toda a cadeia de produção”, afirma.
A redução do tempo de produção também traz benefícios para os consumidores, que podem ter acesso a carnes com melhor qualidade, incluindo sabor e maciez, além de coloração mais atrativa. “O consumidor escolhe o produto na gôndola do mercado pela cor. Quanto mais velha a carne, mais escura, o que gera desinteresse. A carne mais nova é melhor em tudo, em comparação com a velha”, afirma Resende.
Na avaliação do coordenador da APTA, Orlando Melo de Castro, como entidade gestora e executora da pesquisa agrícola, é necessário nortear as ações a fim de atender às necessidades das cadeias de produção, que só podem ter êxito se tiverem seus produtos bem aceitos pelos consumidores. “No caso da pecuária, é necessário produzir considerando a qualidade exigida pelo mercado, a sanidade dos rebanhos e a viabilidade econômica, além de minimizar os impactos ao ambiente. Nesse cenário, a tecnologia do Boi 7.7.7 atende a todos os quesitos. É uma grande contribuição da APTA a um setor altamente relevante para a economia nacional”, avalia Castro.
A nova tecnologia também traz ganho ambiental, pois a precocidade na produção de gado significa menor emissão de gás metano à atmosfera.
SERVIÇO
I BeefDay – A ciência a favor do campo
Data: 18 de agosto de 2016
Horário: das 8h às 13h
Local: Polo Regional de Colina da APTA
Endereço: Av. Rui Barbosa, s/nº, Colina – SP
Por Fernanda Domiciano
Assessoria de Imprensa – APTA
(19) 2137-8933