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Apta Regional pesquisa uso inédito da macaúba em sistemas integrados de produção

Emprego da palmeira será em sistemas do tipo ILPF direcionados à produção leiteira

Pesquisadores da Apta Regional de Pindamonhangaba, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP, estudam a utilização da palmeira macaúba (Acrocomia aculeata) como elemento central em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). A pesquisa inédita busca aliar o plantio da espécie, empregada na obtenção de óleos e resinas, com o de gramíneas voltadas à alimentação de gado leiteiro e o de espécies agrícolas. O resultado promete ser diversificação produtiva e maior sustentabilidade do sistema.

“O Vale do Paraíba passou por desmatamento constante, nos últimos anos, para o avanço da monocultura do café, da produção leiteira de baixa produtividade e da expansão urbana, que acabaram degradando a região”, conta o pesquisador da Apta Regional de Pindamonhangaba Sergio Canello Schalch, diretor da Unidade.

Segundo Schalch, os sistemas integrados de produção propostos poderiam ser inseridos, nesse cenário, como um recurso para retomar a capacidade produtiva dessas áreas degradadas e, ao mesmo tempo, recuperar suas características ecológicas.

O projeto visa difundir a cultura da macaúba como sistema de produção de óleos de maneira sustentável, oferecendo a oportunidade da implementação de um ‘segundo andar produtivo’ nas propriedades da região, apresentando uma opção de complemento à renda do produtor e permitindo que este ainda mantenha suas produções primárias, como a pecuária de leite e corte, bem como a agricultura possível nas entrelinhas de plantio da palmeira”, diz. A pesquisa é uma parceria da Apta Regional com a INOCAS – Innovative Carbon and Oil Solutions.

Integração traz renda e sustentabilidade

O coordenador do projeto, pesquisador Ricardo Dias Signoretti, explica que a busca por alternativas de produção agropecuária econômica, ecológica e socialmente sustentável, fundamentadas em tecnologias não agressivas ao meio ambiente, tem direcionado para o desenvolvimento de sistemas integrados de produção. “Os sistemas ILPF possuem potencial de confrontar as condições extremas do clima, principalmente frente às mudanças climáticas. Eles levam conforto térmico para os animais e reduzem o efeito da sazonalidade climática da produção. Há aumento no valor nutricional das plantas forrageiras e maior uniformidade da quantidade de leite produzida”.

Conforme explica, isso traz um aumento na qualidade da produção animal e mais segurança financeira e alimentar para a propriedade, a partir da diversificação e interação entres os componentes produtivos. No esquema produtivo avaliado, a macaúba pode ser incluída nos modelos com braquiária, com até 312 plantas/ha, oferecendo condições para o descanso, ócio e ruminação dos animais, evitando a erosão e melhorando a qualidade do solo pelo incremento de sua fração orgânica e de biomassa microbiana.

O especialista aponta que essa combinação de atividades (agrícolas, florestais e pecuárias) busca o uso racional dos recursos naturais e o aumento da rentabilidade por área de modo sustentável, além de permitir maior diversificação das atividades, minimizando os riscos de mercado. “O sistema permite também a rotatividade das culturas, possibilitando a recuperação de áreas degradadas e maior preservação ambiental, atrelado aos ganhos em produtividade, tanto nas culturas anuais (milho, sorgo, milheto, girassol, dentre outras), no pasto, no rebanho leiteiro e na palmeira macaúba”, comenta Signoretti.

O autor cita ainda a dimensão socioeconômica da pesquisa, com o impacto regional gerado pela implantação da nova cultura da macaúba, com geração de emprego e renda locais. “Podemos esperar o aumento da renda líquida e maior capitalização do produtor rural, possibilitando a fixação do homem no campo e melhor qualidade de vida”, finaliza.

Sobre a palmeira macaúba

Medindo até 25m, a macaúba pode ser encontrada em grande parte da América Latina, desde o norte do Paraná até o México. No Brasil, está presente nos biomas da Amazônia, da Mata Atlântica e sobretudo do Cerrado. Da planta pode-se aproveitar muitas partes, sendo a polpa dos frutos utilizada como ingrediente alimentício e as folhas, para confecção de redes. Os óleos podem ser obtidos da polpa e da semente, e tem sido estudada sua aplicação na indústria alimentícia, farmacêutica e de cosméticos, além de biocombustíveis. Das amêndoas, é possível obter grande quantidade de proteína cuja aplicação também tem aumentado em produtos alimentícios e rações animais, entre outros fins.

 

Por Gustavo Almeida e Lisley Silvério

Comunicação Apta/SAA - gsalmeida@sp.gov.br; lsilverio@sp.gov.br

 

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