As Mudanças No Câmbio E Nos Juros, Brasil, 1994-2006
Data da postagem: 18 Junho 2007
Um dos principais instrumentos usados pela política econômica, por meio das autoridades monetárias, para influenciar a disponibilidade e o custo do dinheiro e do crédito são as operações no mercado aberto. Essas operações consistem em transações com os títulos da dívida pública federal. As taxas de juros relativas às operações de mercado aberto refletem, basicamente, as condições instantâneas de liquidez no mercado monetário (oferta versus demanda de recursos). As taxas de juros SELIC representam o rendimento desses títulos, mais precisamente das Letras Financeiras do Tesouro.
As taxas de câmbio representam preços relativos relevantes para a competitividade externa e estabilidade interna. Mudanças na taxa de câmbio influenciam diretamente os preços dos produtos exportáveis que são cobrados no exterior. A política cambial influencia o balanço de pagamentos por meio da mudança do valor da moeda. As autoridades monetárias podem controlar a taxa de câmbio através da compra e venda de moeda estrangeira. Essas transações têm efeito semelhante às compras e vendas de títulos públicos no mercado aberto.
A política monetária tem dois efeitos sobre o financiamento das contas externas: elevam a disponibilidade de capitais de curto prazo, via atração de investimentos em renda fixa, e reduzem o tamanho do déficit em conta corrente, a partir de seus efeitos sobre o saldo das exportações líquidas1.
A flutuação cambial e a taxa de juros no Brasil foram analisadas por Sicsú (2002)2, para o período de janeiro de 1999 a abril de 2002. O autor conclui que os eventos econômicos sugerem que o Banco Central do Brasil reage elevando a taxa de juros, ou deixando de reduzi-la, quando o câmbio apresenta movimentos prévios de elevação de sua volatilidade, o que corresponde a uma tendência ascendente da taxa de câmbio. Então, afirma que a função de reação do Banco Central do Brasil, sob o regime de metas de inflação, possui basicamente um componente cambial, ou seja, a taxa de juros tem sido utilizada para controlar movimentos de capitais.
Diante disso, é interessante examinar a evolução da taxa de câmbio e da taxa de juros do Brasil com intuito de procurar identificar seu comportamento. A fonte de dados é o Banco Central do Brasil e a análise gráfica e do coeficiente de variação serão elaborados para o período de dezembro de 1994 a dezembro de 2006.
A evolução da taxa de juros referencial da economia brasileira, a SELIC, no período de dezembro de 1994 a dezembro de 2006, mostra que embora tenha havido uma grande oscilação no início da série, a taxa de juros decresce sucessivamente até agosto de 1997, ficando em 1,5859% ao mês. É seguido por uma fase de grandes oscilações, com a taxa alcançando um máximo de 3,3345% ao mês em março de 1999, vindo a retroceder e mudar seu ritmo em torno de outubro de 1999 com uma taxa de 1,3839% ao mês, quando a amplitude de variação da taxa de juros se reduz (Figura 1)