Secretaria de Agricultura e Abastecimento faz série a respeito de pragas urbanas para informar a população no momento em que essas pragas mais se proliferam
Elas estão nas árvores, nos móveis de madeira, nos livros da biblioteca e nos animais empalhados. Estamos falando das brocas, um inseto que perfura a madeira seca e úmida e os seus derivados para se alimentar e reproduzir. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo faz neste verão uma série de textos a respeito de pragas urbanas, que nesta época, por conta do calor e umidade, se proliferam de forma mais intensa.
Segundo o pesquisador do Instituto Biológico (IB-APTA) e diretor técnico da Unidade Laboratorial de Referência em Pragas Urbanas, Francisco José Zorzenon, existem vários besouros que causam sérios danos, sendo os principais deles as brocas de madeira seca e úmida, as de livros e as brocas de árvores.
As brocas de madeira seca são encontradas em residências, museus e bibliotecas e outras edificações, infestando objetos e peças de madeira como cadeiras, mesas, forros e estruturas da construção como vigas, madeiras do telhado, entre outros. “Esses besourinhos perfuram a madeira à procura de alimento e para se reproduzirem. Colocam ovos nos furinhos que fazem nas peças e ao nascerem, as larvas continuam a escavar a madeira, consumindo-a e deixando suas fezes”, explica.
O resíduo (fezes) deixado no ambiente, conhecido popularmente como “pó de broca”, é geralmente muito fino, parecendo talco, sendo um indicativo comum em peças infestadas. “É relativamente fácil distinguir os resíduos de brocas dos deixados por cupins de madeira seca, que são mais granulosos, bem mais “grossos” quando comparados aos deixados pelas brocas. As brocas de madeira seca não atacam as árvores vivas, apesar de muitas vezes serem encontradas em árvores mortas ou em partes secas delas”, afirma o pesquisador do IB.
Há também as brocas que atacam livros, desde a capa até o papel. Estes tipos de brocas são muito comuns em bibliotecas, museus e em residências e são chamados de besouros bibliófagos. “Também em museus é muito comum encontrarmos brocas atacando animais taxidermizados, popularmente conhecidos como empalhados. Estes insetos se desenvolvem nestes animais preservados nos mostruários, causando-lhes sérios danos ou até mesmo os destruindo totalmente, trazendo graves prejuízos para a cultura e a memória”, diz Zorzenon.
De acordo com o pesquisador do IB, existem ainda algumas espécies de brocas que atacam árvores e palmeiras vivas e que podem causar danos e prejuízos enormes à arborização urbana, podendo inclusive levá-las à morte. Zorzenon explica que as brocas que atacam as árvores podem ser de diversas ordens de insetos ou seja, de diferentes tipos, entre elas: besouros, vespas, mariposas e até mesmo moscas.
“Mas não são besouros, vespas, mariposas e moscas como aquelas conhecidas por nós, comuns em nossas residências. São espécies diferentes, especializadas em infestar árvores e palmeiras, completando seu ciclo biológico nas plantas hospedeiras”, alerta. Eles colocam seus ovos nas plantas e suas larvas, assim que nascem, fazem verdadeiros túneis, escavando e se alimentando dos tecidos vivos dos vegetais. “São espécies diferentes, especializadas em infestar árvores e palmeiras, completando seu ciclo biológico nas plantas hospedeiras”, afirma.
Nas árvores, os principais sintomas e deixados pelas brocas são: plantas com diversos furos no caule (tronco e estipe) e galhos (pequenos ou grandes), seiva escorrida, casca solta, “serragem” e o “pó de broca”. “As plantas quando atacadas, reagem à infestação, liberando grandes quantidades de seiva que escorrem e se acumulam muitas vezes no chão. Essa seiva, que parece uma “goma” de cores e cheiros característicos, dependendo da planta, pode deixar árvores ou palmeiras parecendo uma vela derretida. Outras deixam resíduos (parecendo serragem) junto ao local atacado, se acumulando na base das árvores”, alerta o pesquisador do IB.
Algumas brocas também são chamadas de serra-paus, que têm como hábito serrar ramos ou galhos finos de árvores para colocar seus ovos. São nesses galhos caídos que nascem as larvas que se desenvolvem em adultos depois de um tempo.
Quando a árvore ou o objeto é identificado como infestado com broca, a dica é enviar um e-mail para o pesquisador do IB (francisco.zorzenon@sp.gov.br), que poderá dar orientação. Se o caso for infestação em objetos de madeira, deve-se entrar em contato com uma empresa especializada em controle de pragas. “Museus e acervos históricos devem contratar empresas experientes, que saibam fazer o controle adequado sem causar danos às peças históricas e as estruturas do patrimônio”, alerta Zorzenon.
Segundo o pesquisador, peças e estruturas previamente tratadas estão menos sujeitas ao ataque por brocas de madeira. Deve-se fazer um monitoramento constante de palmeiras e árvores.
IB é referência em pragas urbanas
O Instituto Biológico é referência em pesquisas com pragas urbanas. O Instituto mantém em São Paulo a Unidade Laboratorial de Referência em Pragas Urbanas, que desenvolve estudos em métodos alternativos de controle de insetos utilizando extratos vegetais e radiação gama. A unidade de pesquisa elabora laudos de eficácia de novos produtos para registro no Ministério da Saúde, desenvolve metodologias de testes de eficiência de produtos comerciais para fins de comprovação de atuação e emite laudos e pareceres técnicos sobre identificação da(s) praga(s), grau de infestação e melhor técnica de controle a ser aplicado em residências, condomínios verticais e horizontais, parques, jardins, arborização urbana, entre outros.
Também são desenvolvidas pesquisas nas áreas de biologia, comportamento, taxonomia, levantamento, ocorrência e ecologia das principais pragas detectadas em áreas urbanas. Além dessas atividades, o grupo tem oferecido, com regularidade, cursos técnicos para controladores de pragas, técnicos em controle de pragas das Prefeituras Municipais, empresas particulares de serviços de jardinagem, produtores de mudas de plantas ornamentais, engenheiros agrônomos, biólogos, paisagistas, arquitetos, profissionais das áreas de museus, bibliotecas, conservação de patrimônios e restauradores, além de assessorar no treinamento de técnicos responsáveis por parques e jardins municipais no tocante à identificação de danos e controle, inclusive de outros estados.
Por Fernanda Domiciano
Assessoria de Imprensa – APTA
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