Produtores paulistas de leite, de maneira geral, já utilizaram todos os grupos químicos disponíveis para o controle do carrapato, ou seja, organofosforados, formamidinas (amitraz), piretróides (cipermetrina e deltametrina), lactonas macrocíclicas (avermectinas) e os fenilpirazóis (fipronil). É o que mostra levantamento inédito da resistência do carrapato do boi frente aos carrapaticidas, realizado em 2007 e 2008 pelo Laboratório de Parasitologia Animal do Instituto Biológico (IB-APTA), ligado a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
O trabalho foi fruto de parceria com o Laboratório de Parasitologia Experimental e Aplicada do Instituto de Ciências Biomédicas da USP e os seis Pólos Regionais da APTA, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Foram acompanhadas pequenas fazendas de gado de leite no interior do estado. Inicialmente foi feito um questionário para verificar os métodos que o produtor usa para controlar o carrapato, como a escolha do carrapaticida, produtos usados, modo e freqüência da aplicação. Também foram coletadas amostras de carrapatos para verificar a resistência em ensaios de laboratório.
A maioria dos produtores não possui critérios para a escolha do carrapaticida, diz a pesquisadora e coordenadora do trabalho Márcia Cristina Mendes. Eles seguem a indicação de vendedores ou vizinhos e fazem o tratamento somente quando visualizam os carrapatos.
O parasitismo dos bovinos pelo carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus é uma das principais causas de perdas econômicas na pecuária. Responde por prejuízos da ordem de um bilhão de dólares ao ano na América Latina e de sete bilhões de dólares no mundo, segundo estimativa da FAO em 2004. Os prejuízos são determinados pela diminuição do ganho de peso, da produção de leite e danos no couro provocados pelas picadas, além de transmitir o protozoário Babesia sp, agente causador do complexo Tristeza Parasitária Bovina, que pode levar à morte.
Para verificar a resistência, foram realizados testes usando as larvas dos carrapatos, a fim de se obter o nível de resistência aos produtos mais utilizados para o seu controle, conta Mendes. Os resultados mostram que os casos positivos para carrapatos resistentes aos piretróides foram altos em todas as regiões analisadas. Passaram de 83,33% em 2007 para 100% em 2008, no caso da deltametrina, e de 83,33% em 2007 para 84,21% em 2008 quando se considera a resistência à cipermetrina.
Para o organofosforado clorpirifós, o estudo aponta casos positivos de 50% em 2007 e 95% em 2008. Levando-se em consideração que a maioria das propriedades utilizou este produto durante o período do estudo, o aumento da prevalência da resistência já era esperado.
Para a ivermectina, a resistência ocorreu em 30% das fazendas analisadas, em 2007, e em 56,25%, em 2008. “Possivelmente, o aumento da resistência a essa droga está ligado ao seu uso como alternativa aos demais carrapaticidas com resistência já desenvolvida”, diz Mendes. “As lactonas macrocíclicas se caracterizam por apresentar um longo período de ação residual, chegando a 120 dias em alguns casos, fator que favorece a seleção de cepas resistentes.”
Diante do estudo, os pesquisadores sugerem a realização anual do biocarrapaticidograma para verificar qual o produto mais indicado para o tratamento dos bovinos. Além disso, indicam que o tratamento seja feito somente nos animais mais sensíveis à infestação por carrapatos, quando os parasitos ainda se encontram na sua forma jovem (larvas e ninfas). E lembram que é importante utilizar a dosagem correta do produto, aplicando-o por todo o animal, no caso da pulverização.
O serviço de realização de biocarrapaticidograma é fornecido pelo Laboratório de Parasitologia Animal do Instituto Biológico. Outras informações podem ser obtidas pelo e-mail mendes@biologico.sp.gov.br.
Assessoria de Comunicação da APTA
José Venâncio de Resende
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