A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo tem em Santos uma gigantesca atração para ensinar crianças, e também adultos, sobre a importância de se preservar a vida marinha e promover a educação ambiental. No Museu de Pesca do Instituto de Pesca, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), um esqueleto de baleia de 23 metros de comprimento, 193 ossos e pesando sete toneladas faz a festa dos visitantes ao mesmo tempo em que os conscientiza. Outra coisa que chama a atenção e educa ao mesmo tempo é a sala “Submergir”, um espaço interativo, no qual o visitante se sente no fundo do mar, como um explorador ou, quem sabe, um peixe.
Literalmente grande atrativo do Museu, o esqueleto de baleia Balaenoptera physalus possibilita que a pessoa observe de perto, tire fotos, selfies, e se aproprie do conhecimento adquirido com a experiência. Uma vez fisgado, o visitante mergulha em um mundo informativo espalhado pelo prédio histórico construído em 1909, sobre as ruínas do Forte Augusto – importante defensor do Estuário de Santos, para abrigar a Escola de Aprendizes-Marinheiros do Estado de São Paulo.
“O Museu tem um papel importantíssimo na educação ambiental. É um espaço aberto para divulgação das ações não só do Instituto de Pesca, mas também porta aberta para divulgação dos projetos de preservação ambiental”, lembra o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, ressaltando que o Museu passou por uma recente restauração do prédio, por determinação do governador Geraldo Alckmin.
Essa união de história, meio ambiente e educação continua no Espaço Submergir, mais conhecido como a Sala do Imaginário, com iluminação azul e um submergível envolto em uma rede formando o cenário propício para o visitante se sentir no fundo do mar. Um dos principais objetivos é mostrar o que é a Pesca Fantasma e a importância do Projeto Petrechos de Pesca Perdidos no Mar, que detecta e retira da água ferramentas de pesca perdidas que continuam sendo altamente predatórias. “Essa rede de pesca perdida continua pescando, está armada. E ninguém se beneficia dessa pesca”, explica Mônica Doll Costa, assessora técnica da diretoria do Museu.
A conscientização prossegue por meio de vídeos com mergulhadores recolhendo petrechos como redes, tarrafas, linhas, anzóis e espinhais e flashes de imagens da pesca fantasma, com o peixe fisgado, mas não consumido. “As imagens mostram aquele emaranhado de anzóis dentro da água, tartarugas se debatendo, peixes enroscados. É para mostrar para as pessoas que não é um programa do NatGeo, é aqui, em Santos. Está perto do visitante”, ressalta Mônica.
A imaginação vai longe também com o tubarão preso por fios de nylon que se move conforme o visitante caminha pela sala. Em julho o espaço ganhará um “mergulhador” e mais sons. Neste fundo do mar, o visitante consegue se sentir como os peixes que viu no vídeo, com uma câmera o filmando como um possível alvo da pesca. A graça é que não é possível saber se a pessoa está em um submarino, se é um mergulhador ou um peixe.
É com um carinho não gratuito que Mônica fala sobre a sala, que ficou fechada por 10 anos e foi reaberta graças a força de vontade da equipe do Museu em ver o espaço funcionando. Quando se constatou que não haveria recursos para colocar a sala em ordem, os integrantes da equipe do Museu decidiram limpar a sala e remover o que já havia sido comido por cupins e recuperar as paredes e a instalação elétrica, colocando o ambiente em condições de ser aberto para o público. A Diretoria do Instituto de Pesca e o Projeto MAPEM, que abarca o Petrechos de Pesca Perdidos no Mar, realocaram alguns equipamentos, como TVs, que seriam utilizadas para exibir os vídeos, para viabilizar a finalização desse trabalho. “Compramos a briga e mostramos que com pouco recurso e boa vontade conseguíamos incorporar esse espaço de volta ao Museu”, conta, orgulhosa, Mônica.
O Museu conta ainda com a Ala Lúdica onde se encontra a representação de quatro ecossistemas marinhos do litoral paulista (manguezal, praia arenosa, costão rochoso e fundo do mar), sob a forma de um diorama (cenário) e a Sala do Barco – um convite a desbravar o mar se debaixo d’água ou navegando em direção ao Parque Marinho da Laje de Santos (painel de fundo da Sala).
Exemplar
A disseminação do conhecimento no Museu se estende ao receber o “Projeto Albatroz”, onde as réplicas de um casal de albatrozes em tamanho real e de um barco de pesca de espinhel demonstram como durante muito tempo tal tipo de pesca quase dizimou a população da ave. A forma pela qual se demonstra a importância da preservação é com a linda cena em que o macho abre suas asas de três metros de envergadura para fazer a corte à fêmea. Mas as asas abertas também são constantemente vistas pelas crianças como boas-vindas, fazendo-as correr para abraçar a ave e já considerá-la uma amiga.
O espaço conta ainda com acervo constituído de peças biológicas taxidermizadas (empalhadas), esqueletos de animais aquáticos e conchas de moluscos. É possível conferir de perto exemplares de tubarões de várias espécies como Tubarão-lixa, Tubarão-duende, Tubarão-anequi.
Há ainda uma Raia Manta - Manta birostris - de 4,40 m que, exposta logo na entrada, dá as boas vinda ao visitante, e a Lula Gigante - Architeuthis SP. - com 5 metros de comprimento e pesando 91 quilos - único exemplar taxidermixado em exposição no mundo todo.
O Museu abriga também os famosos Macaé e Macaézinho, respectivamente um leão e um lobo marinho que viveram no Aquário de Santos e, amados pelo público por varias gerações, encontraram residência fixa no Museu quando não tinham mais espaço no Aquário. “Os pais trazem os filhos, os avós trazem os netos e dizem que visitavam os bichinhos lá no Aquário... Faz parte da nossa história”, lembra Mônica Doll.
Envolvimento da comunidade
De junho de 1996 a meados de 2001, um raro exemplo foi dado por um grupo de estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Santos, que acompanhou o primeiro processo de revitalização do imóvel. Coordenado pelos arquitetos Edgard Gouveia Júnior e Frederico Zanardi Chicarino, o grupo denominado “Reviver” desenvolveu um amplo projeto de modernização do Museu, tendo em vista a dinâmica das exposições, a adequação das atividades a diferentes tipos de público e a interatividade.
Todos podem mergulhar no Museu para ter esse banho de conhecimento, mas grupos de visitantes encontram mais facilidade se realizarem um agendamento prévio. Escolas podem levar sua própria monitoria. O tempo ideal para conferir tudo é uma hora e meia de visitação.
Serviço
Museu da Pesca
Endereço: Avenida Bartolomeu de Gusmão, 192 (próximo ao Aquário Municipal)
Horário de visitação: de quinta a domingo, das 10 às 18 horas
Ingressos: R$2,00; estudantes e professores: R$1,00; crianças até 6 anos e idosos acima de 60 anos estão isentos
Visitas escolares e de grupos devem ser agendadas previamente exclusivamente pelo telefone (13) 3261-5260
Informações pelo e-mail: museu@pesca.sp.gov.br
Texto: Hélio Filho