Os biólogos são profissionais com formação ampla para atuar em diversos campos que envolvem a vida, por isso, são fundamentais para o desenvolvimento do setor dos agronegócios. Neste Dia do Biólogo, comemorado em 3 de setembro, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo conta um pouco da atuação desses profissionais em seus seis Institutos e 11 Polos Regionais de pesquisa, que formam a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA). Ao todo, 144 servidores da APTA possuem graduação em biologia, atuando em diversas áreas como pesquisa científica, apoio aos estudos, comunicação e divulgação da ciência. A Secretaria conta ainda com 21 biólogos que atuam na Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS).
Um desses profissionais é Ana Eugênia de Carvalho Campos. Formada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Uberlândia e com mestrado e doutorado na área pela Universidade Estadual Paulista, Ana é pesquisadora e desde 2019 é diretora geral do Instituto Biológico (IB-APTA), que é referência no Brasil e no exterior em sanidade animal e vegetal e em meio ambiente.
Ana Eugênia desenvolve pesquisas com formigas, pequenos insetos que se não forem bem controlados podem gerar prejuízos imensos para a agricultura. A formação em biologia auxilia a diretora e pesquisadora a conhecer a vida das formigas e criar meios para seu controle e manejo. “Sem o conhecimento em biologia, gastaríamos produtos, tempo e dinheiro. É preciso conhecer a praga para poder controlá-la, por isso, o conhecimento proporcionado pela biologia é tão necessário para a agricultura”, explica.
Se no campo a biologia é fundamental para a colheita de bons resultados, no processamento dos alimentos não é diferente. O conhecimento em fungos e micotoxinas, por exemplo, é importante para que o alimento industrializado chegue à mesa da população em segurança. A pesquisadora do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL-APTA), Marta Taniwaki, conhece bem desse assunto.
Formada em biologia e com mestrado em agronomia e PhD em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela The University of New South Wales, da Austrália, Marta é a única brasileira membro da International Commission on Food Mycology (ICFM) e a segunda na International Commission on Microbiological Specification for Foods (ICMSF), além de integrar o grupo técnico do comitê do Codex Alimentarius de Contaminantes de Alimentos (CCCF), coordenado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A pesquisadora desenvolveu ao longo de sua carreira de 35 anos no ITAL estudos científicos relacionados à presença de fungos e toxinas no café, na castanha do Brasil, no cacau, no amendoim e no arroz. Nas análises é considerada a contaminação que pode ocorrer da produção à mesa dos consumidores, auxiliando para que a população consuma alimentos seguros, livres de qualquer organismo que possa causar problemas à saúde.
“A formação em biologia por ser ampla, requer especialização em uma determinada área, principalmente se você for trabalhar com pesquisa. Escolhi, então, Microbiologia de Alimentos e, dentro desta disciplina, Fungos e Micotoxinas em Alimentos. Se de um lado escolhi uma área bem específica, por outro nunca deixei de pesquisar todo o ecossistema que envolve a produção de um alimento: do campo até o consumidor. O fato de eu ser bióloga me propiciou uma visão mais ampla e holística que pude empregar na pesquisa”, afirma.
Biólogos que se dedicam a levar o conhecimento da ciência para a população
A formação em biologia, dependendo da opção em bacharelado e licenciatura, viabiliza a atuação em diversas áreas como saúde, agricultura, alimentos, ambiente e educação. A formação ampla faz com que muitos biólogos se dediquem a uma atividade tão importante quanto a produção científica, que é a sua divulgação para a população.
A pandemia do novo coronavírus evidenciou alguns desses profissionais, como o biólogo Atila Iamarino, que há muitos anos se dedica a atividade de divulgação científica. Dentro dos institutos de pesquisa da APTA há também profissionais atentos a essa atividade.
Este é o caso de Laís Moreira Granato, graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Alfenas, com mestrado em genética, melhoramento e biotecnologia pela pós-graduação em Agricultura Tropical e Subtropical do Instituto Agronômico (IAC-APTA) e doutorado pela Unicamp. Atualmente, Laís atua no Centro de Citricultura do IAC e mantém o principal blog sobre agricultura do País, o Descascando a Ciência.
A bióloga conta que desde a faculdade teve a oportunidade de fazer iniciação científica e receber “bolsa”, pagamento feito aos pesquisadores com recursos públicos. E o desejo da pesquisadora era contar sobre suas pesquisas de modo que a população pudesse compreendê-las. Afinal, os investimentos em ciência vêm dos impostos pagos pela sociedade.
“A gente sabe que o que divulgamos em artigos científicos são para as pessoas da área mesmo, os cientistas. As pessoas que não têm contato com nossa área não entendem. Esse incômodo ficou guardado comigo, até que em uma reunião, no Centro de Citricultura do IAC, comentei sobre o cientista estar fechado na sua ‘bolha’. Então, buscamos uma maneira de colocar a sociedade que toma suco de laranja mais próxima dos pesquisadores que ajudam a manter a citricultura em pé”, conta.
A partir daí surgiu o Descascando a Ciência, que é um blog que traz de maneira mais simples o que os cientistas da área fazem. “Inicialmente, eu e o colega Paulo Camargo (também biólogo), mantínhamos o blog voltado às pesquisas da citricultura, mas hoje somos um grupo. Lançamos recentemente um canal do YouTube e somos muito ativos nas redes sociais, principalmente no Instagram, onde já temos mais de cinco mil seguidores e divulgamos pesquisas científicas relacionadas à área agrícola. O Descascando a Ciência mostra a ciência de maneira simples, divertida, ilustrada e colorida para as pessoas terem acesso ao que a gente faz. Somos um dos únicos canais que faz isso, há poucos canais sobre agricultura”, explica.
Cibele Santos Silva é outra bióloga que atua nos Institutos de Pesquisa da APTA na área de divulgação e comunicação da ciência. Servidora do Centro de Comunicação e Transferência do Conhecimento do Instituto de Pesca (IP-APTA), Cibele é formada no Centro Universitário São Camilo, em São Paulo e atuou durante a graduação no Museu de Zoologia da USP e no Zoo Safári. A bióloga também trabalhou em projetos de pesquisa comportamental com baleias-franca, em Santa Catarina, e passou 18 dias na Floresta Amazônica em outro estudo. Toda essa vivência auxiliou Cibele no seu trabalho no Aquário do IP, localizado em São Paulo, Capital, visitado por cerca de 50 mil pessoas, por ano.
Hoje, além de auxiliar nas atividades do Aquário, a servidora atua na transferência do conhecimento por meio de cursos e eventos. Durante a pandemia do novo coronavírus, idealizou o Projeto VVV – Venha Visitar Virtualmente, que objetiva oferecer visitação virtual de espaços de divulgação científica da Secretaria, como do Museu de Pesca. “Quando começou o período de isolamento social e fechamento dos museus, pensei que esta seria uma opção para que os espaços continuassem sendo visitados durante a pandemia, mas também depois dela, por pessoas que estão longe fisicamente dos Museus da Secretaria. A biologia me ajuda muito a colocar em prática ações de comunicação”, afirma.