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Especial Dia das Mães: do campo ao laboratório

Com a chegada do segundo domingo de maio, dia dedicado as mães, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento colheu relatos de figuras de destaque que conciliam a maternidade e o trabalho nas cadeias produtivas do agronegócio.

Em casa, no laboratório ou na lavoura, essas duas mães que escolhemos para representar milhares de outras mães, desempenham papéis fundamentais na formação de seus filhos e no desenvolvimento de uma sociedade justa e produtiva.

Conversamos com a Ana Eugênia de Carvalho Campos, diretora do Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, sobre os desafios de conciliar a maternidade, a vida de pesquisadora e um cargo de liderança em um instituto paulista com 96 anos de história. E, colhemos relatos da produtora Maria Miranda Batista, que trabalha com bananas e é mãe de quatro filhos.

GL: Ana Eugênia, como foi o início de seu vínculo com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento?

AE: Assumi o cargo de pesquisadora científica em 1997, mas desde junho de 1994 estava como estagiária no Laboratório de Entomologia do Instituto Biológico. Vim para o IB em 1994 para realizar uma parte da pesquisa do meu doutorado, que cursei na UNESP de Rio Claro. Na época abriu o concurso para pesquisador científico, passei e fui chamada em 1997.

GL: Há quantos anos trabalha com pesquisa?

AE: Desde os tempos da faculdade. Cursei Biologia na Universidade Federal de Uberlândia e participei de um grupo de pesquisas com moscas de importância médico/veterinária. Isso foi em 1987.

GL: Dos diversos trabalhos que desenvolveu, qual considera o mais importante? Como se desenvolveu esse trabalho?

AE: Dedico e dediquei a maior parte da minha carreira estudando formigas. São insetos de grande importância para todos os ecossistemas terrestres, mas algumas espécies causam problemas na agricultura e no meio urbano. Uma das pesquisas que é mais citada por outros pesquisadores e que trouxe grande avanço no conhecimento, foi o papel das formigas como vetores mecânicos de microrganismos patogênicos. Elas são importantes na indústria alimentícia e na saúde pública. Tais conhecimentos colaboraram com os protocolos de infecção hospitalar atuais e nas boas práticas de fabricação na indústria alimentícia.

Atualmente meu foco de pesquisa é com formigas-cortadeiras. Temos trabalhado com controle alternativo das diferentes espécies de cortadeiras em busca de novos ingredientes ativos para controle, visando uma agricultura mais sustentável.

GL: Como é ser mãe, diretora de um instituto e pesquisadora?

Meus filhos frequentaram a antiga creche do IB, que hoje não opera mais. Isso trouxe para mim, como pesquisadora, tranquilidade para continuar as pesquisas, já que conhecia plenamente as colegas de trabalho que trabalhavam na creche e cuidavam das crianças, assim como os filhos das outras pesquisadores. Sou eternamente grata por ter tido esse amparo da minha instituição. O impacto da maternidade sobre minha produção científica certamente foi menor por ter tido esse apoio. Eles foram amamentados exclusivamente com leite materno até os seis meses de idade e eu não teria conseguido isso sem a creche, pois ia amamentá-los ao longo do dia.

Para mim é uma honra poder estar à frente do Instituto Biológico na Diretoria-Geral, mas certamente o compromisso, a carga horária e as ausências pelos compromissos externos, em outros municípios, impactam a vida doméstica. No entanto, a importância do trabalho para a mulher, sempre foi objeto de discussões em casa e os meus filhos entendem e apoiam essa jornada, que vem desde 2019. O IB faz parte da vida deles também, que têm profunda admiração por todo o conhecimento que é produzido na instituição e pela sua importância no cenário brasileiro. O desafio é saber dosar o compromisso profissional com momentos de dedicação à família.

Na outra ponta do agronegócio, mães-produtoras também conciliam o trabalho no campo com a maternidade e se dividem entre desafios. Assim como Ana Eugênia, Maria Miranda Batista é mãe e tem contato próximo com a terra e com a agricultura, mas de uma forma diferente.

Maria Miranda Batista, 63, nascida no bairro de Areia Branca, em Barra do Turvo, interior de São Paulo, é mãe de 4 filhos e dedicou sua vida à maternidade e à vida na roça em uma comunidade quilombola do Vale do Ribeira.

GL: Quantos filhos você tem? Como foi criá-los enquanto se dedicava à agricultura?

MM: Criei meus quatro filhos na roça. Meus filhos aprenderam a contribuir e trabalhar na roça, assim podemos vender nossos produtos. Fazemos o processamento de banana e mandioca e, em seguida, vendemos. Tenho três filhos que estão diariamente comigo trabalhando. O quarto filho foi trabalhar em cidade grande.

GL: Atualmente, o que sua família produz? E quem são os compradores destes produtos agrícolas?

MM: Nosso carro-chefe sempre foi a banana, mas também produzimos mandioca, feijão, palmito pupunha e diversos outros produtos. A gente vive disso. Vendemos para diversas regiões do Estado, por meio de nossa comunidade quilombola. Vendemos “in natura”, mas também processados – no caso da banana e mandioca.

GL: Como você vê o papel das mães que são agricultoras? O que isso significa para você?

MM: A palavra Mãe, para mim, tem um significado imenso. É uma palavra linda, não tem igual. Eu mesmo tenho um carinho e amor especial por cada filho. A mãe não deixa um filho desamparado, não importa o que aconteça. Hoje, já sou avó, e me impressiono, o amor é do mesmo tamanho. Ter meus filhos trabalhando comigo nos deixa mais próximos e o amor só aumenta.

 

Por Giuliano Lagonegro

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