“O gargalo da produção de azeite está no campo”. A frase proferida por Edna Bertoncini, pesquisadora da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, durante a abertura do V Encontro da Cadeia Produtiva da Olivicultura, deu o tom do evento, que discutiu a produção, manejo, controle fitossanitário das oliveiras, extração e qualidade do azeite de oliva produzido, principalmente, em São Paulo. O encontro técnico, que integrou a feira Expo Azeite, reuniu produtores e representantes da cadeia produtiva de todo o País. O evento foi realizado em 10 e 11 de julho de 2017, no Pavilhão de Exposição do Anhembi, na Capital paulista.
Segundo Edna, a qualidade do azeite paulista é boa e não deve em nada para o azeite importado. “São azeites obtidos de azeitonas colhidas e extraídas em prazo não superior a seis horas, produtos frescos, com qualidade muito superior à maioria dos azeites importados”, afirmou. A pesquisadora explicou que os gargalos na produção estão no campo, já que as máquinas extratoras de azeite têm uma qualidade muito boa. “Temos um longo caminho ainda a percorrer sobre a produção da oliveira em terras paulistas e brasileira. A APTA tem dado uma contribuição relevante neste sentido, com o Grupo Oliva SP, que têm auxiliado os produtores no processo de produção das oliveiras”, disse. Os azeites paulistas, juntamente com os mineiros, gaúchos e paranaenses perfizeram nesta safra um volume de 150 mil litros.
O Grupo Oliva SP é coordenado pela APTA e reúne pesquisadores de diversos institutos de pesquisa, universidades e instituição do exterior. O Grupo desenvolve pesquisas relacionadas à produção das oliveiras, implantação de olivais manejo da cultura, controle de pragas e doenças, zoneamento agroambiental, colheita, extração e realiza cursos com o objetivo de formar profissionais capacitados a reconhecer a qualidade do azeite.
Atualmente, o Estado de São Paulo conta com 45 produtores de oliveiras, muitos deles orientados direta e indiretamente pelo Grupo Oliva SP. Ao todo, são 137.613 pés de oliveira em São Paulo, cultivados em uma área próxima de 500 hectares, em 24 municípios, como São Bento do Sapucaí, Santo Antonio do Pinhal, São Sebastião da Grama e Pedra Bela. O Estado também conta com seis plantas extratoras de azeite, com capacidade de extração de três mil quilos por hora.
Durante a abertura do evento, Alberto Amorim, secretário executivo das Câmaras Setoriais que representou o secretário de Agricultura, Arnaldo Jardim, no evento, disse que a oliveira é uma cultura de baixo carbono e que permite a organização dos produtores por meio de cooperativas, além de ser importante para a recuperação de áreas degradadas. “A Secretaria de Agricultura, por meio do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap) está à disposição dos produtores. Também estamos à disposição para trabalharmos juntos. Os Núcleos de Inovação Tecnológica (NIT) implantados na APTA e as novas legislações a respeito da inovação tecnológica permitem a interação entre a pesquisa e o setor privado”, afirmou.
Orlando Melo de Castro, coordenador da APTA, também falou sobre a importância de toda a cadeia trabalhar em conjunto para fomentar a olivicultura no Estado e no País. “Estamos em um mundo novo, por isso a necessidade de realizar um trabalho sério, que integre as instituições de pesquisa, o Ministério de Agricultura, os produtores, a indústria, para com certeza, avançarmos na produção”, disse.
O evento também homenageou produtores de azeite brasileiro. Segundo Patricia Galasini, organizadora da Expo Azeite, os produtores brasileiros interessados enviaram amostras dos azeites que foram experimentados em um teste cego por especialistas em qualidade.
Maria Cristina Vicentin, produtora de azeite há nove anos, foi uma das homenageadas. Responsável pelo azeite Oliq, produzido em São Bento do Sapucaí e comercializado, principalmente, na Serra da Mantiqueira, Vale do Paraíba, São Paulo, Belo Horizonte, Campinas e Rio de Janeiro. Em 2017, a marca produziu quatro mil litros do óleo. “A APTA não só nos ajuda, como temos nos aproximado no sentido de trazer demandas, porque a produção é muito dependente de pesquisa, de apoio nos processos fitossanitários, de produtividade, de extração. Dependemos muito dos centros de pesquisa, que são fundamentais, porque é tudo muito novo”, contou.
O Grupo Oliva SP foi criado em 2011 e conta com 24 pesquisadores da APTA Regional, Instituto Agronômico (IAC-APTA), Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL-APTA) e IB-APTA. São parceiros do grupo a Empresa de Pesquisa de Minas Gerais (Epamig), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Clima Temperado), Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira (Assolive) e Agenzia Servizi Settore Agroalimentare delle Marche (Assam).
Por Fernanda Domiciano
Assessoria de Imprensa – APTA