Quinze novos clones de seringueira mais precoces foram desenvolvidos pelo Instituto Agronômico (IAC-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Com isso, a produção do látex deve cair de sete para cinco anos. Começar a sangrar as seringueiras com tempo 30% menor significa antecipar ganhos para pagar o investimento.
Os 15 novos clones selecionados pelo IAC têm também maior produtividade que o material mais plantado em São Paulo atualmente, o importado da Ásia RRIM 600. O novo IAC 500 – o mais produtivo dos selecionados – produz cerca de 1.731 kg de látex por hectare, 38% a mais do que o asiático (em torno de 1.250 kg por hectare no ano). São ganhos de cerca de 500 kg de borracha seca por ano.
“Um clone precoce no qual o produtor pode sangrar mais cedo certamente possibilitará um retorno financeiro do banco antecipado, para pagar o financiamento antes do prazo previsto”, comemora o pesquisador Paulo Gonçalves, responsável pelo Programa Seringueira do Instituto. Os clones IAC 505, IAC 507, IAC 511 e IAC 512 apresentam alta precocidade e, com cinco anos e meio, mostraram que o perímetro do caule estava apto à abertura de painéis para a prática da sangria – extração do látex que dá origem à borracha natural –, quando o normal seria no sétimo ano. “Acreditamos que a precocidade deles está em função da possível divergência genética dos parentais utilizados”, explica o pesquisador.
A abertura de painel se dá quando as árvores alcançam perímetro do caule acima de 45 cm do solo e 1,5 m de altura. “Geralmente, esse procedimento é feito quando mais de 50% das árvores do seringal apresenta essa média. Se o procedimento é feito antes dos sete anos, isso é muito bom para o produtor porque ele terá o retorno financeiro mais cedo”, afirma Gonçalves.
São Paulo possui os seringais mais produtivos do mundo, com produção média de 1.200 kg por hectare no ano. Na Tailândia, Indonésia e Malásia, a produção chega a 1.100 kg, 1.000 kg e 900 kg, respectivamente, por hectare, por ano. Para se ter uma ideia, o IAC 500 produz 52% a mais do que os seringais da Malásia, por exemplo.
Outra característica importante é a casca espessa existente nos clones IAC 503, IAC 500 e IAC 509. Essa característica diminui o risco de o seringueiro atingir o lenho do caule da árvore. Os três clones apresentam também maior número de anéis de vasos laticíferos, revelando que são bons produtores de látex. “Existe uma alta correlação entre o número de anéis de vasos laticíferos e a produção de borracha”, explica o pesquisador.
Os clones IAC 505, IAC 507 e IAC 511 apresentam ainda maior incremento do caule na pós-sangria. Isso significa que, mesmo após serem submetidos à sangria, essas plantas apresentam crescimento. “Aqueles clones que não possuem esse caráter, geralmente crescem na pré-sangria e depois param na pós-sangria, tornando-se suscetíveis à quebra pelo vento”, explica Gonçalves.
Os clones IAC foram desenvolvidos para cultivo na região do Planalto, onde não há incidência da pior doença da seringueira na América Latina, o mal-das-folhas. Parte dos clones selecionados pelo IAC é tolerante à antracnose, doença causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides, que atinge as folhas, mesmo na região do Planalto. Noventa por cento dos seringais paulistas encontram-se no Planalto, justamente por conta da doença. A região produz mais de 70 mil toneladas de borracha seca por ano.
Para um clone ser recomendado para plantio em grande escala é necessário que passe por três fases de estudos: avaliação, polinização controlada e avaliação/seleção, totalizando pelo menos 30 anos. “Os clones IAC 500, IAC 502, IAC 503 e IAC 506 são recomendados para plantio em pequena escala porque estão no início da terceira fase de avaliação”, explica Gonçalves (a íntegra do texto está disponível em www.iac.sp.gov.br).
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