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IAC estuda viabilidade do café robusta em São Paulo

Por Carla Gomes Dois milhões de sacas de café conilon/robusta. Esse é o volume necessário, por ano, para atender à indústria paulista de café solúvel. E detalhe: São Paulo não produz esse tipo de café. Para a indústria, o melhor seria comprar a matéria-prima paulista e não trazê-la do Espírito Santo, com elevados custos de transporte. Tradicional produtor de café arábica, São Paulo tem no robusta uma opção para o plantio em regiões de temperaturas elevadas e uma oportunidade para aproveitar o mercado da indústria de café solúvel. O Instituto Agronômico (IAC-APTA),da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, está desenvolvendo pesquisas para avaliar a viabilidade do cultivo do conilon/robusta no Estado Paulo. As informações prévias sobre os estudos foram apresentadas no dia 16 de fevereiro, na primeira reunião de 2009 da Câmara Setorial de Café, realizada em Campinas, com representantes de todos os elos da cadeia do café. O diretor-geral do IAC, Marco António Teixeira Zullo, deu as boas-vindas ao grupo e ressaltou a abertura do Instituto ao setor produtivo. O pesquisador Luiz Carlos Fazuoli afirmou ter ficado surpreso com a qualidade do café robusta que o IAC está selecionando. Ele ressaltou que o Instituto está fazendo experimentação e campo-piloto, incluindo estudos com condução da lavoura e custos de produção, mas não é possível ainda recomendar o robusta para São Paulo. É necessário seguir pesquisando. O IAC gerou em 2008 uma coleção de 300 plantas matrizes, que poderão gerar cultivares clonais de café robusta. Além da adaptação de cultivares, o estudo envolve as áreas de adequado manejo da lavoura, adubação, espaçamento, poda, irrigação, colheita e secagem. De acordo com Fazuoli, o IAC tem vários experimentos e campos de seleção do conilon/robusta em Campinas, Mococa, Cássia dos Coqueiros, Pindorama, Herculândia e Adamantina, totalizando 15 hectares em estudo. Ele afirma que recentemente foi instalado um campo-piloto em Matão, em uma área de 10 hectares, com 18 clones de conilon do Espírito Santo e 2 hectares de ensaios com 45 clones do IAC e 18 clones do Espírito Santo. Outro campo-piloto está instalado em Adamantina, com 18 clones do Espírito Santo. Há também experimentos com 39 clones do IAC e 18 do Espírito Santo numa área 2 hectares. “O material do IAC tem plantas matrizes, mas não há quantidade suficiente para escala comercial”, diz o pesquisador. Já os materiais do Espírito Santo, disponíveis em grandes quantidades, ainda não foram experimentados em São Paulo o suficiente para serem indicados em escala comercial. Fazuoli ressalta que em regiões com déficit hídrico o robusta tem que ser irrigado. A condução da lavoura é outro aspecto delicado desse café. Os estudos com os custos de produção do robusta caminham para a conclusão. Por hora, sabe-se que o mercado é amplo e tem forte demanda da indústria, que se poderia beneficiar inclusive com a isenção do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Desde 1995, o Governo do Estado isenta desse tributo as indústrias de café que compram matéria-prima em São Paulo. Durante a reunião da Câmara Setorial, um produtor do robusta do extremo Sul da Bahia declarou que tem bons rendimentos, apesar de considerar trabalhoso o cultivo, por ser todo manual. Pesquisa e organização Quando um apreciador de café tem aqueles minutos prazerosos de encontro com a xícara quente e cheirosa, pouco se sabe sobre o quanto já foi feito para a existência da cena tão corriqueira. A verdade é que por trás de um bom café há muito trabalho, de uma longa cadeia produtiva, que tem início na pesquisa, passando pelos produtores e indústria até chegar ao consumidor. A organização dos produtores, com foco na qualidade do café, foi o tema norteador da reunião da Câmara Setorial. O grupo aprovou a geração de proposta para desenvolver o chamado Programa de Cafeicultura Sustentável Paulista, que deve ser encaminhada ao Governo do Estado. De acordo com o presidente da Câmara Setorial do Café, Nathan Herszkowicz, o trabalho técnico está na base de toda a realização, que envolve a caracterização das regiões cafeeiras paulistas. O trabalho previsto é complexo, mas já há alicerces construídos. “Temos o melhor instituto de pesquisa do Brasil”, disse referindo-se ao IAC, ao citar bases já existentes para a elaboração do Programa. O nicho de cafés especiais atrai a indústria e vem conquistando espaço. Segundo Herszkowicz, há oito anos o mercado de especiais era nulo e hoje representa 5% de uma grande rede de hipermercados no Brasil, que movimenta R$ 270 milhões por ano em café. A organização dos produtores e o esforço pela qualidade devem ser direcionados à expansão dessa fatia. A pesquisa é fundamental para alcançar a meta de produto de qualidade e essa ação prevê a interação com os cafeicultores. Fazuoli destacou a parceria com os produtores, trabalho que inclui, além da geração de tecnologias, visitas a lavouras de café e recepção de agricultores que vem ao IAC para acessar o conhecimento que melhora o desempenho do cafezal. Herszkowicz ressaltou o apoio do Governo paulista ao crescimento de cafés de alta qualidade. O incentivo significa disponibilizar suporte técnico, por meio dos institutos da Secretaria de Agricultura, e ainda o incremento financeiro. O presidente da Câmara Setorial lembrou que desde 1995 o Governo do Estado isenta do ICMS as indústrias de café que compram matéria-prima em São Paulo. Assessoria de Imprensa do IAC (19) 3231-5422, ramal 129 Assessoria de Comunicação da APTA José Venâncio de Resende (11) 5067-0424

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