O lançamento de três novas variedades de cana-de-açúcar pelo Instituto Agronômico (IAC) reuniu 600 representantes do setor sucroenergético, em 21 de setembro de 2017, na usina Jalles Machado, em Goianésia, Goiás. Os materiais do IAC têm características regionais e são adaptados a ambientes restritivos que incluem déficit hídrico acentuado e solos desfavoráveis para produção. As variedades apresentam ainda produtividade agrícola de 11% a 16% superior ao material RB867515, o mais cultivado na região Centro-Sul do Brasil. Este é o vigésimo lançamento de variedades de cana-de-açúcar pelo IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. A apresentação das variedades ao setor foi realizada durante o 5º Dia de Campo IAC e Jalles Machado – Lançamento de Variedades Regionais.
Durante o lançamento das variedades IACCTC05-8069, IACCTC07-8008 e IACCTC07-8044, o pesquisador e coordenador do Programa Cana IAC, Marcos Guimarães de Andrade Landell, contou que há 22 anos, quando se iniciou a parceria do IAC com a Jalles Machado, a produtividade dos canaviais da usina era de 68 toneladas por hectare. Em 2012, após os trabalhos regionais do IAC, a produtividade média saltou para 94 toneladas por hectare. “Isso mostra a importância da incorporação de novas tecnologias e variedades que são adaptadas às condições de clima e solo”, explicou.
Segundo Landell, as variedades selecionadas em São Paulo não têm o mesmo desempenho na região do Cerrado, devido ao tipo de solo e ao clima seco. Goianésia, por exemplo, chega a ficar mais de 180 dias sem chuva durante o inverno. “As três novas variedades lançadas pelo IAC são adaptadas a esse ambiente mais restritivo do Cerrado. As regiões Oeste e Norte do Estado de São Paulo também apresentam restrições semelhantes e poderão adotar esses novos materiais”, disse Landell.
“O IAC é um grande parceiro da Jalles Machado; o trabalho realizado por toda a equipe da instituição, liderada pelo doutor Marcos Landell, é muito importante para o manejo varietal adequado do nosso canavial e adoção de novos materiais, que contribuem para que possamos atingir altas produtividades”, avaliou Otávio Lage de Siqueira Filho, diretor-presidente da Jalles Machado. Em todo esse período de parceria, o IAC já realizou 66 ensaios nacionais, 34 regionais e 14 de melhoramento genético na Jalles Machado. Além disso, o local recebeu 400 mil seedlings de 2002 a 2017.
O secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, comemorou a parceria entre o IAC, uma instituição pública de pesquisa, e a Jalles Machado. “É um momento de celebração de um trabalho em conjunto, que resulta em ganhos extraordinários de produtividade em um ambiente restritivo, como o encontrado na usina. Temos orgulho dessa parceria, pois ela prova que podemos romper a produtividade dos três dígitos na canavicultura, por meio da incorporação de tecnologias e inovação pelo setor”, afirmou.
A parceria entre IAC e Jalles Machado também foi celebrada por Orlando Melo de Castro, coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), que ressaltou o espírito inovador da empresa. “A Jalles Machado foi uma das primeiras apoiadoras do Programa Cana IAC, que em 1995 estava começando a se reorganizar. Hoje, o Instituto mantém parceria com 130 grupos do setor sucroenergético em 11 Estados brasileiros”, disse. O diretor-geral do IAC, Sérgio Augusto Morais Carbonell, afirmou que os trabalhos do Programa Cana do Instituto estão alinhados à missão institucional, que é gerar e transferir conhecimentos e tecnologias para o setor produtivo.
Conheça as novas variedades
Além da alta produtividade, as novas variedades IAC apresentam grande longevidade, que deve se aproximar de dez cortes. Isto significa que o produtor terá que renovar seu canavial somente após a décima colheita – o que representa de duas a três colheitas a mais do que a média obtida nos canaviais. Esta é uma característica cada vez mais importante na canavicultura atual, segundo Landell. “Acreditamos que variedades com este perfil que estamos lançando permitam duas a três colheitas econômicas a mais, fazendo com que a renovação de um canavial se aproxime de dez colheitas”, afirmou.
A IACCTC05-8069, IACCTC07-8008 e IACCTC07-8044 apresentam resistência às principais doenças da cultura da cana-de-açúcar nessas condições regionais, que são: carvão, ferrugens, escaldadura e mosaico. “Uma das adicionalidades esperadas em uma variedade é que ela, além de ser mais produtiva, tenha uma boa resistência de campo às principais doenças”, disse Landell.
De acordo com o pesquisador, a IACCTC05-8069 tem um perfil responsivo, isto é, ela responde de maneira mais acentuada a um manejo que transforme o ambiente original em outro de maior potencial. “Isto pode ser feito com a irrigação, com a utilização de compostos orgânicos, por exemplo”, explicou. A IACCTC05-8069 é ainda mais competitiva no período de colheita de abril a agosto. Em condições de irrigação suplementar, ela se destaca ainda mais na comparação com a RB867515, que representa 29,9% das variedades plantadas na região de Goiás, de acordo com o senso varietal realizado pelo Instituto Agronômico. A IACCTC05-8069 tem teor de sacarose médio e sua época de colheita é no outono-inverno.
A IACCTC07-8008 apresenta rendimento agrícola em torno de 11% a 16% superior à da variedade padrão RB867515, em todas as épocas de colheita, tanto em ambientes restritivos, em condições de sequeiro, como em situação favorável, com irrigação complementar. “Seu grande destaque é a produtividade agrícola, originada principalmente na elevada população de colmos; esta característica proporciona à IACCTC07-8008 um grande potencial na produção de bagaço, expressa pelo indicador Tonelada de Fibra por Hectare (TFH)”, avaliou o pesquisador. Seu teor de sacarose é classificado como médio e sua época de colheita vai do outono à primavera.
Já a IACCTC07-8044, que também tem perfil responsivo, é mais competitiva no período de colheita de abril a agosto, em ambientes considerados superiores. Sua colheita é feita no outono-inverno. De acordo com Landell, ela apresenta alto teor de açúcar durante um longo período da safra. “Em condições de irrigação suplementar, ela tem grande vantagem sobre a variedade RB867515 e uma população de colmos que é 38,9% superior à desta variedade padrão”. Landell explicou que este perfil populacional é essencial em regiões de alto déficit hídrico, o que pode redundar em canaviais de grande longevidade. “Observa-se que um dos fatores de redução do número de colmos em um canavial é o déficit hídrico acentuado; uma variedade que parte de um número significativamente superior ao padrão nos permite inferir que ela deverá proporcionar uma perenização maior de suas soqueiras”, disse.
Por Fernanda Domiciano e Carla Gomes
Assessoria de Imprensa IAC
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