Produtores, empresários rurais, engenheiros agrônomos e fitossanitaristas têm agora uma importante ferramenta para identificar as áreas de ocorrência das moscas-das-frutas no Estado de São Paulo, uma das mais importantes pragas da fruticultura mundial. O Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, desenvolveu um banco de dados online com informações completas sobre as moscas-das-frutas no estado, como distribuição geográfica, famílias, gênero e espécies, relacionadas às respectivas famílias, espécies botânicas e os parasitoides que realizam o controle biológico natural. O banco também apresenta links e documentos para download, referente à literatura especializada sobre o assunto e fotos dos insetos. Toda a literatura utilizada está disponível para download. O banco pode ser acessado em http://www.mosfrut.com.br. As consultas são gratuitas.
O objetivo da plataforma online é fornecer informações atualizadas sobre as principais espécies das famílias Tephritidade e Lonchaeidae e seus parasitoides registrados no estado. De acordo com o banco, 382 municípios paulistas são infestados com as moscas da família Tephritidade e 249 com a família Lonchaeidae. Os parasitoides já foram registrados em 49 municípios. “Eles são usados como controle biológico das moscas. Com o uso desses inimigos naturais é possível reduzir a aplicação de produtos químicos, o que é importante para a saúde do trabalhador rural e para o meio ambiente”, explica o pesquisador do IB, Adalton Raga.
Segundo ele, essas informações são importantes, pois a moscas-das-frutas são praga quarentenária, ou seja, regulada pelo governo brasileiro e de outros países. Desta forma, países livres da praga não aceitam a comercialização de produtos infestados, para evitar que uma ou mais espécies sejam inadvertidamente introduzidas. “O estado de São Paulo, por exemplo, não tem permissão de vender melões para os Estados Unidos e Japão. Isso traz prejuízo para o produtor paulista, que não exporta o produto, e para todo o estado, que tem o comércio fechado”, afirma Raga.
O banco de dados é uma importante ferramenta aos produtores e empresários rurais, que podem identificar se o local em que produzem ou desejam iniciar a produção é ou não infestado por espécies de moscas-das-frutas de importância econômica e quarentenária. Também é uma ferramenta útil aos engenheiros agrônomos habilitados em emitir Certificado Fitossanitário de Origem (CFO) e Certificado de Origem Consolidado (CFOC) e aos técnicos da Coordenadoria de Defesa Agropecuária e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que têm trabalho de certificação fitossanitária facilitado com a ferramenta. O IB realiza pelo menos dois cursos por ano para capacitação de engenheiros agrônomos para emissão de CFO/CFOC. Em 17 de setembro, será realizada a edição nº 50 do curso, em Campinas, interior paulista.
“A ferramenta serve também aos outros países que fazem uma análise de risco para permitir ou não a comercialização de determinado produto do estado. O banco, em resumo, facilita o planejamento do produtor rural, a identificação da praga e os agentes de controle e também a análise de autorização ou não da importação ou exportação de determinadas frutas”, diz o pesquisador do IB.
Todos os dados utilizados no banco foram fornecidos pelos pesquisadores do IB, Adalton Raga e Miguel Francisco de Souza Filho, durante seus mais de 30 anos de atuação na área. As informações foram compiladas pela estudante de Mestrado do Instituto Biológico, Ester Marques de Souza. O sistema online foi desenvolvido pelo técnico Telmo Júlio de Menezes Montenegro “Foram utilizadas pesquisas realizadas pelo Instituto e outras instituições desde o século XIX, além de dados oriundos de laboratórios do IB em suas quatro décadas de expertise na área”, afirma Raga.
O usuário que tiver dúvida na identificação das moscas-das-frutas ou que identificar alguma espécie nova desse grupo pode entrar em contato com o Instituto pelo e-mail mfsp@mosfrut.com.br.
Mosca-das-frutas
As moscas-das-frutas são pragas-chaves de fruteiras na maior parte das regiões produtoras do mundo. O inseto utiliza-se dos frutos para o seu desenvolvimento larval, provocando queda de frutas e reduzindo drasticamente a produção. Os frutos que são comercializados podem levar a praga para regiões até então livres, o que a torna uma preocupação para a segurança da agricultura mundial.
Para se ter ideia da disseminação da praga, a família Tephritidae possui mais de quatro mil espécies descritas, aproximadamente, arranjadas em 500 gêneros, enquanto que Lonchaeidae apresenta mais de 580 espécies descritas no mundo . “Nas regiões tropicais e subtropicais as moscas-das-frutas são insetos que se reproduzem o ano inteiro”, explica o pesquisador do IB.
De acordo com Raga, o controle das moscas-das-frutas depende essencialmente da aplicação de inseticidas químicos e sintéticos. “No entanto, a redução populacional de moscas-das-frutas por meio de inseticidas pode ser considerada limitada no tempo e no espaço, devido às características intrínsecas de várias espécies de Tephritidae e Lonchaeidae, como alta fecundidade, elevada fertilidade, polifagia, migração e a existência de outros nichos para abrigo e alimentação”, afirma.
O Instituto Biológico possui diversos documentos técnicos sobre as moscas-das-frutas para download gratuito como o “Controle Químico de Moscas-das-Frutas”, “Sintomatologia do Ataque de Moscas-das-Frutas (Diptera: Tephritidae) em Citros”, “Semioquímicos em Moscas-das-Frutas” e “Técnica do Inseto Estéril”.
Por Fernanda Domiciano
Assessoria de Imprensa – APTA
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