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Instituto de Zootecnia fecha parceria inédita que prevê a criação de suínos para transplantes

Porcos geneticamente modificados podem ser solução para a doação de órgãos


O dia 9 de novembro vai ficar nos anais do Instituto de Zootecnia (IZ-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, pela assinatura do acordo de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) com a Xenobrasil, empresa do médico e professor da Faculdade de Medicina da USP, Silvano Raia, pioneiro no transplante de fígado na América Latina.


Com o aporte de recursos para implantação de infraestrutura e para a produção de suínos, a Xenobrasil usará esses animais como doadores de órgãos para transplante. O laboratório será estruturado atendendo a todos os requisitos dos organismos reguladores que são necessários para o xenotransplante clínico (termo técnico que define o transplante de órgãos entre espécies diferentes).


É sabido que no Brasil, bem como em outros países, há listas de espera para inúmeros transplantes, devido à falta de doadores. Nos últimos 40 anos, os suínos têm sido utilizados para várias cirurgias do tipo, graças à baixa rejeição que causam, por possuírem fisiologia semelhante e por estudos que conseguiram modificar seu genoma (sequência dos genes de um ser vivo), aumentando as possibilidades de uso de órgãos e tecidos destes animais como doadores para seres humanos, contribuindo assim com a manutenção da vida. Raia explica que o organismo dos suínos é o que mais se assemelha ao do humano. “A viabilização para transplantar coração, rim, córnea e pele é uma realidade, e os estudos tendem a incluir pulmão e fígado”, atesta.


Para o coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Carlos Nabil Ghobril, esse é um marco para o IZ. “Para nós, a utilização de um laboratório com uma nova linha de pesquisa atende ao nosso escopo, conjuntamente com outra vertente que vai abrir muitas possibilidades para a APTA”, relata.


O diretor-geral do IZ, Enilson Ribeiro, conta que os estudos que realizam com animais não eram para xenotransplantes e, agora, essa oportunidade colocará o Instituto em outro patamar. “Pela inovação da pesquisa a ser conduzida nessa área, tomaremos um caminho diferente, com a contribuição dos nossos pesquisadores e técnicos que vão somar conhecimento à medicina”, enfatiza.


Para a pesquisadora científica, Diretora do Núcleo Regional de Pesquisa de Tanquinho, no município de Piracicaba, Simone Raymundo de Oliveira, esse é o novo rumo a seguir. “É uma mudança total dentro da APTA, na zootecnia, porque não temos, até o momento, nenhum tipo de trabalho que envolva nossa atuação na produção de animais que vão servir para doação de órgãos, com a integração de diversos setores, com vários profissionais e suas expertises na geração de conhecimento numa área diferenciada da zootecnia. Eu chamo este projeto de produção de vida para vidas”, comemora.


A previsão é de que os animais cheguem ao IZ em fevereiro de 2024, quando as instalações estiverem com as obras concluídas.
O professor da USP gentilmente abriu as postas da sua casa para selar esse contrato que foi firmado nas presenças do pesquisador do IZ Fábio Prudêncio de Campos e do coordenador científico da Xenobrasil, Luciano Abreu Brito.

 

Por Caroline Caram
Assessoria de Imprensa APTA

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