Parceria entre pesquisa agropecuária e segurança pública traz benefícios diretos para a sociedade, com a redução das taxas de criminalidade e o estímulo ao desenvolvimento neuropsicomotor de portadores de deficiência. Há mais de 40 anos, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Polo Regional de Colina, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), disponibiliza anualmente cavalos da raça Brasileiro de Hipismo (BH), usados pelo Regimento de Polícia Montada “9 de Julho”, ligado à Secretaria da Segurança Pública estadual. Os cavalos são utilizados no policiamento montado e no controle de multidões, em atividades de equoterapia, oferecidas em oito municípios paulistas, além de competições esportivas. Em abril deste ano, a APTA fez a entrega de 20 animais, com média de três anos de idade cada, para o Regimento, que fará a doma e iniciará estes cavalos nas ações da Polícia Militar em todo o Estado.
A APTA desenvolve pesquisas científicas com cavalos há 90 anos em Colina, interior paulista, considerada a “capital nacional dos cavalos”. Os trabalhos envolvem reprodução, sanidade, sistema de criação e nutrição de equinos. De acordo com dados da Cavalaria, 41% dos 556 cavalos da corporação são oriundos da Agência. Esses animais ajudaram a reduzir em até 80% alguns dos indicadores criminais nos locais em que o policiamento montado foi empregado.
Segundo o tenente do Regimento de Polícia Montada “9 de Julho”, Jefferson Hideki Ishii, “os animais disponibilizados pela APTA possuem porte físico, força, docilidade e coragem. Essas características são fundamentais para o nosso trabalho. O porte físico dos animais, por si só, muitas vezes evita que ocorram conflitos. A força permite que eles consigam realizar o policiamento montado. A docilidade e a coragem são outras características importantes, pois possibilitam que os cavalos mantenham a calma e, ao mesmo tempo, estejam prontos a receber os comandos de ação de seus cavaleiros”, explica.
Essas características, próprias do trabalho de policiamento, são alcançadas por meio de trabalho conjunto entre a APTA e a Polícia Militar, que disponibiliza dados de rendimento e característica dos animais para a realização dos cruzamentos. “Dessa forma, conseguimos focar o cruzamento dos cavalos para as atividades de policiamento. Temos hoje um programa de melhoramento genético de equinos para este fim. Praticamente 100% dos animais disponibilizados pela APTA são considerados como adequados pela Polícia, ou seja, não temos rejeição”, afirma o pesquisador e diretor do Polo Regional de Colina, da APTA, Flávio Dutra de Resende. A “safra” de cavalos para 2021 e 2022 já está em criação na Agência, que disponibiliza de 20 a 30 animais por ano para a Polícia Militar.
Após o nascimento e desmame dos animais, são realizados o trabalho relacionado ao comportamento e a adoção de técnicas de manejo, que estimulam a docilidade desses potros desde cedo. Segundo a pesquisadora da Agência, Anita Schmidek, os cavalos são animais “assustados”, que veem o homem como um predador; por isso, a importância do desenvolvimento de trabalhos para a interação de ambos. “Gradativamente, junto com profissionais da Polícia Militar que ficam na nossa fazenda, vamos interagindo com esses equinos, para que eles tenham confiança em nós e em outras pessoas. Durante esses primeiros anos de vida, temos que dar vacina, remédio e curar o umbigo, por exemplo, que são ações que os animais não costumam gostar muito. Mas fazemos de uma forma diferente, sempre os respeitando e propondo atividades que eles estão prontos a realizar”, afirma. “Essa interação facilita muito o trabalho posterior que realizamos de doma e treinamento”, diz Hideki.
Quando chegam à Cavalaria, na capital paulista, os cavalos recebem treinamento dos policiais por, aproximadamente, seis meses, até estarem prontos para iniciar os trabalhos nas ruas de todo o Estado de São Paulo. Eles atuam nesse trabalho até atingirem, em média, 20 anos.
Equoterapia e desempenho esportivo
Além das ações de policiamento, os animais são usados em serviço social pela Polícia Militar, na área de equoterapia, um método terapêutico que usa cavalo para estimular o desenvolvimento neuropsicomotor de pessoas portadoras de algum tipo de deficiência neurológica, física, cognitiva ou comportamental.
Na área esportiva, os cavalos da raça Brasileiro de Hipismo produzidos pela APTA também são utilizados em competições de salto, adestramento e Concurso Completo de Equitação (CCE). “O desporto no Regimento de Polícia Montada “9 de Julho” é praticado com o intuito de trazer uma melhor simbiose entre policial e cavalo, para que o serviço à sociedade paulista seja prestado com maior eficiência e eficácia”, explica Hideki.
Por Fernanda Domiciano
Assessoria de Imprensa – APTA
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