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Pesquisador da Secretaria de Agricultura dá dicas que diminuem em até 75% a predação de peixes por outros animais

Um dos problemas enfrentados por piscicultores de tanques escavados é a predação de seus peixes por animais silvestres. As perdas na produção podem variar de 35% a 80%, dependendo da fase de vida dos peixes cultivados. Pesquisadores Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), dão algumas dicas com alternativas para os piscicultores reduzirem esses índices melhorando a atividade e diminuindo os custos de produção. Com o manejo proposto pela APTA, a taxa de mortalidade pode ser reduzida a 5%. Os investimentos em estrutura para melhorar os resultados de sobrevivência final se autopagam, muitas vezes logo na primeira safra.

Os estudos foram conduzidos no Polo Regional do Vale do Ribeira da APTA, nas cidades de Eldorado, Jacupiranga, Sete Barras, Pariquera-Açú, Cajati e Registro. O trabalho científico foi realizado no período de 2005 a 2014. Apesar de o trabalho ter sido feito no Vale do Ribeira, as dicas se estendem para outras regiões paulistas e brasileiras, pois as aves e mamíferos aquáticos são muito comuns em qualquer piscicultura. Entretanto, os mamíferos voadores com hábito de predar peixe são mais característicos da região estudada.

“O Vale do Ribeira concentra a maior área contínua de Mata Atlântica do País. A presença de aves e mamíferos voadores e aquáticos, de hábitos diurno e noturno, próximos aos viveiros é constante, influenciando diretamente as taxas de sobrevivência, por conta da predação”, explica o pesquisador da APTA, Antonio Fernando Leonardo.

O secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, destaca que as pesquisas que permitem maior produtividade para os criadores são de fundamental importância, pois promovem melhores resultados, otimizando a atividade econômica. “A tônica que o governador Geraldo Alckmin tem dado ao incentivo de melhores resultados para o agronegócio paulista vem sendo muito observada pelos institutos da Secretaria. Isso é fundamental para todos”, destacou.

Ataques por aves e mamíferos voadores
Os ataques mais comuns são por aves de hábito noturno e diurno, como garças e mergulhões. As perdas na produção, por conta do ataque desses pássaros e mamíferos podem chegar a 80%, dependendo da fase da vida dos peixes. As tilápias na fase alevino e juvenil têm taxa de predação de 20% a 30%. Nas carpas capins, na fase alevino e engorda, a predação é de 60% a 80%. As informações foram coletadas no Polo Regional do Vale do Ribeira e cinco propriedades rurais.
Uma dica dos pesquisadores da APTA é colocar sob os viveiros telas antipássaros. Outra opção é instalar uma tela de sombrite, com 50 cm de largura, costurada em um fio de arame fixo nas laterais. Esse segundo método foi testado no Polo Regional Vale do Ribeira, da APTA. “Foi realizada alevinagem em seis viveiros escavados de 200m² na densidade de estocagem de 15 peixes por metro quadrado, totalizando três mil alevinos em cada viveiro. Após um mês, foi realizada uma despesca. Os alevinos que foram colocados com três gramas no viveiro, estavam com 11g. A taxa de sobrevivência saltou para 90%”, afirma Leonardo.
O pesquisador da APTA explica que o sucesso dessa iniciativa se deu pela necessidade da garça em ficar em volta do viveiro para dar o bote certeiro no peixe. “Com essa estrutura, a garça não conseguia se aproximar e ao mesmo tempo ficava com medo, pois a tela se mexia com o vento”, diz.
Ataques por mamíferos aquáticos
Outra forma de ataque muito característico na região do Vale do Ribeira é a lontra, mamífero de hábito carnívoro. A lontra ataca durante a noite e, raramente, de dia, a não ser que encontre ambiente favorável para seu deslocamento, como áreas ao entorno da piscicultura, com grande vegetação ou valas de escoamento com capim exageradamente alto. “Geralmente, a lontra ataca viveiros com peixes de porte grande, mas não é uma regra. Ela pode atacar viveiros com exemplares em todas as fases da vida”, explica Leonardo.
Os pesquisadores da APTA conseguiram minimizar os ataques por meio de dois cachorros, de qualquer raça, com a função de não atacar nem matar a lontra, mas sim, passear o dia todo pela propriedade. O cheiro do animal é suficiente para espantar o predador. “A urina e o pelo molhado dos cachorros resultam em um odor forte, fazendo com que o cachorro não tenha a função de matar a lontra, mas sim, espantar”, afirma.
Ataques por predadores aquáticos
A traíra é um dos principais predadores relatados em pisciculturas. O pesquisador da APTA conta que um produtor que participou do estudo cobriu 70% de seu viveiro com tela antipássaro para a realização da fase de alevinagem de tilápia do Nilo. Após o povoamento nos primeiros 30 dias, ele ficou surpreso com o grande número de traíras. “O produtor resolveu passar a rede para contabilizar os peixes e para a sua surpresa, dos dez mil alevinos de tilápia do Nilo, encontrou dois mil alevinos com peso médio de 20 a 30 gramas e retirou 16 kg de traíra, com peso médio de 20g”, conta Leonardo.
O pesquisador sugere que após cada ciclo de produção, o produtor retire por completo a água de seu viveiro, evitando poços de água, que podem conter ovos de traíras e outras espécies que não fazem parte deste novo ciclo. O produtor deve fazer todas as limpezas necessárias e após sete dias, realizar uma calagem, utilizando calcário dolimítico. Após um dia com 30% do viveiro cheio de água, deve ser feita a incorporação do solo, remexendo o fundo do viveiro com um rastelo ou corrente. “Antes de encher o viveiro, o produtor deve colocar na entrada de água uma tela de nylon para evitar a entrada de peixes indesejáveis”, afirma o pesquisador da APTA.
Texto: Fernanda Domiciano
Assessoria de Imprensa – APTA
19 – 2137-0616/0613

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