O pesquisador do Instituto Agronômico (IAC-APTA), Paulo de Souza Gonçalves, receberá o prêmio B. C. Sekhar Award for Research Excellence 2018, no dia 23 de novembro de 2018, em São José do Rio Preto, durante o 11º Ciclo de Palestras sobre a Heveicultura Paulista, que começa no dia 22. O reconhecimento se deve ao trabalho desenvolvido ao longo de sua carreira e será feito pelo International Rubber Research and Development Board (IRRDB), referência em pesquisa do setor de heveicultura. O IAC é um membro associado recente do IRRDB, que anualmente premia dois pesquisadores nas categorias sênior e jovem. Os agraciados são indicados pelos 19 países membros do IRRDB, que seleciona dois. Gonçalves será agraciado na categoria sênior pela excelência na área de melhoramento genético da seringueira. Sua atuação gerou informações que contribuem para o aumento da produção de borracha natural no estado de São Paulo e no Brasil.
Os critérios na escolha dos agraciados envolvem o histórico profissional, que deve incluir excelente contribuição para a cadeia produtiva da seringueira, com pesquisa destinada a melhorar a qualidade de vida dos pequenos produtores.
Outro evento para o setor de heveicultura será o International Rubber Workshop: Good Agricultural Practices, de 19 a 20 de novembro de 2018, em Votuporanga, no Centro de Seringueira e Sistemas Agroflorestais do IAC. O Workshop busca a interação das instituições de pesquisa e profissionais ligados à produção de látex com o IRRDB para compartilhar conhecimentos e demandas. Além de pesquisadores brasileiros de diversas instituições nacionais, estarão presentes outros da Ásia, da América Latina e representantes da heveicultura paulista e brasileira.
No mesmo dia da homenagem, o pesquisador do IAC irá palestrar sobre os principais resultados dos clones IAC da chamada série 500, os mais recentes, mais produtivos e precoces já desenvolvidos pelo IAC.
Para Gonçalves, é uma grande honra receber essa homenagem. “Esse reconhecimento internacional pela pesquisa e clones desenvolvidos traz grande satisfação”, afirma. Ele é formado em agronomia pela Universidade Federal da Bahia, com mestrado em melhoramento florestal pela Universidade do Estado da Carolina do Norte e doutorado em genética e melhoramento de plantas pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo.
Com 46 anos de experiência, Gonçalves participou da importante expedição do IRRDB, em 1981, como líder da equipe do estado de Rondônia. A atividade resultou na coleta de germoplasma de inestimável importância para o desenvolvimento da heveicultura global. Ao longo de 31 anos de pesquisa no IAC, o pesquisador desenvolveu 31 clones de seringueira com destaque para os clones IAC da Série 500, que apresentam potencial produtivo de borracha até 74% maior em relação ao clone RRIM 600, além de vigor superior que possibilita antecipação do início da explotação em até dois anos.
O Estado de São Paulo atualmente é o maior produtor de borracha natural com aproximadamente 130 mil hectares e 50 milhões de seringueiras plantadas, distribuídas em 5000 propriedades, constituídas, principalmente,por pequenos produtores, que emprega mais de 20 mil trabalhadores.
Alta produtividade e precocidade que antecipa a sangria em dois anos
Os 15 clones mais recentes selecionados pelo IAC se destacam por terem produtividade maior que o material mais plantado em São Paulo atualmente, o importado da Ásia RRIM 600, que produz em torno de 1.500 kg por hectare, por ano. O IAC 502 – o mais produtivo dos selecionados – produz uma média de 2.640 kg de borracha seca, por hectare, 74% por hectare a mais, por ano. Essa produtividade maior somada à precocidade representa uma média de ganhos de quase 1.100 kg de borracha seca por hectare, por ano.
A produtividade é outro atrativo para os produtores rurais. A média de doze anos de produção dos clones IAC 502, IAC 511 e IAC 500, por exemplo, mostrou-se alta em relação ao RRIM 600, produzindo uma média anual com base em 12 anos de avaliação 2.640 kg por hectare, 2.155 kg por hectare por ano e 2.145 kg de borracha seca por hectare por ano, respectivamente.
Outra característica importante é a casca espessa existente nos clones IAC 503, IAC 500 e IAC 509 – característica que diminui o risco de o seringueiro atingir o lenho do caule da árvore. “Os três clones apresentaram também maior número de anéis de vasos laticíferos, revelando que são bons produtores de látex”, explica o pesquisador. Existe uma alta correlação entre o número de anéis de vasos laticíferos e a produção de borracha.
Os clones IAC 505, IAC 503 e IAC 510 apresentam ainda maior incremento do caule na pós-sangria. Isso significa que, mesmo após serem submetidos à sangria, essas plantas apresentam crescimento. “Aqueles clones que não possuem esse caráter, geralmente crescem na pré-sangria e depois param na pós-sangria, tornando-se suscetíveis à quebra pelo vento”, diz. Esse incremento do caule na pós-sangria tem reflexo também na produtividade, aumentando a produção em função da área de sangria.
O pesquisador do IAC destaca a importância de novas cultivares de seringueira adaptadas a diferentes regiões ecológicas para o sucesso da heveicultura. “Cultivares tidas como produtivas em algumas regiões do Brasil podem comportar-se diferentemente em outras áreas da região”, explica Gonçalves.
Para o pesquisador os dois objetivos principais do melhoramento genético da seringueira estão relacionados ao aumento de produtividade das plantas e à resistência ao mal-das-folhas na região do litoral. Buscando atender às peculiaridades próprias dessas regiões, o programa de melhoramento do IAC levou em consideração o fato de o Planalto Paulista não ter mostrado ataques epidêmicos da doença. Nessa região, verifica-se um período seco na época de reenfolhamento das plantas. São Paulo é o maior produtor de borracha natural no Brasil – 98% dos seringais paulistas encontram-se no Planalto, justamente por não ocorrer a doença. A região produz mais de 100 mil toneladas de borracha seca, por ano.
SERVIÇO
International Rubber Workshop: Good Agricultural Practices
Data: 19 a 20 de novembro de 2018
Horário: 8h às 17h30.
Local: Centro de Seringueira e Sistemas Agroflorestais, IAC, Votuporanga
Informações: 17-3422 2423
11o Ciclo de Palestras sobre a Heveicultura Paulista
Data: 22 e 23 de novembro de 2018
Horário: 8h às 18h.
Local: Ypê Park Hotel, São José do Rio Preto
Informações: www.apabor.org.br
Por Carla Gomes (MTb 28156) e Mônica Galdino (MTb 47045)