Seca prologada e efeitos decorrentes da geada intensificam os riscos de fogo
A seca prolongada e os danos causados pelas geadas intensificam os riscos de incêndio em seringais, de acordo com os pesquisadores da APTA Regional, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Elaine Cristine Piffer Gonçalves e Antônio Lúcio Mello Martins. Os pesquisadores orientam os heveicultores a tomarem alguns cuidados para prevenir a ocorrência dos incêndios e indicam ações que podem ser realizadas caso pegue fogo em áreas com a cultura da seringueira.
Segundo os cientistas, o primeiro ponto para a prevenção aos incêndios é a articulação com a comunidade, abordando aspectos de risco e prejuízos. A conscientização dos moradores rurais e funcionários para a não colocação de fogo em lixo doméstico e galhada de restos de culturas, por exemplo, é outro ponto fundamental, principalmente nesta época do ano, considerada de alto risco.
“É importante também fazer a identificação de áreas sensíveis e/ou de risco, como as próximas a rodovias, acessos a estradas e áreas atrativas à comunidade local, como as de pesca e rancho. Outra ação é a criação de obstáculos limitadores ao seringal, como a colocação de valeta, lombada e estradas com aceiro”, explica Elaine, que atua na APTA Regional de Colina.
Martins também orienta que os produtores façam a construção e manutenção de aceiros nas divisas das propriedades, ao longo de toda a estrada e ao entorno das áreas cultivadas. “O controle de plantas daninhas de forma adequada, para que não haja grande quantidade de matéria seca nos meses de maior risco de fogo, é também outro ponto de atenção. Quando houver alto risco de fogo e camada densa de folhas secas no chão, o heveicultor deve fazer uso de “soprador de ar” para varrer as folhas das bordaduras e das linhas próximas, evitando que o fogo se alastre”, explica o pesquisador da APTA Regional de Pindorama.
Elaine e Martins explicam que em áreas de alto risco de queimada, o produtor deve passar a grade nas bordaduras do seringal, mesmo que essa não seja uma prática recomendada para a cultura em fase adulta.
“Também orientamos que sejam realizados treinamentos de equipes especializadas para o combate ao fogo e que caminhões pipas ou tanques de água estejam cheios e prontos para eventuais emergências. É também importante que seja criado um plano de contingência em caso de ocorrências, com a identificação nas proximidades de brigadas capacitadas, caminhões pipas e bombeiros que podem ajudar no combate, auxiliando a equipe da propriedade rural”, afirma a pesquisadora.
As medidas preventivas listadas pelos especialistas poderão diminuir os riscos de ocorrência dos incêndios e minimizar os seus efeitos em florestas plantadas com seringueira. “Com todas essas medidas, caso haja incêndio, os seringais serão menos afetados, independentemente da idade”, afirma Martins.
Incêndios acabam provocando a erradicação de áreas com seringais
A ocorrência de incêndios em seringais acaba, na maioria das vezes, provocando a erradicação de seringais nas áreas, já que as plantas ficam improdutivas e acabam morrendo, principalmente se o seringal tiver plantas mais jovens, na fase de formação.
“Em seringais mais velhos, em sangria, a recomendação que tem mostrado efeitos positivos e conseguido salvar várias áreas é fazer a sangria das plantas em D/2 logo após a ocorrência de incêndios para que as plantas não estourem de dentro para fora, devido ao aumento da pressão de turgescência que há nestes casos. Dessa forma pretende-se mitigar prejuízos ambientais, sociais e econômicos”, alerta Elaine.
Por Fernanda Domiciano
Assessoria de imprensa – APTA
fdomiciano@sp.gov.br
gsalmeida@sp.gov.br