O entusiasmo levou a oportunidades que, mediante projetos, se tornaram realidade no setor sucroenergético. É assim que Marcos Guimarães de Andrade Landell, pesquisador da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo que receberá o Prêmio Norman Borlaug de Sustentabilidade 2019, resume sua carreira construída no Instituto Agronômico (IAC). A entrega do Prêmio, oferecido pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), ocorreu nesta segunda-feira, 5 de agosto de 2019, em São Paulo, no Congresso Brasileiro do Agronegócio.
“Sem dúvida, essa é uma das principais honrarias que um pesquisador científico de um instituto de pesquisa da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo poderia receber, pois é um reconhecimento nacional da nossa atuação nesses 37 anos, conferido pela Associação que representa todo o agronegócio brasileiro e não apenas o segmento da cana-de-açúcar”, avalia. Para Landell, esse reconhecimento mostra que os trabalhos do Programa Cana IAC, criado em 1989, estão sendo conhecidos além das fronteiras da cana.
O Conselho de Diretores da ABAG indicou os nomes de dois pesquisadores brasileiros e Landell foi escolhido pela grande maioria, segundo os organizadores do evento. No prêmio Personalidade, o homenageado, este ano, será o economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio-fundador da MB Associados.
“Penso que esse reconhecimento foi possível porque estamos inseridos em uma das maiores instituições de pesquisa do Brasil, o Instituto Agronômico, onde encontramos respaldo institucional, e junto a outros tantos pesquisadores que trilharam conosco esta longa estrada”, diz o agraciado.
O cientista que dá nome ao Prêmio ganhou o Nobel da Paz em 1970 por seus trabalhos como agrônomo, que resultaram no desenvolvimento de variedades de trigo e de um pacote de técnicas agrícolas. Suas pesquisas viabilizaram o aumento da produção de cereais, que salvou milhões de pessoas da fome. Norman Ernest Borlaug foi considerado o arquiteto da "Revolução Verde".
Segundo Landell, o fato de a homenagem ser prestada pela ABAG representa um envolvimento de todas as cadeias de produção da agropecuária nacional. “Extrapola o meu universo da canavicultura”, diz ao lembrar de vários prêmios já recebidos pelo setor sucroenergético.
Ao reforçar que o Prêmio resulta de um trabalho de três décadas em que muitas pessoas participaram, Landell agradece a todos que o apoiaram em suas atividades no Programa Cana IAC. “Fiquei muito emocionado e grato a Deus e à minha equipe, às usinas e às associações do estado de São Paulo e de outros dez estados do Brasil, das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, que sempre emprestaram um grande apoio para que pudéssemos realizar trabalhos relevantes para o setor”, diz Landell.
O Programa Cana IAC tem mais de 600 ensaios ativos na atualidade apenas na sua rede de experimentação para seleção e caracterização de novas variedades. Isso requer uma ação contínua e dinâmica da equipe de pesquisadores e técnicos, que chegam a cumprir distâncias anuais superiores a 500 mil quilômetros no Brasil.
Esse dado mostra o empenho da equipe em transferir aos usuários os pacotes de tecnologias desenvolvidas pelo IAC. Landell faz uma média de 60 palestras e treinamentos por ano. Os outros pesquisadores e agrônomos também mantêm atuação semelhante. Nesses eventos, os 145 profissionais que compõem a equipe na atualidade divulgam os resultados da ciência nas diversas áreas do conhecimento, que proporcionam saltos de produtividade, com sustentabilidade ambiental na canavicultura.
“Quando criamos o Programa Cana IAC, pensamos em um modelo que integraria as múltiplas áreas de conhecimento dos pesquisadores do IAC. Então diversos projetos foram criados, mantendo uma interface entre as muitas áreas integradas e enriquecendo a abordagem da investigação dos pontos prospectados junto ao setor de produção”, explica o líder da equipe.
Dentre as áreas de atuação do Programa Cana IAC estão os estudos de ambientes de produção, a seleção de variedades com perfis regionais e para uso forrageiro, o desenvolvimento do Sistema de Mudas Pré-Brotadas (MPB), a realização do maior censo varietal de cana-de-açúcar no Brasil, dentre outros. “Conseguimos, assim, nos tornar referência em tecnologia na canavicultura no Brasil e em outros países”, analisa.
Landell faz questão de citar os pesquisadores que estiveram com ele desde o início. “Quando ainda não se falava em virtualidade, criamos um programa de pesquisa virtual com gestão matricial. Assim com os experientes pesquisadores, Mário Campana e Pery Figueiredo, elaboramos um projeto virtual e procurávamos desenvolver as atividades, mesmo a distância”, diz.
O pesquisador explica que essa foi a maneira encontrada para otimizar os parcos recursos existentes no momento da instalação do Programa Cana e manter uma ampla interação entre os poucos pesquisadores da equipe, que atuavam na primeira década de existência do Programa. “Naquele momento, recebemos um importante apoio do doutor Manoel Ortolan da Canaoeste e da Copercana, que colocou os laboratórios de análise tecnológica e de solos à disposição dos projetos de cana do IAC”, recorda.
Landell agradece e destaca todo o apoio do IAC, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e da Secretaria. “O doutor Orlando Melo de Castro, como então diretor do IAC e depois como coordenador da APTA, nos apoiou desde 1994, com sua grande capacidade e dedicação, para que pudéssemos realizar esse contínuo trabalho, agora reconhecido pelo agronegócio nacional”, resume.
Por Carla Gomes (MTb 28156)
Assessora de imprensa – IAC