Servidores do Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, participaram da elaboração de guia voltado às boas práticas na vacinação contra brucelose em bovinos. O Guia Prático de Procedimentos para Vacinação contra Brucelose de Bovídeos, publicado pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária de SP, foi idealizado pela Comissão Técnica de Saúde Animal do CRMV-SP. Participaram da elaboração os profissionais do IB Ricardo Spacagna Jordão, Maristella Cardoso e Margareth Genovês (aposentada), além de técnicos da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), também da Secretaria, e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
“Há um problema, principalmente no campo, de infecção dos médicos-veterinários pela brucelose durante a vacinação”, aponta o médico-veterinário Ricardo Jordão. Ele explica que a contaminação é possível porque a vacina é feita com células vivas da bactéria causadora da doença (Brucella abortus). “Há um risco grande de se infectar no manuseio dos materiais, que é aumentado pelo fato de, muitas vezes, não se utilizar os EPIs (equipamentos de proteção individual) corretos”, alerta o especialista.
Conforme afirma, apesar de, por vezes, haver negligência, também há uma falta de orientação adequada ao profissional que realiza a vacinação. “A gente achou que seria importante ter um manual bem prático para dar suporte para os médicos-veterinários, evitando a contaminação. O Guia é justamente para isso: evitar a contaminação no trabalho, ocupacional”, pontua Jordão. Em alguns estados, acrescenta, existem vacinadores auxiliares, que também precisam ser treinados.
De acordo com Jordão, outra questão que pode ocorrer é não haver o descarte adequado dos materiais (seringas, frascos, etc), aumentando os riscos de infecção acidental. Há algum tempo, menciona, era comum enterrar e queimar os materiais, mas, em virtude do aumento da percepção dos impactos ambientais envolvidos, a prática deixou de ser uma opção. “Esse manual veio também para padronizar isso: o que fazer com os frascos, como descartar agulhas, etc. O intuito é orientar o médico veterinário no atendimento tanto da legislação sanitária quanto da ambiental”, defende o médico-veterinário do IB. A iniciativa, segundo ele, vem complementar as ações do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose. “Queremos trazer soluções práticas, que o profissional consiga fazer no seu dia a dia”.
Jordão exalta a experiência dos órgãos envolvidos, e em especial do IB, enquanto elemento central para a confiabilidade do material. O especialista lembra que o Instituto trabalha há muito tempo com a brucelose e é o responsável pela produção do antígeno necessário para diagnóstico da doença nos animais. “O IB possui também laboratório específico para diagnóstico de brucelose, com corpo técnico altamente especializado”, destaca o especialista. “São anos de pesquisa que vêm aproximar o laboratório do campo”, realça.
Perigo real
Apesar de haver uma baixa percepção do problema pela população em geral, a infecção por brucelose pode trazer danos sérios à saúde humana, com sintomas como fraqueza, tremores, febre, entre outros. Como elucida o especialista do IB, apesar de haver tratamento, o diagnóstico é bastante difícil, por não ser uma doença de rotina. “Por ser uma doença veterinária, o médico humano muitas vezes acaba não suspeitando do problema, mesmo que os sintomas estejam presentes”, alerta Jordão. Eventualmente, diz, uma pessoa pode passar anos com os sintomas sem que a doença seja corretamente diagnosticada. Por isso, é importante qualquer pessoa que trabalhe com vacinação contra a brucelose expôr o fato ao procurar o auxílio de profissionais de saúde.
O Guia Prático de Procedimentos para Vacinação contra Brucelose de Bovídeos do CRMV-SP está disponível na internet e pode ser obtido gratuitamente através deste link.
Por Gustavo Almeida
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