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Qualidade do ovo, bem-estar animal e saúde das aves são foco das pesquisas da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP

O trivial ovo de galinha, principal personagem dos mais variados pratos – desde um simples ovo estalado até um belo prato gourmet –, recebeu um dia só seu em outubro, o Dia Mundial do Ovo, este ano festejado em 9 de outubro. Por trás de um elemento tão pequeno e frágil existem muitos estudos realizados por instituições de pesquisa, como o Instituto de Zootecnia (IZ-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que se preocupa com qualidade do ovo, bem-estar e saúde das aves, além de informar corretamente os benefícios do ovo.

Os trabalhos de pesquisas na área são realizados pelo Laboratório Avançado de Aves e Ovos do Instituto de Zootecnia (LAVIZ), que analisa a qualidade de ovos comerciais [férteis e inférteis] com o equipamento DET6000-EGGTESTER. O local também desenvolve pesquisas com os sistemas de produção de aves poedeiras – galinhas ou codornas; indicadores de bem-estar animal; saúde intestinal – vilosidades e microbioma; dietas; e substitutivos a antimicrobianos.

Segundo o pesquisador do Centro de Pesquisa de Zootecnia Diversificada do IZ, José Evandro de Moraes, o Brasil tem avançado nas discussões em torno do bem-estar animal em sistemas produtivos de ovos comerciais, principalmente, por produtos orgânicos, que teve um aumento expressivo pela procura por estes alimentos. “Esse foco começou a ocorrer entre os anos de 2012 a 2013 e as vendas de orgânicos cresceram 48% em volume e 46% em valor de ovos”, destaca Evandro, que salienta que esse aumento também ocorreu com diversos produtos denominados orgânicos.

“Durante os eventos “Naturaltech e Bio Brazil Fair”, em 2018, foram divulgados alguns dados relevantes deste mercado de produtos orgânicos em geral, que movimenta, anualmente, mais de R$ 3 bilhões, com crescimento médio anual de 30%, e está entre os setores que mais crescem no Brasil”, detalha Evandro.

Para o pesquisador do IZ, as perspectivas de crescimento dos orgânicos são muito promissoras. Para que esse quadro permaneça é necessário seguir os padrões preconizados pelas certificadoras de produtos orgânicos. “O crescimento deste mercado só será afetado se houver problemas sanitários, de sazonalidade de alguns produtos, contrário a isso tem tudo para aumentar ainda mais.”

Bem-estar e os sistemas de criação

O consumidor está cada vez mais exigente com relação à origem de seus alimentos, se realmente são produzidos com bem-estar animal, respeito às pessoas e ao meio ambiente e, por isso, a sociedade cria muitos mitos sobre o ovo e o bem-estar das aves.

Evandro explica que há muitas informações equivocadas que condenam determinados sistemas de produção sem compreendê-los, prejudicando o consumo de ovos por falta de entendimento de seu funcionamento. “Nos últimos anos, a avicultura de postura é o sistema de produção animal que mais sofre críticas com informações deturpadas e fake news. É um mito dizer que com um simples manejo de alocar aves para o “chão” garante atendimento a todas as suas necessidades”, exemplifica Evandro.

Contudo, essa pressão resultou em iniciativas independentes pelo setor privado e linhas de pesquisa como o fomento para o desenvolvimento de sistemas e aperfeiçoamento do manejo de forma aliada aos anseios do consumidor, que preconiza a produção de aves livres de gaiolas com garantias de produtividade, segurança alimentar e sanitária.

Os sistemas de aves livres – cage-free ou free-range – carregam alguns desafios como a uniformidade produtiva do lote; qualidade de casca dos ovos e uniformidade na coloração da gema; presença de ovos de cama que apresentam maior risco de contaminação; exposição das aves a agentes infecciosos presentes no piso, cama, ninhos ou piquetes; dificuldades na apanha para realização de controle de peso, vacinação e descarte do lote; ambiência das áreas externas (piquetes) é mais difícil de ser manipulado.


Evandro destaca que o consumo de dietas também é maior nestes sistemas, pois as aves apresentam maior atividade em atendimento ao seu repertório comportamental, resultando em elevação de suas exigências nutricionais de manutenção e aumento do consumo alimentar, ao ser comparado aos sistemas de produção em gaiolas. “Além de ocorrer canibalismo, amontoamento das aves, principalmente quando se assustam ou quando vão dormir; falta de mão-de-obra qualificada; reduzida disponibilidade de linhagens melhoradas de alta produção para sistemas livres de gaiolas e custo de produção ainda elevado.”

Alimento com mais propriedades nutricionais

O ovo é o segundo melhor alimento em termos nutricionais para o ser humano, só perdendo para o leite materno. Ele apresenta aproveitamento proteico médio de 93%. O ovo é fonte de proteínas, lipídios, além das vitaminas A, D, E, K e do complexo B (B1, B3 e B12), com reduzidas calorias.

Nos mercados, são encontrados ovos brancos, vermelhos e orgânicos, mas do ponto de vista nutricional eles são semelhantes. “No caso dos brancos e vermelhos, são produzidos em sistemas convencionais, que podem ser com aves mantidas em gaiolas ou dentro de galpões com contato direto ao piso”, explica Evandro.

Orgânicos e enriquecidos

Os ovos orgânicos podem ser brancos ou vermelhos. Atualmente há prevalência do ovo vermelho, devido à preferência do consumidor. Contudo, Evandro salienta que a produção orgânica segue legislação específica e também é auditada por certificadoras para a garantia de que são mesmo orgânicos.

Já os ovos enriquecidos, como o próprio nome diz, apresentam valores de alguns nutrientes mais elevados quando comparados aos comuns, devido manejo alimentar especifico que a ave recebe.

“Entre as principais estratégias, podemos destacar a alteração da composição de lipídeos com a inclusão de ácidos graxos poli-insaturados e elevação da quantidade de vitaminas e minerais”, afirma o pesquisador.

Ele também detalha que o mais comum seria o ovo light ou ovo pufa, que são enriquecidos com ácidos graxos poli-insaturados. Direcionado muitas vezes para pessoas com problemas de saúde relacionados à ingestão de lipídeos.

Mitos e verdades

Com crescimento do acesso a informação, via internet, nem sempre as informações chegam de forma correta ou mesmo de forma compreensível ao grande público, por isso, ainda existem muitos mitos sobre o consumo de ovos.

Um dos principais mitos é o do colesterol, que há alguns anos está, maciçamente, sendo desmitificado.

Outro mito seria, de que ovos brancos são exclusivamente de aves “de granja”, e ovos vermelhos são de “aves caipiras”, e por isso um seria “menos nutritivo” que outro, ou um seria “mais sujo” que o outro.

É crescente também o movimento pelo bem-estar de animais de produção e o consumidor pode optar por produtos que se preocupem com isso, verificando se o ovo que ele quer adquirir vem de sistema certificado para o bem-estar animal.

Mas produtos diferenciados costumam ser menos acessíveis tanto na oferta quanto no preço, que pode variar muito dependendo de sua especificidade. Mesmo assim, o produto ovo, ainda é a fonte mais acessível de proteínas de origem animal, graças ao melhoramento genético, nutrição e manejo das aves. E, claro, com todos os cuidados sanitários da criação até a mesa.

O consumidor deve estar atento às condições da embalagem, integridade de casca e validade. Há muitas opções atualmente, e o que determina a escolha é a capacidade de compra e conceitos éticos. “Quando produzidos de forma correta todos os diferentes ovos são excelentes para nutrição humana”, finaliza Evandro.

Mais informações sobre os serviços prestados pelo laboratório Avançado de Aves e Ovos do Instituto de Zootecnia (LAVIZ) pelo e-mail evandro.moraes@sp.gov.br e telefones (19) 3476-0041 e (19) 99969-4088

Por Lisley Silvério

Assessoria de Imprensa - IZ

lisley@iz.sp.gov.br

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