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Roçadeira ecológica em conjunto com consórcio de braquiária ruziziensis amplia a produtividade de Tahiti em 30%

Pesquisa realizada pelo Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, registra aumento de produtividade de 30% na produção de lima ácida Tahiti em ensaios com adoção da roçadeira ecológica e do consórcio de braquiária ruziziensis. Esse uso conjunto constitui um novo manejo, que também demonstrou ser eficiente no controle das plantas daninhas, juntamente com a aplicação na linha dos citros de herbicida, que pode ser reduzido em 50%, como mostraram os experimentos. Esse manejo proporciona ainda grande aporte de nutrientes, principalmente de potássio na linha de plantio dos citros. Foram analisadas sete safras de lima ácida Tahiti com o uso dessa técnica, que também pode ser utilizada em outros citros.

“A novidade do nosso trabalho está na junção da roçadeira ecológica com a ruziziensis. A ecológica já era usada, mas há pouquíssimos estudos com ela. Nas propriedades é mais comum a braquiária decumbens, que é a que vemos na beira das rodovias e é muito agressiva aos citros”, explica Fernando Alves de Azevedo, pesquisador do IAC.

A pesquisa foi realizada, inicialmente, em parceria com a Fundação Agricultura Sustentável (AGRISUS), posteriormente com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). “Estamos trabalhando com esse manejo e em todos os ensaios os resultados são similares”, diz o pesquisador do IAC, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).

Esse modelo de roçadeira permite que a palhada da braquiária cortada seja depositada na linha de plantio dos citros (embaixo das copas), criando uma camada de resíduos vegetais. Quanto ao ganho de nutrientes gerado no solo, embora já tenham sido confirmados é indispensável o citricultor realizar amostras periódicas do solo e enviá-las para laboratórios especializados realizarem a análise química, para então definir sobre a necessidade de adubo.

Os citricultores interessados em adotar essa técnica de manejo conservacionista devem implantar a braquiária ruziziensis, antes do plantio do pomar, ou na entrelinha dos pomares já implantados e utilizar a roçadeira ecológica. A recomendação é de 10 quilos sementes de braquiária ruziziensis, por hectare. As sementes dessa forrageira custam cerca de R$10,00 o quilo. Já o preço da roçadeira lateral ecológica é 20% a 30% superior ao da convencional, porém o ganho de produtividade justifica esse investimento.

O cultivo de duas ou mais culturas é conhecido como consórcio. Essa prática é importante para a produção de frutas e de outras culturas e proporciona inúmeras vantagens econômicas e ambientais. Nos ensaios realizados pelo IAC, de 2010 a 2020, os pomares de citros foram intercalados nas entrelinhas com braquiária ruziziensis. Em todas as avalições, observou-se que essa forrageira proporciona ganhos na abundância de microorganimos no solo. Este benefício elevou a produtividade da lima ácida Tahiti quando comparado ao sistema convencional, que usa a braquiária decumbens e a roçadeira convencional.

“Em resumo, observou-se que a adoção da roçadeira ecológica proporciona menor distúrbio às atividades microbiológicas do solo, em decorrência da deposição da biomassa na linha de plantio. Outra observação foi que o uso do herbicida, nas doses corretas, não afetou a microbiota do solo”, afirma o pesquisador do IAC, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).

As espécies de braquiária estudadas produzem quantidades similares de biomassa nas entrelinhas do pomar. Porém, a ruziziensis se decompõe e libera nutrientes mais rapidamente, além de reciclar maiores quantidades de fósforo e potássio no solo. Outro benefício é sua menor resistência à seca, competindo menos por água com os citros nesse período. “A pesquisa concluiu que a braquiária ruziziensis é a melhor opção como planta de cobertura para a cultura de citros. Essa braquiária é menos agressiva que outras espécies, como decumbens e brizantha, que acabam competindo com os citros por água e nutrientes”, esclarece.

Embora seja uma técnica que existe há menos de 20 anos, a roçadeira ecológica tem grande adesão entre os citricultores. Em pesquisa realizada em 2017, por alunos do Grupo de Desenvolvimento em Citricultura do IAC, que entrevistaram 100 citricultores durante a Semana de Citricultura, as respostas demonstraram que 65% deles utilizam a roçadeira ecológica, mas apenas 5% a usam o consórcio com braquiária ruziziensis.

A roçadeira ecológica é um equipamento tratorizado muito utilizado na citricultura para cortar as plantas de cobertura que se encontram nas entrelinhas dos pomares. “Ela tem esse nome por possibilitar o corte das plantas de cobertura, da entrelinha, e lançá-las para baixo das copas de citros, na linha de plantio dos pomares formando assim uma camada de palha, chamada mulching”, explica. As roçadeiras convencionais cortam e mantêm a fitomassa no local, sem proporcionar o benéfico da palhada ao redor das plantas de citros.

Segundo Azevedo, a manutenção da entrelinha do pomar com plantas de cobertura é muito importante para a saúde do solo. Recomendada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a técnica faz parte da chamada Agricultura de Conservação, que recomenda nunca deixar o solo descoberto. No passado, a proteção do solo não era considerada e o manejo era realizado com uso de grades e arados. Essa ação gerava enormes perdas de solo devido à exposição às gotas de chuva, facilitando sua erosão e compactação.

“O uso de grades e arados nas entrelinhas causou perdas de solo por erosão, compactação do solo e aumento de pragas, pois a poeira favorece ácaros e cochonilhas nas plantas e doenças, como a gomose, que pode ser passada de planta a planta com o corte das raízes pela grade ou arado”, completa.

Por Carla Gomes (MTb 28156) e Mônica Galdino (MTb 47045)
Assessoria de imprensa – IAC

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