A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo iniciará pesquisa de vigilância epidemiológica em morcegos do Estado de São Paulo. O objetivo é avaliar o risco sanitário de doenças que ocorrem em morcegos hematófagos, insetívoros e frugívoros para identificar patógenos presentes nesses animais que podem ser transmitidos ao homem e também a animais de produção.
O projeto multidisciplinar será realizado pelo Instituto Biológico (IB-APTA) e contará com a Coordenadoria de Defesa Agropecuária, que fará a coleta dos materiais dos morcegos, além de profissionais da área de meio ambiente da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente de São Paulo e da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
O trabalho contará com recursos da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), que disponibilizou também insumos e equipamentos de proteção individual para o IB. O Instituto de pesquisa paulista também pleiteia recursos junto a outras agências de fomento.
De acordo com Liria Okuda, pesquisadora do IB, o projeto ainda está em fase de planejamento e deve ser iniciado em 2021. "Este projeto vai permitir o entendimento do papel do morcego na transmissão de novas doenças que possam afetar direta ou indiretamente o agronegócio brasileiro, assim como a saúde humana", explica Liria.
Segundo a pesquisadora, como não se sabe quais patógenos serão encontrados nesses morcegos, já que eles são animais silvestres, é importante se trabalhar com equipamentos de proteção individual tanto no campo como no laboratório, para evitar a contaminação dos profissionais. Esse projeto será desenvolvido no IB, já que a Instituição possui um laboratório de biossegurança nível 3, estrutura que permite processar amostras com segurança e evitar o risco de escape viral.
Para a realização da pesquisa será necessária a autorização das autoridades competentes, já que os morcegos são animais silvestres.
"A CDA através de suas equipes de controle de morcegos hematófagos, irá contribuir com as coletas estipuladas no projeto conforme o tipo de material necessário e a distribuição espacial necessária e possível, sendo que os espécimes somente de Desmodus rotundus dentro da quantidade possível ou em caso de outras espécies, se forem encontrados mortos ou moribundos", diz o médico-veterinário Guilherme Shin Iwamoto Haga da Secretaria, que junto à Coordenadoria de Defesa Agropecuária responde pelo Programa Estadual de Controle da Raiva dos Herbívoros.
IB realiza diagnóstico para Covid-19
O Instituto Biológico tem auxiliado no controle da pandemia do novo coronavírus realizando o diagnóstico da doença em seu Laboratório de Viroses de Bovídeos, localizado em São Paulo, e que conta com o nível de segurança 3. As análises se iniciaram no final de junho e até o momento já foram feitos 7.300 diagnósticos, aproximadamente.
"Fazemos parte da rede de laboratório do Estado de São Paulo para diagnóstico do Sars-CoV-2. Realizamos testes do tipo RT-qPCR, considerado padrão ouro pelas autoridades de saúde", explica Liria.
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e a Secretaria da Segurança Pública assinaram Termo de Cooperação para a realização dos diagnósticos nos agentes de segurança pública, para minimizar os efeitos da infecção e viabilizar o isolamento dos profissionais para evitar a transmissão da doença.
Em novembro deste ano, a JICA disponibilizou para o IB insumos e equipamentos de proteção individual (EPI), como auxílio às testagens. Ao todo, R$ 50 mil foram disponibilizados pela agência japonesa, em recursos financeiros e insumos. Os recursos foram pleiteados por Liria, que foi bolsista da JICA, onde realizou dois treinamentos, sendo um em segurança alimentar e o outro com febre aftosa.
Representantes da JICA estiveram no IB em 04 de novembro para conhecer a infraestrutura do Instituto. Participaram da visita o representante chefe da JICA - Brasil, Hiroshi Sato, representante do Escritório da JICA-São Paulo, Masanari Mase, Erina Akemi Aizawa, uma das responsáveis no acompanhamento deste projeto de follow up da JICA, Liria Okuda e a diretora do Instituto, Ana Eugenia de Carvalho Campos.
Por Fernanda Domiciano
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