Pesquisador do Instituto Biológico, da Secretaria de Agricultura, dá dicas para identificar a ocorrência dessa praga urbana em árvores das cidades
“Minha árvore tem cupins?” é uma dúvida muito frequente entre a população. Mas como saber se uma árvore está infestada? O pesquisador do Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Francisco José Zorzenon, explica o que são cupins e como eles podem ser identificados. Neste verão, a Secretaria faz uma série de textos especiais para tratar das chamadas pragas urbanas.
“Os cupins são criaturinhas incríveis, mas em alguns casos muito destrutivas. Eles são insetos atualmente considerados baratas pela ciência”, afirma. De acordo com Zorzenon, os cupins são insetos sociais, ou seja, possuem indivíduos que realizam diferentes tarefas em seu ninho, também chamado de colônia. Existem os cupins operários, que praticamente cuidam de tudo, desde a procura por alimento até a construção dos ninhos. Há os soldados, com a função de proteger a colônia de inimigos, como as formigas; e os reprodutores, chamados reis e rainhas, pais de todos os cupins da colônia.
“Em algumas espécies de cupins, os reis e rainhas podem viver por 20 a 30 anos ou mais. Uma rainha, dependendo da espécie, pode colocar mais de 30 mil ovos por dia. Por isso, algumas vezes, as colônias de cupins são enormes, semelhantes às cidades em sua devida proporção”, explica o pesquisador do IB.
Todos os cupins são agentes ecológicos importantes, pois possuem a função de decompor os vegetais, principalmente a madeira, estando ela na natureza ou mesmo nas cidades. Eles também servem de alimento para aves, sapos e peixes, por exemplo. “Mas da mesma forma em que são muito importantes para o meio ambiente, podem também ser considerados pragas levando à grandes prejuízos econômicos”, diz.
Cerca de três mil espécies de cupins são conhecidas no mundo e 300 delas, aproximadamente, são encontradas no Brasil. Entre as espécies, os cupins subterrâneos são os mais prejudiciais para as árvores. Chamados de cupins de solo, eles constroem suas colônias nas raízes de árvores, casas e prédios, sendo praticamente impossível de serem identificados.
“Qualquer árvore pode ser atacada por cupins, sendo que um ataque severo, associado a outros fatores, pode levar a queda da árvore prematuramente. Podas mal feitas, falta de adubação e espaço para as raízes, falta de planejamento e plantio de espécies inapropriadas ao local, vandalismos e descuidos em geral, favorecem o aparecimento de pragas e doenças nas árvores urbanas, o que causa transtorno, principalmente no período de chuvas, com a queda dessas árvores”, explica.
Como saber se a árvore está infestada?
Segundo o pesquisador do IB, existem sinais que podem mostrar se uma árvore está ou não com cupins, apesar de a identificação não ser tão fácil.
“Troncos e galhos com a presença de caminhos semelhantes a tubos ou cordões terrosos são um dos principais indicadores da presença de cupins de solo. Estes caminhos terrosos são formados por solo e fezes de cupins e servem como verdadeiras avenidas por onde passam os operários à procura por alimento e de soldados que os protegem. Observamos a presença dos insetos quando mexemos nesses caminhos e logo após, vemos uma grande quantidade de cupins saindo deles”, explica.
Outra dica é observar a revoada de siriris ou aleluias, saindo de ocos de árvores infestadas, sendo um forte indicativo da presença de ninho na planta. Sintomas como a queda prematura de galhos, amarelecimento e queda abundante de folhas fora de época, rachaduras e ocos em troncos e galhos, florescimento tardio, precoce ou não florescimento (fora de época), brotamento tardio, murcha, seca e morte da árvore sem motivo aparente, podem ser indicativos da presença de cupins.
Identificação profissional
O pesquisador do IB alerta que todos estes sinais são usados para a análise visual. Existem, no entanto, outros meios mais complexos e completos usados por técnicos profissionais governamentais ou particulares.
Uma das ferramentas é o uso de microcâmeras que, após serem introduzidas no interior dos troncos, mostram a presença dos cupins e seus danos. Aparelhos ainda mais sofisticados como o penetrógrafo ou resistógrafo (equipamentos com uma espécie de broca muito fina e sensível) conseguem dizer como está o tronco em relação a sua resistência.
“Há ainda os aparelhos chamados tomógrafos de árvores, onde é possível formar imagens na tela de computadores e “enxergar” internamente o tronco da planta e ver o seu estado quanto a presença de cavidades e áreas comprometidas”, afirma.
Em épocas mais quentes e chuvosas, os cupins promovem um espetáculo da natureza
Apesar dos transtornos, os cupins promovem um grande espetáculo da natureza nos períodos mais quentes e chuvosos, como na Primavera e Verão. São as chamadas revoadas, em que os machos e fêmeas alados (os futuros reis e rainhas), popularmente conhecidos por siriris ou aleluias, voam para achar seus pares, procurar por um novo local, acasalar e fundar novas colônias.
“Eles saem de seus ninhos geralmente em dias de maior umidade e ao entardecer, voando aos milhares. Nesta hora, muitos animais como aves, lagartos, sapos e outros bichos, realizam verdadeiros banquetes, comendo os cupins e diminuindo significativamente a possibilidade de formação de novos casais e futuros ninhos”, explica o pesquisador.
Por Fernanda Domiciano
Assessoria de imprensa – APTA
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