Pesquisador do Instituto de Pesca explica o crescimento da piscicultura no país
O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) divulgou, em Brasília, na última semana (31/10), a edição 2023 do Boletim da Aquicultura em Águas da União. De acordo com o relatório, a produção aquícola encerrou o ano de 2022 com um total de 119,4 mil toneladas de pescado, incluindo peixes, moluscos – mexilhões, ostras, vieiras e algas. Esse valor representa um aumento de 25% em comparação com os dados registrados em 2021.
Segundo Eduardo Medeiros, pesquisador e vice-diretor do Instituto de Pesca (IP-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, “isto mostra um cenário de crescimento para Aquicultura. São números que muitas vezes são difíceis de serem encontrados, pois existe ainda dificuldade na coleta deste tipo de informação, mas o balanço apresentado pelo MPA, sugere otimismo”.
Medeiros complementa que no estado de São Paulo o esforço foi na ampliação de linhas de crédito para os pequenos aquicultores paulistas, por meio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, com o programa FEAP - Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista, que oferece linha de crédito para apoiar o Projeto de Aquicultura e Pesca Sustentável.
Os dados do boletim apontam que a atividade gerou cerca de 22 mil empregos, sendo 4.400 diretos e 17.600 indiretos. Atualmente, existem 1.464 contratos vigentes entre a União e aquicultores brasileiros.
Espécies mais cultivadas no Brasil
A piscicultura em tanques-rede produziu 109.618,71 toneladas de peixes nos reservatórios de hidrelétricas, representando 91,7 % da produção aquícola em águas da União. A principal espécie produzida foi a tilápia. O reservatório que mais produziu peixes foi o de Ilha Solteira, na divisa dos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, com produção de 30,3 mil toneladas em 2022.
Segundo o Boletim, ao comparar a produção declarada em 2022 com a informada em 2021, a tilápia manteve sua 1ª posição no ranking de volume, com crescimento de 29,05% em relação ao ano de 2021.
Vale ressaltar que o Brasil é o 4º maior produtor mundial de tilápia, atrás somente da China, Indonésia e Egito, com potencial de crescimento para os próximos anos.
De acordo com Medeiros o aumento da produção, principalmente da tilápia, no estado de São Paulo “se deve à alta do uso de grandes reservatórios de água com a modalidade de cultivo em tanques-rede, mas, também, são observadas pequenas inciativas principalmente na produção de alevinos, na modalidade de Sistemas de Recirculação para Aquicultura (SRA) e no cultivo em tanques escavados”.
A produção de moluscos no mar, incluindo mexilhões, ostras e vieiras, foi de 9,2 mil toneladas. Os principais grupos de moluscos cultivados em águas da União foram o mexilhão (Perna perna) com 7.096,33 toneladas produzidas, o que corresponde a 76,1% do volume total. Seguida da ostra do Pacífico (Crassostrea gigas) com 2.038,80 toneladas; ostras nativas (Crassostrea spp.) com 173,89 toneladas, e; vieira (Nodipecten nodosus) com 16,88 toneladas produzidas.
Já a produção de algas acumulou 124 toneladas, com destaque para a Kappaphycus alvarezii como a principal espécie utilizada. Essa alga é matéria-prima para extração de carragena, espessante usado na indústria de alimentos. Para ter acesso ao Boletim da Aquicultura em Águas da União, clique aqui.
Por Andressa Claudino
Comunicação Instituto de Pesca