Data da postagem: 29 Março 2007
Estimativas feitas pelas consultorias de redução da área de soja nos Estados Unidos na safra 2007/08, que começa a ser plantada em abril, e a alta do petróleo provocada pelo aumento das tensões entre Irã e Inglaterra provocaram ontem uma forte alta nos contratos de todo o complexo soja negociados na bolsa de Chicago.
O contrato de soja com vencimento em julho valorizou 13,50 centavos de dólar, ou 1,7%, para US$ 7,8660 por bushel. O contrato do farelo para julho valorizou US$ 4 (ou 1,8%), para US$ 223,30 por tonelada e o contrato do óleo, com vencimento no mesmo mês subiu 63 pontos (1,9%), para 32,88 centavos de dólar por libra-peso.
"Alguns traders imaginavam que isso iria acontecer porque o mercado já vinha de uma semana de preços em queda", afirmou Renato Sayeg, da Tetras Corretora. Ele observa que cerca de 78% das operações em Chicago foram feitas por fundos de investimento. "O movimento foi uma proteção do mercado financeiro sobre as perspectivas de maior queda da área plantada nos Estados Unidos", disse.
Analistas de 15 consultorias e empresas do setor estimam que a redução da área plantada nos EUA ficará em torno de 8,5%, dos 30,6 milhões de hectares cultivados no ciclo 2006/07 para 28 milhões na safra que se inicia. Alguns especialistas, no entanto, apostam em uma redução de até 12%. O Departamento de Agricultura americano (USDA) divulga a sua primeira estimativa nesta sexta-feira.
No Brasil, os negócios travaram em função da alta nos preços internacionais da soja e da valorização do real frente ao dólar. Em Rondonópolis (MT), o preço médio da saca subiu 1,9% no dia, para R$ 26,50. Eduardo Godoi, analista da Agência Rural, acrescentou que a maior parte da safra colhida já foi comercializada. Até o dia 13%, 51% da safra brasileira havia sido vendida, sendo que no Estado do Mato Grosso esse índice chegava a 72%.
A colheita, segundo a Agência Rural, também avança. Levantamento da consultoria aponta que a colheita no país já alcança 55% da área cultivada, contra 52% em igual período do ano passado.
No Mato Grosso, como se previa, a colheita se encerrará mais cedo. Até terça-feira, 93% dos 5,3 milhões de hectares plantados no Estado já haviam sido colhidos, contra 86% no mesmo período de 2006. "No médio norte, que representa 40% da produção do Estado, a colheita está praticamente concluída", diz Godoi. O clima, observa, também favorece o avanço da colheita no Paraná, que já atinge 70% da área plantada, Mato Grosso do Sul (72%), Goiás (68%) e São Paulo (50%). No Rio Grande do Sul e Santa Catarina, onde os produtores priorizam a colheita do milho (mais sujeito às intempéries climáticas), a colheita chega a 7% e 10% da área, respectivamente. (CB)