Em 12 de outubro é comemorado o Dia do Engenheiro Agrônomo, profissional com vasta área de atuação no meio rural e urbano e fundamental para a produção de alimentos e matérias-primas e, consequentemente, o sucesso do agro paulista e brasileiro. Para homenageá-los, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo conta a trajetória de uma de suas pesquisadoras científicas formada na área e mostra a atuação de técnicos extensionistas e da Defesa Agropecuária da Pasta.
“A gente vê a reciprocidade no produtor em busca de informações”, diz pesquisadora e agrônoma do IAC, que desenvolve estudos em agrometeorologia
Nos últimos dias de calor intenso, a agrônoma e pesquisadora do Instituto Agronômico (IAC), Angelica Prela Pantano, tem atendido jornalistas até no início da noite para comentar sobre as altas temperaturas. Para ela, não tem tempo ruim quando o assunto é clima. Solícita, como a descreveu uma jornalista que a entrevistou recentemente perto das 19h, a agrônoma da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, poderia estar atuando na área jurídica. Na fase pré-vestibular, era o Direito que a atraía. Mas, as circunstâncias da vida na pequena Bandeirantes, no interior do Paraná, conduziram-na à agronomia, universo em que a maioria é masculina, justamente numa cidade onde a tradição era cursar magistério.
Na pessoa desta cientista, é homenageada toda a categoria neste 12 de outubro, Dia do Engenheiro Agrônomo, profissional que atua para auxiliar a ampliar a capacidade da produção agrícola, considerando os aspectos técnico, ambiental e socioeconômico. Atualmente, 182 engenheiros agrônomos atuam como pesquisadores e servidores de apoio no IAC, Instituto Biológico, Instituto de Economia Agrícola, Instituto de Pesca, Instituto de Tecnologia de Alimentos e Instituto de Zootecnia, além de 11 Polos Regionais que formam a Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócios (APTA).
“Ser agrônoma é uma realização, tive essa oportunidade e me identifiquei”, resume Angelica. Ela tinha 17 anos quando terminou o segundo grau, no município que, à época tinha 25 mil habitantes, e tem a agricultura como base da economia. “Embora fizesse o magistério com muito carinho, não era isso que eu queria”. Ela sonhava fazer direito, mas a família não tinha condições de mantê-la em outra cidade. Ainda assim, prestou o vestibular do curso desejado. Porém, a data da prova da segunda fase do exame coincidiu com a do curso de Agronomia e ela optou por fazer a prova deste. Afinal, a faculdade de Agronomia ficava na sua cidade e sua mãe trabalhava lá, o que lhe possibilitaria ter bolsa de estudo de 50%.
Angelica iniciou a faculdade em 1992 e concluiu em 1996. Fez Especialização em Biologia Vegetal na mesma faculdade e, em 1997, foi para o mestrado na Universidade Estadual de Londrina, com estudo já direcionado para climatologia, área em que atua no IAC. Ela quis sair da pequena cidade e procurar algo melhor. Solange, sua irmã nove anos mais velha, permaneceu com a mãe, a dona Tereza, em Bandeirantes. “As duas sempre me apoiaram, minha família sempre foi muito humilde e minha mãe trabalhou muito para eu estudar, então eu achava eu que tinha que continuar”, recorda. Angelica acreditava que numa cidade pequena, o meio para mudar de vida seria pelo caminho do estudo. E foi o que ela fez.
Para dar continuidade na mesma área de pesquisa, a jovem mudou de estado e veio para Piracicaba, cursar doutorado na Esalq/USP. Ao finalizá-lo, em 2005, foi aprovada no concurso público e ingressou em maio daquele ano como pesquisadora do IAC. “Foi estudando que eu consegui chegar a um concurso e ser aprovada”. Também naquele ano, conheceu Marcelo, seu marido, que sempre a apoiou. Após dois anos e meio trabalhando na unidade do IAC, em Assis, transferiu-se para Campinas, seguiu no grupo de climatologia e se casou. O marido sempre a apoiou nas viagens de campo, necessárias para a pesquisa científica. Mesmo depois de ter dois filhos, João Paulo, com 10 anos, e Pedro Henrique, com sete, as viagens permanecem e seu marido fica com as crianças. Os pequenos gostam do trabalho da mãe agrônoma e, por vezes, visitam seu trabalho. Para conciliar a carreira e a família, acorda bem cedo e termina tarde da noite.
Ser pesquisadora do IAC é um orgulho, apesar das dificuldades. “Trabalhar com oliveira tem sido um desafio, conhecer uma nova cultura para o estado de São Paulo e para o Brasil é recompensador, a cada safra a gente conhece produtores diferentes”, diz. O clima influencia diretamente a oliveira e o cafeeiro, as duas culturas com as quais mais trabalha.
De uns três anos para cá, Angelica tem sido muito procurada para falar com jornalistas sobre clima e impactos na agricultura. Sua disponibilidade não se encerra com o final de expediente. Ela atende mesmo fora do horário de trabalho. “Esforço-me para atender às solicitações de jornalistas, gosto e fico feliz; alguns aspectos não conseguimos atender porque foge da esfera do IAC, como previsão do tempo”, diz.
Trabalhar com clima foi uma experiência muito boa. Na faculdade, as aulas de agrometeorologia eram muito difíceis, achava descontextualizadas. “Hoje eu vejo relação em tudo”, comenta. E o humor da agrônoma, está mais para dias ensolarados ou cinzas? “O céu azul é maravilhoso, mas o dia cinza também tem seus benefícios, a chuva é necessária; pra mim um dia nublado também é bom. Na maioria dos dias, eu tento ver o lado bom das coisas, embora não seja fácil todos os dias”. Quem a conhece, dirá que ela consegue. Parabéns agrônomas e agrônomos!
Extensão rural: engenheiro agrônomo faz o agro mais forte e o produtor protagonista de sua história
Na Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS), órgão responsável pela extensão rural no Estado de São Paulo, 418 engenheiros agrônomos atuam na linha de frente da Secretaria, dedicando-se à promoção do desenvolvimento rural sustentável, ao levar conhecimento, tecnologia, inovação, capacitação, assistência técnica e políticas públicas a milhares de produtores rurais. “Como resultado desse trabalho, pode-se dizer que hoje há mais sustentabilidade, cidadania, gestão, emprego, renda, qualidade de vida e segurança alimentar no campo e na cidade”, avalia o engenheiro agrônomo José Luiz Fontes, coordenador da CDRS, que atua há mais de 30 anos na profissão.
A formação em Engenharia Agronômica fornece uma base para atuação em várias frentes, mas aqueles que escolheram a extensão rural como ideal profissional permeiam a sua vida de uma maneira muito próxima ao produtor rural e à sua família e costumam se tornar parte das famílias as quais atendem nas mais diversas áreas: crédito rural, políticas públicas, novas tecnologias, práticas sustentáveis, Boas Práticas Agropecuárias, planejamento e gestão da propriedade, tendo em vista as cadeias produtivas desenvolvidas na região.
Os engenheiros agrônomos que optaram pela extensão rural têm presente em suas ações a capacitação do produtor; a orientação para melhor aproveitar as políticas públicas oferecidas; o treinamento para o uso de novas tecnologias; a participação em programas e projetos, entre outros. Auxiliam o produtor em momentos de crises, de aparecimento de doenças e pragas, bem como oferecem soluções alinhadas com a pesquisa e capacitando produtores das mais diversas áreas para a inovação e as alternativas que se apresentam, de forma a fortalecê-los como produtores rurais.
Ferramentas como Dias de Campo, debates e rodas de conversa abordam do cultivo orgânico ao convencional, criação de pequenos e/ou grandes animais, uso de irrigação e /ou estufas, hidroponia ou a céu aberto, uso de telados de variadas cores, entre tantas outras técnicas. Cabe aos engenheiros agrônomos da extensão, ao lado de profissionais com as mais diversas formações, fortalecer as associações e cooperativas de produtores rurais e trabalhar de forma integrada às instituições e aos demais órgãos das esferas federal, estadual e municipal.
Engenheiros agrônomos da extensão rural também passaram a integrar e compor Unidades Técnicas de Engenharia (UTEs) que promovem a recuperação de estradas rurais, com vistas não só a permitir uma livre e fácil locomoção, mas o direito ao melhor escoamento da produção e aos benefícios que garantem a cidadania, como saúde, educação, meios de comunicação. Os engenheiros agrônomos das UTEs são igualmente responsáveis por elaborar planos de Recuperação de Áreas Degradadas por Grandes Erosões (Radge), tornando terras desvalorizadas em áreas novamente incorporadas pelo produtor e produtivas. Tais projetos têm o aporte de R$ 15 mil para o produtor rural ter suas terras recuperadas e atender à legislação ambiental.
O engenheiro agrônomo que escolheu ser servidor público na extensão rural atua com diversidade de interesses e foco na sustentabilidade social, econômica e ambiental. São movidos por ideias e ideais que elevam a agricultura familiar ao mesmo patamar de qualidade e competitividade em relação aos grandes e médios produtores. Ser engenheiro agrônomo na extensão é fazer uma escolha e compactuar com todas as questões que fortalecem a agricultura paulista.
Engenheiro Agrônomo na Defesa Agropecuária
Os 274 profissionais engenheiros agrônomos que atuam junto à Coordenadoria de Defesa Agropecuária destacam-se por zelar pela sanidade das lavouras, pela preservação do solo agrícola, pela melhoria da qualidade de vida do produtor e do meio ambiente. No desenvolvimento de suas funções em defesa sanitária, são responsáveis por coroar o ciclo produtivo vegetal contribuindo pela sanidade das culturas e pela certificação dos alimentos que chegam à mesa do consumidor e por garantir à população, o consumo de alimentos saudáveis e de qualidade, trabalhando com responsabilidade, na construção de uma agricultura cada vez melhor e competitiva.
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