Pequenos produtores rurais de Araçatuba, interior paulista, contarão com informações da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto Biológico (IB-APTA), para lidar com doenças importantes da pecuária leiteira: mastite e carrapato. O instituto de pesquisa paulista realizará treinamento do Programa de Sanidade em Agricultura Familiar (Prosaf), em 29 de novembro de 2016, a partir das 8h30. O manejo inadequado das doenças pode reduzir, significativamente, a produção de leite e levar os animais a morte.
O evento é coordenado pelo Instituto Biológico e a Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Araçatuba da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA). A Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) e o Sindicato Rural Alta Noroeste (SIRAN) são parceiros da iniciativa.
Os carrapatos fazem parte da vida dos bovinos de corte e leite. A infestação com a praga, em níveis baixos, é importante, inclusive, para manter a imunidade dos animais evitando que eles adquiram a “Tristeza Parasitária Bovina”, doença causada pela babesia e pelo anaplasma. As altas infestações, porém, são graves e causam incômodo e perda de sangue. O resultado são animais estressados e com baixa produção de leite.
De acordo com a pesquisadora da Secretaria que atua no IB, Márcia Cristina Mendes, o controle da praga é feito, principalmente, com o uso de carrapaticidas, sendo que o uso constante de produtos químicos seleciona os carrapatos resistentes, o que diminui sua eficácia.
Márcia explica que o controle dos carrapatos deve ser feito de modo racional, sendo necessária a realização do biocarrapaticidograma, um exame simples e barato. “A análise dos carrapatos (fêmeas ingurgitadas) mostrará qual o grupo químico do carrapaticida que o produtor precisa usar e a frequência nos tratamentos para que haja o controle efetivo”, afirma a pesquisadora. O uso de carrapaticida inadequado e a aplicação malfeita no animal pode acelerar a resistência do carrapato ao produto e levar resíduos de carrapaticidas para o leite.
Apesar das vantagens e baixo custo – cerca de R$ 20,00 para analisar uma centena de carrapatos – o exame ainda é pouco procurado pelos pequenos e médios produtores. “Normalmente, eles se orientam nos balcões das lojas, vizinhos ou representantes”, afirma a pesquisadora.
O Instituto Biológico mantém o Laboratório de Parasitologia Animal, em São Paulo, que realiza o biocarrapaticidograma. Durante o Prosaf, Márcia explicará como deve ser feito o controle do carrapato, além da coleta para envio ao laboratório. “Esperamos que essa transferência de tecnologia estimule os produtores a realizarem o exame, fundamental para o controle estratégico da praga”, afirma.
Mastite
A mastite é uma doença inflamatória da glândula mamária, podendo afetar um ou mais tetos, com ocorrência mais frequentes em ruminantes. A inflamação do úbere do animal pode resultar na perda de cerca de 20% da produção de leite. O tratamento da doença é feito com o uso de antibióticos, e também neste caso, é necessário realizar exames laboratoriais para identificar qual o melhor antibiótico para ser usado no animal.
O IB realiza este teste no Laboratório de Bacteriologia Geral, em São Paulo. O custo das análises é cerca de R$ 40,00. “Esse custo é muito baixo, quando comparamos o preço do antibiótico para um animal de 500 quilos, aproximadamente, como os bovinos de leite. Identificar o melhor produto fará com que o problema seja solucionado mais rápido e que o produtor não gaste dinheiro com uso errado de antibiótico que não terá o efeito desejado”, afirma Alessandra Nassar, pesquisadora da Secretaria de Agricultura que atua no instituto.
Alessandra explica que além da perda de produtividade, a doença tem relação direta com o menor preço do leite conseguido pelo pecuarista. Isso porque o leite dos animais infectados tem mais bactérias. Quanto mais bactérias no produto, menor sua classificação e valor de mercado. “Às vezes o produtor não entende porque a contagem bacteriana do leite que produz é tão alta. Uma das causas pode ser a mastite”, diz.
A mastite, segundo a pesquisadora, pode ser evitada com a higienização bem feita e o uso de ordenha mecânica. “Após a ordenha é necessário fazer a limpeza do úbere e colocar o animal em um local que não seja úmido e sujo, para que ele não se contamine”, explica.
A orientação é que os animais doentes sejam separados no momento da ordenha. Ao final do processo, o leite dos animais contaminados deve ser descartado. “Existem duas formas de mastite, a contagiosa, transmitida entre os animais, e a ambiental. Durante o Prosaf, vamos transferir conhecimento sobre os dois tipos, os sintomas, a prevenção, o diagnóstico e o manejo”, diz Alessandra.
Prosaf
Lançado em 2009, o Programa de Sanidade em Agricultura Familiar (Prosaf) já auxiliou cerca de dois mil produtores rurais paulistas a melhorarem a sanidade vegetal e animal em suas propriedades. Com ações de curto, médio e longo prazo, os pesquisadores do IB identificam as pragas e doenças que ocorrem nas propriedades e propõem técnicas de manejo para melhorar a produção. Resultado: aumento da renda, melhoria na qualidade dos produtos ofertados aos consumidores, redução do uso de produtos químicos e produção com sustentabilidade.
“O Prosaf é um programa muito importante, pois transfere conhecimento e tecnologia para os pequenos e médios produtores. Uma das orientações do governador Geraldo Alckmin é justamente dar atenção aos produtores familiares”, afirma Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
O programa, coordenado pelo IB, é realizado em parceria com as unidades regionais da APTA, Cati, prefeituras municipais, associações de produtores e cooperativas.
SERVIÇO
Prosaf Mastite e Carrapato
Data: 29 de novembro de 2016
Horário: a partir das 8h30
Local: Auditório “Fábio Salles Meirelles”, Recinto de Exposições “Clibas de Almeida Prado”
Endereço: Av. Alcides Fagundes Chagas, Nº 600, Portão 08 – Bairro Aviação – Araçatuba/SP
Inscrições: (18) 3623-0447 - vlmcurci@apta.sp.gov.br/ santoniali@apta.sp.gov.br
Por Fernanda Domiciano
Assessoria de Imprensa – APTA