O que muda o mundo, a economia, a sociologia, a psicologia, a ‘esoteria’ ou a individualidade? Com esse questionamento, o jornalista e publicitário José Luiz Tejon Megido iniciou sua palestra na quarta-feira, dia 28 de setembro de 2016, no auditório do Instituto de Economia Agrícola (IEA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, na Capital. O evento faz parte da programação do Ciclo de Seminários Estudos IEA, e contou com a presença de pesquisadores, estudantes de graduação e pós-graduação e profissionais que atuam nas áreas de agricultura e meio ambiente.
Existe uma revolução no agronegócio iniciando e em andamento no Brasil, chamada de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta – o famoso sistema ILPF, explicou Tejon. Isso significa que, em uma mesma propriedade, os produtores gerenciarão, ao mesmo tempo, a produção de grãos e de vegetais, com gado - a proteína animal - e ainda gerar árvores, inclusive frutíferas ou mesmo nativas.
Tudo ao mesmo tempo, com ganhos sensacionais em sustentabilidade e na imagem do agro brasileiro para o mundo. O ILPF oferece um retorno maior sobre o investimento do que o sistema exclusivo de agricultura ou de pecuária. Além disso, “também se mostra importante pela diversificação das fontes de renda, principalmente em uma atividade em que o produtor precisa pensar a longo prazo e ter consciência dos riscos incontroláveis do curto prazo, como clima, dólar e custos”, afirmou Tejon.
Organismos internacionais indicam o Brasil como o celeiro do mundo e ressaltam que a produção agropecuária brasileira precisa crescer mais de 40% para atender à demanda global por alimentos. Sendo assim, “o País poderia adotar como missão o slogan: saciar a fome do mundo e gerar a paz”, sugeriu o jornalista, afirmando que, de acordo com seu feeling, em 2026, o Brasil estará produzindo o dobro do que produz hoje. Crescerá em produtos e mercados, afirmou.
No entanto, a soma das partes é maior que o todo e não existe uma agricultura isolada, mas é preciso considerar cada elo da cadeia produtiva. Por isso, o novo produtor tem que ser um mutante, dialogar com as várias áreas de preparação do solo à economia, de logística à exportação, passando por climatologia, legislação sanitária e tributação, “tendo em mente que as incertezas são sempre certas”, ressaltou o jornalista.
Realidade é o que você percebe
“As pessoas comem ciência”, afirmou Tejon. Os consumidores se preocupam com a origem, o percurso e o modo de produção dos alimentos. O agronegócio tem sido extremamente competente em sua organização dentro e fora da porteira no que diz respeito à apresentação de um produto de qualidade, inclusive reconhecido internacionalmente, mas ainda não é capaz de comunicar essa eficiência e eficácia ao consumidor final, explicou.
Os habitantes da cidade, consumidores do agronegócio, se não forem educados, podem considerar a ciência como um ‘Frankenstein’. A mudança ocorre quando o cidadão começa a se alimentar de produtos provenientes da ciência. “Provavelmente, hoje uma semente de milho tem mais tecnologia do que um celular. Então, é necessário educar constantemente esse cidadão. E sem a utilização da mídia não conseguiremos fazê-lo”, afirmou Tejon. O grande desafio é como dialogar com a grande massa da população, para um agronegócio que não está só dentro da porteira, nem estacionou na agroindústria, muito menos nos supermercados. É algo que vai para as mentes e percepções.
Tejon citou a Coca-Cola como exemplo de um produto que soube se “vender”. De acordo com ele, as pessoas não compram o artigo, mas sim o sentimento de liberdade, felicidade e plenitude que estão associados a ele. A campanha que está sendo exibida pela Rede Globo, chamada “Agro é Pop”, produzida pela própria emissora com o objetivo de fortalecer o agronegócio no País, vai nesse sentido. “As pessoas passaram a consumir saúde, sensorialidade, bem-estar, natureza. Não se consome bebida ou comida, mas sim os derivados do ponto de vista das mentes humanas. É um jogo complexo, mas uma oportunidade gigantesca”, concluiu.
O papel da Secretaria de Agricultura
Nesse contexto, o papel da Secretaria de Agricultura é de esclarecimento, orientação e liderança desse mundo agro, afirmou Tejon. “Vejo uma Secretaria muito competente, inclusive na ampliação do diálogo com a sociedade urbana, que é algo fundamental para os novos tempos, não só falarmos para o campo, para a produção, nossos técnicos, mas nos comunicarmos com o cidadão urbano, com a sociedade, e o secretário Arnaldo Jardim tem feito isso”, afirmou Tejon.
A comunicação, prosseguiu Tejon, tem um papel sine qua non – expressão que se originou do latim e pode ser traduzida como “sem a qual não pode existir” – a percepção que os seres humanos têm daquilo que está sendo feito. “Não basta fazer, você tem que persuadir. Então a Secretaria de Agricultura, na minha forma de ver, deu um salto de qualidade em diálogo e comunicação. Ainda tem muita coisa a ser feita, como divulgar as coisas que a Secretaria tem nos seus vários órgãos, para que isso fique ainda mais visível não só para os paulistas mas para toda a sociedade brasileira”, concluiu Tejon.
Por: Nara Guimarães
Fotos: Paulo Prendes (disponíveis no link https://www.flickr.com/photos/agriculturasp/albums/72157674552291605)
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