É possível identificar padrões espaciais de distribuição e associações de espécies de peixes demersais (recursos pesqueiros da coluna d´água associados ao fundo marinho) com dados da frota comercial. Esta é uma das conclusões do estudo “Análise da estrutura da comunidade de peixes demersais da plataforma continental e talude superior do sudeste brasileiro vulneráveis à pesca de arrasto-de-fundo”, que Samantha Okubo da Silva apresentou ao Programa de Pós-graduação em Aquicultura e Pesca do Instituto de Pesca (IP-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, para a obtenção do título de metrado. Ela foi orientada pelo pesquisador Antônio Olinto Ávila da Silva, diretor da Unidade de Controle Estatístico da Produção Pesqueira do Instituto.
Esses resultados dão subsídios a políticas públicas para o setor pesqueiro, no sentido da melhor utilização dos dados pesqueiros para o manejo de pescarias multiespecíficas, observa Samantha. “A proteção dos locais de pesca é vital para estudos baseados em ecossistemas e também para o manejo pesqueiro, bem como para reconhecer que as populações não devem ser consideradas independentemente de seu ambiente.”
O estudo de Samantha teve como objetivo identificar padrões espaciais de distribuição e associação das principais espécies demersais, tendo como base informações de captura e esforço provenientes de operações comerciais de pesca com arrasto-de-parelha e arrasto-duplo-de-fundo na Bacia de Santos, com desembarques registrados em São Paulo entre os anos de 1990 e 2005. Com isto, ela buscou também verificar a viabilidade da utilização de informações pesqueiras na investigação da estrutura das comunidades marinhas.
Na ausência de um conhecimento mais completo de outros fatores, essa pesquisa apresenta resultados que constituem um primeiro passo para conhecer a distribuição de importantes locais de pesca.
Na região Sudeste-sul do Brasil, a pesca de espécies demersais é praticada por meio de diferentes artes de pesca, tais como: arrastos-de-parelha e de-portas, linha-de-mão, espinhel-de-fundo, rede-de-emalhe e covos.
Segundo o estudo, as parelhas dirigem suas capturas aos peixes dermersais mais costeiros, em regiões até cerca de 80 metros de profundidade, enquanto os arrastos-duplos, além de capturarem peixes demersais costeiros, vem explorando regiões com profundidades por vezes muito superiores a 100 metros.
As pescarias de arrasto de fundo, como o arrasto-de-parelha e de-portas, são tradicionais no Estado de São Paulo, havendo registros oficiais de seus desembarques desde a década de 1940. Nas primeiras décadas de atuação, essas pescarias exploravam principalmente áreas da plataforma interna para a captura de algumas espécies como camarão-rosa, camarão-sete-barbas, corvina, pescada-foguete e goete.
No entanto, com a queda das capturas dessas espécies devido à sobrepesca, ao longo da década de 1990 observou-se a expansão das áreas de pesca e a diversificação das capturas, diz Samantha. “No final da década de 1990 e no início dos anos 2000, acentuou-se esse processo devido principalmente à expansão da pesca demersal para áreas profundas, em parte fruto da ação descontrolada de embarcações arrasteiras e também da atuação de embarcações estrangeiras, arrendadas por empresas nacionais a partir de um programa do governo federal, visando ao desenvolvimento da pesca oceânica e de profundidade em todo o país.”
A característica de multiespecificidade dessas capturas implica a necessidade de um plano de manejo que considere a comunidade como um todo e não uma única espécie como a base de estudo, aponta a pesquisa. “Sob essa ótica, informações sobre a distribuição e associação das espécies são fundamentais não só para os estudos ecológicos e para o entendimento dos estoques multiespecíficos, mas também para a definição de estratégias de manejo e de seus níveis de produção sustentáveis por área.”
Samantha revela que muitos estudos sobre associação de espécies já foram desenvolvidos na região Sudeste-sul do Brasil com base em dados de cruzeiros de pesquisa que, embora forneçam informações de grande precisão, podem apresentar limitações de abrangência geográfica, temporal e de densidade de pontos de coleta (adaptação do texto do jornalista Antonio Carlos Simões).
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