Data da postagem: 05 Março 2015
O mercado mundial de leite enfrentou questões que influenciaram significativamente os preços dos lácteos, em 2014. Os destaques foram a Rússia da entrada de produtos lácteos de países da União Europeia (UE), Estados Unidos e Austrália. Segundo a pesquisadora do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA), Rosana Pithan, China e Rússia são os maiores importadores de lácteos do mundo. O IEA é coordenado pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Os fatores apresentados acima, somados ao aumento da produção em tradicionais países produtores de leite, levaram a um excedente de produção no mercado internacional e, consequentemente, do volume disponível para exportação, provocando redução de preços em grande parte desse ano. Além disso, a oferta internacional tem se mostrado maior que a demanda.
“No Brasil, o ano de 2014 foi de mercado firme com crescimento da produção.
Do lado das exportações, o cenário foi favorável aos produtos brasileiros. Segundo os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), em 2014 o Brasil aumentou seu faturamento com as exportações de lácteos em 254,3%. As expectativas de vendas brasileiras para Rússia, após o embargo, se concretizaram”, afirma Pithan.
De acordo com a pesquisadora do IEA, em 2014 o clima seco afetou diferentemente a produção em cada uma das regiões do Estado de São Paulo. No geral, houve dificuldade para se produzir leite em função das más condições dos pastos causadas pelas temperaturas altas e falta de chuvas. Isso levou à necessidade de suplementação alimentar do gado. Alguns produtores tinham silagem e isso atenuou os custos para produzir leite.
Houve regiões em que os produtores investiram na produção, em função dos bons preços de 2013. Esse fator pode ter refletido em aumento de oferta de leite. No entanto, essa não foi a regra. Como o mercado não foi favorável em 2014, os produtores, a princípio, não pensam em investir neste ano. Devido ao baixo crescimento econômico, houve impacto na renda dos brasileiros e o consumo de lácteos e derivados teve queda. Neste cenário, o resultado foi o aumento de estoques.
Segundo o IEA, a produção de leite no Estado de São Paulo, em 2012 e 2013, teve queda, recuperando-se em 2014, mesmo com a seca em algumas regiões. O resultado foi o aumento de estoques que pode ter ocorrido em função da disponibilidade de alimentos como o milho e silagem (em algumas regiões). O rebanho paulista também apresentou crescimento, como consequência dos investimentos feitos.
Em 2015, as expectativas são de diminuição de oferta, tanto no Brasil quanto nos principais países produtores e exportadores, pois com preços baixos e estoques elevados, o setor produtivo deve refrear os investimentos. A tendência é que a inflação e o dólar continuem subindo e isso afetará o mercado.
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Texto: Nara Guimarães
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