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O milho firma-se como commodity

Embora o milho tenha se transformado em produto de exportação nos últimos anos, houve períodos em que o País foi obrigado a importar o cereal. Esta situação está mudando e, esperamos, para valer. Com o uso intenso do milho para a produção de etanol nos EUA, as cotações do produto subiram como um foguete no mercado internacional, estando cotado atualmente a US$ 3,60 o bushel, 53% a mais que a média histórica (US$ 2,35 o bushel). Isso deu origem à controvérsia quanto ao uso de um alimento básico para a produção de energia nos EUA, provocando protestos em países em que o consumo humano é elevado. De outro lado, como o frango pertence à chamada cadeia do milho, os avicultores também se ressentem do reajuste de preço das rações. Esta, porém, é uma discussão que diz respeito à produção agrícola americana, uma vez que no Brasil o etanol é produzido a partir de cana, com vantagens econômicas indiscutíveis sobre o álcool de milho, o que afasta a possibilidade de uso, em larga escala, de alimentos para produzir combustíveis. O fato é que a opção americana teve um efeito direto sobre a produção brasileira de milho. Prevê-se que neste ano será obtida no Brasil, em duas safras, a maior produção de milho de nossa história, estimada em 48,7 milhões de toneladas. Como o consumo interno é calculado em 39 milhões de toneladas, há um bom excedente exportável, estando já contratada grande parte das vendas para o exterior. No ano passado, a exportação de milho em grãos carreou divisas no valor US$ 481,88 milhões, quatro vezes o total de 2005 (US$ 120,86 milhões). As previsões para este ano são de que o País poderá vender para o exterior 7,5 milhões de toneladas de milho, pelo menos, o que representaria um ingresso total de US$ 1,3 bilhão a US$ 1,4 bilhão, praticamente triplicando a receita obtida no ano passado. Com isso, o milho firma-se como uma das principais commodities agrícolas exportadas pelo Brasil. Há uma certa preocupação quanto à possibilidade de o País continuar mantendo esse ritmo no futuro. Isso porque, em certas áreas, o diferencial de rentabilidade pode favorecer a cana-de-açúcar em importantes áreas do Centro-Oeste, em razão do encarecimento do preço da terra, dado o aumento da demanda, e do uso mais intenso de fertilizantes pelos produtores de milho, muitos deles ainda endividados. Os técnicos, porém, afirmam que existe espaço para as duas culturas. O que provavelmente vai ocorrer é que parte das áreas destinadas a pastagens pelo gado passará a ser utilizada para cultivar milho. Isso exigirá dos pecuaristas mudança nos métodos de criação extensiva, mas não tende a prejudicar a produção de carne bovina e leite, embora possa influir nos preços. A situação poderia ser amenizada, segundo alguns técnicos, se a cotação do dólar fosse mais favorável, permitindo aos produtores usufruírem melhor das altas cotações no mercado internacional. Seja como for, o que está acontecendo com a produção brasileira de milho é mais um dado a considerar ao se analisar a verdadeira revolução que está ocorrendo no campo no Brasil. O País não apenas vem se tornando uma fonte de importância global na produção de biocombustíveis, mas consolida sua posição como um dos grandes celeiros do mundo.(fonte: Gazeta Mercantil)

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