Termo de cessão de matrizes de alga marinha do Instituto de Pesca (IP-APTA) e de cooperação técnica foi assinado, no dia 25 de novembro, pelo secretário-adjunto de Agricultura e Abastecimento, Antonio Júlio Junqueira de Queiroz, com o prefeito municipal de Ubatuba, Eduardo de Souza César, e o vice-presidente da Associação de Maricultores do Estado de São Paulo (AMESP), José Luis Alves. O trabalho de cultivo no Brasil da alga marinha Kappaphycus alvearezii foi desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Pesca em parceria com pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP).
“Das algas, são extraídas as gelatinas que são utilizadas amplamente nas diversas indústrias, como as de cosméticos, alimentícia, de couros, fotográficas, de papel, cervejaria etc.”, disse a secretária municipal de Agricultura, Pesca e Abastecimento de Ubatuba, Valéria Cress Gelli, que é pesquisadora do IP. “O cultivo de algas só será uma atividade geradora de trabalho e emprego se vencermos conjuntamente todos os desafios da cadeia produtiva.”
Entre os desafios, ela citou o envolvimento do setor produtivo (setor pesqueiro e maricultores capacitados); parcerias com órgãos públicos como Ministério da Pesca e Aquicultura, IBAMA, Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Institutos de Pesquisa e CATI; incentivos fiscais na cadeia de produção; regularização do decreto federal 4869 para requisitos ambientais de cessão de águas públicas; assistência técnica e extensão rural; oferta de novas tecnologias de produção, mecanização do sistema, secagem das algas; e programa de escoamento da produção.
José Luis Alves (AMESP) comemorou a oportunidade de cultivar algas num momento em que o mercado está pronto, depois de muitos anos de trabalho da pesquisa. O diretor do IP, Edison Kubo, e o pesquisador Ricardo Toledo Lima Pereira fizeram um resumo da história da alga no Brasil que começou no final da década de 1980 quando se começou o “trabalho criterioso de prospecção” nas Filipinas e no Japão.
O secretário Antonio Júlio Junqueira de Queiroz disse que a parceria com a prefeitura de Ubatuba vai permitir o avanço dos trabalhos e sugeriu à AMESP que apresente bons projetos ao FEAP (Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista) e ao Programa de Microbacias Hidrográficas II. Já o prefeito Eduardo Cesar lembrou que a presença de técnica e empresários, respectivamente nas secretarias municipal e estadual, faz a diferença e dá segurança aos dirigentes políticos na tomada de decisões.
O secretário-adjunto da SAA e o prefeito de Ubatuba, acompanhados do coordenador da APTA, Orlando Melo de Castro, diretores de Institutos de Pesquisa e pesquisadores também visitaram as instalações reformadas e modernizadas do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento do Litoral Norte do IP. Na ocasião, foi inaugurado o auditório da unidade que leva o nome do pesquisador Sérgio Ostini, falecido recentemente.
Cultivo de algas, uma opção
O mercado mundial de carragenanas tem apresentado crescimento de cerca de 5% ao ano nos últimos 30 anos, segundo o pesquisador Ricardo Pereira. O atendimento da demanda somente foi possível graças ao cultivo comercial de K. alvearezii, fonte de carragenana kappa, e de Eucheuma denticulatum, fonte de carragenana iota, estabelecidos no início da década de 1970 nas Filipinas.
Atualmente, a produção anual dos cultivos realizados neste país, somada aos da Indonésia, Malásia, Kiribati, China e Tanzânia, ultrapassa 1,2 milhão de toneladas de algas, com o valor estimado de U$ 500 milhões e o emprego de cerca de 50.000 famílias. Pereira ressalta que K. alvarezii responde por mais de 70% dessa produção e, que para atender à demanda crescente de carragenanas, o cultivo de algas deverá se expandir nos países onde atualmente são cultivadas, bem como em outras regiões tropicais.
O Brasil importa cerca de 2.000 toneladas por ano de carragenanas ao preço médio de US$ 8,2 por quilo. A produção nacional é inferior a 10 toneladas ao ano de carragenana refinada do tipo kappa, sendo obtida a partir de Hypnea musciformis (Wulfen) Lamouroux, coletada no litoral do nordeste, diretamente dos bancos naturais ou atiradas à praia. Os estoques naturais desta espécie são limitados e imprevisíveis para permitir a expansão desta produção, de acordo com o pesquisador do IP.
A demanda do mercado brasileiro viabilizou, recentemente, a instalação de uma indústria no Estado de São Paulo, que produz cerca de 600 toneladas anuais de carragenana kappa semi-refinada, a partir de 3.000 toneladas de alga seca (Kappaphycus spp) importadas anualmente das Filipinas. Seguindo esta tendência, indústria localizada na Paraíba também passou a importar matéria-prima para complementar sua produção. “O estabelecimento do processamento no Brasil, embora a partir de matéria-prima importada, representa um avanço para a redução da nossa dependência do produto acabado, embora continuemos a depender da matéria-prima.” Daí a importância da produção de matéria-prima no Brasil, explica Pereira.
É positivo para a continuidade do projeto o fato de que o Brasil dispõe de um bom mercado consumidor do produto final (carragenanas), ainda dependente da importação, tanto do produto acabado quanto da matéria-prima, considera Pereira. Além de indústrias de processamento localizadas na região nordeste e, mais recentemente, na região sudeste, vivem no Brasil comunidades de pescadores com poucas alternativas de emprego e em condições precárias ao longo do litoral.
Daí a importância de novos experimentos envolvendo a comunidade de maricultores, dos quais dependem análises realistas da viabilidade econômica dos cultivos comerciais. Por ser
uma espécie exótica, estes experimentos devem ser feitos somente num programa coordenado com diversos setores da sociedade, explica Pereira. “Tal programa deve considerar o ciclo produtivo como um todo, isto é, cultivo, monitoramento ambiental, processamento e comercialização para permitir a avaliação das relações entre custos e benefícios econômicos, sociais e ambientais.”
Assessoria de Comunicação da APTA
José Venâncio de Resende
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