A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), realiza pesquisa para avaliar variedades de cana-de-açúcar mais adequadas para a produção de açúcar mascavo, visando à maior qualidade do produto e agregação de valor.
A pesquisa está sendo conduzida na Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento da APTA em Jaú, em conjunto com o Programa Cana do Instituto Agronômico (IAC). A pesquisa envolve as variedades de cana desenvolvidas pelo IAC como IACSP 97-4039, IACSP 93-3046, IACSP 95-5000, IACSP 96-3060 e IACSP 95-5094. Também estão sendo avaliadas variedades de outros programas de melhoramento genético, como RB 86 7515, RB 96 6928 e SP 81 3250.
O açúcar mascavo pode ser uma importante fonte de renda para os canavicultores por ter alto valor agregado. O setor, porém, é carente de informações técnicas, predominando conhecimentos tácitos e empíricos. “Buscamos contribuir com informações que, possivelmente, atenderão às necessidades dos produtores de açúcar mascavo, como ajustes tecnológicos ao processo de produção em escala artesanal, para a obtenção de um produto com padrão de qualidade que atenda às necessidades e demandas do mercado consumidor”, afirmou a pesquisadora da Secretaria, Elisangela Marques Jeronimo, que atua na APTA
Além de testar as variedades, a APTA realiza estudo para utilização do bicarbonato de sódio para melhorar a limpeza e cristalização da sacarose para a produção do açúcar mascavo. A purificação e a limpeza do caldo da cana são as etapas mais importantes no processo de produção de açúcar.
No setor de produção do açúcar mascavo são predominantes os conhecimentos informais, com falta de informações técnicas. “Há gargalos a serem resolvidos, devido à carência de padrões de identidade e qualidade adequados e a deficiência do controle dessa qualidade durante a produção, estocagem e comercialização, que inclusive se tornam barreiras a serem superadas para maior avanço desses produtos no mercado interno e externo”, disse Elisangela.
A pesquisadora destacou que um pacote de um quilo de açúcar refinado custa em torno de R$ 2 no supermercado. A mesma unidade do açúcar mascavo pode chegar a custar de R$ 14 a R$ 20 para o consumidor final. Porém, na cadeia de comercialização, tudo depende da escala de produção e da possibilidade de ocorrência de intermediários entre o produtor e o consumidor. Há casos em que indústrias de médio porte comercializam lotes de açúcar mascavo a granel a partir de R$ 2 a R$ 3 o quilo. “É um produto destinado a um nicho de mercado que tem crescido nos últimos anos. Pode ser uma importante fonte alternativa de renda para a agroindústria familiar”, afirmou.
Os produtores brasileiros não têm o hábito de usar agentes de clarificação do caldo e a limpeza se limita à retirada de impurezas flotadas, como bagacilhos, ceras, proteínas, gravetos, utilizando peneiras e, no momento da fervura do caldo, escumadeira. “Como na indústria de açúcar mascavo o caldo não sofre tratamento intenso para limpeza e clarificação, o colmo da cana deve ser recém-colhido, limpo, isento de impurezas orgânicas e minerais”, explica Elisangela.
A pesquisadora ponderou que o produto não deve utilizar cana queimada ou com sinais de pragas e doenças, pois qualquer impureza que acompanhe o colmo poderá comprometer a produção, pois a obtenção do ponto de cristalização é dependente da maturação e qualidade da matéria-prima.
Açúcar mascavo
O açúcar mascavo é obtido por meio da evaporação do caldo da cana e deve conter pelo menos 90% de sacarose, isento de matéria terrosa, parasitas e detritos animais ou vegetais. Apesar de conter componentes nutricionais, especialistas na área de nutrição esclarecem que, assim como o refinado, o açúcar mascavo deve ser consumido com moderação.
De acordo com o secretário de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim, o consumo de açúcar mascavo tem crescido devido à valorização de produtos naturais na alimentação humana, como parte de uma dieta saudável. “O produto é rico em minerais, como cálcio, ferro, potássio e zinco, além de vitaminas e energia, diferentemente do açúcar cristal branco, produzido para atingir teores de sacarose acima de 96%, sem a presença desses componentes nutricionais. É uma determinação do governador Geraldo Alckmin investirmos na saudabilidade dos alimentos, além de ser uma opção de renda para o produtor”.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o consumo permaneça em até 10% das calorias diárias. “A preferência pelo açúcar mascavo não deve ser pelo teor calórico, mas por seu maior valor nutricional e por não ter sido quimicamente refinado”, explica Elisangela. A pesquisadora da APTA indica que os consumidores que desejarem começar a utilizar o produto, comecem a incluí-lo na culinária doméstica, para o preparo de pães e bolos, por exemplo, e até mesmo no café.
Por Fernanda Domiciano
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