Melhorar a qualidade de vida dos agricultores e dos alimentos produzidos nos diversos municípios paulistas é o objetivo do Programa de Sanidade em Agricultura Familiar (Prosaf), coordenado pelo Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Em 1º de setembro de 2016, pesquisadores do IB realizarão o Prosaf Qualidade do leite: carrapato bovino e mastite, em Pindamonhangaba, interior paulista.
Durante o evento, os pequenos e médios produtores da região do Vale do Paraíba receberão treinamento em duas doenças importantes nos bovinos de leite: carrapato e mastite. O manejo inadequado das doenças pode reduzir significativamente à produção de leite e levar os animais a morte.
Os carrapatos fazem parte da vida dos bovinos de corte e leite. A infestação com a praga, em níveis baixos, é importante, inclusive, para manter a imunidade dos animais evitando que eles adquiram Tristeza Parasitária Bovina, doença causada pela babesia e pelo anaplasma. As altas infestações, porém, são graves e causam incômodo ao animal e perda de sangue. O resultado são animais estressados e com baixa produção de leite.
Segundo a pesquisadora do IB, Márcia Mendes, o controle da praga é feito, principalmente, com o uso de carrapaticidas, sendo que o uso constante de produtos químicos seleciona os carrapatos resistentes, o que diminui sua eficácia.
A pesquisadora do IB explica que o controle dos carrapatos deve ser feito de modo racional, sendo necessária à realização de um exame simples e barato: o biocarrapaticidograma. A análise dos carrapatos (fêmeas ingurgitadas) mostrarão qual o grupo químico do carrapaticida que o produtor precisa usar e a frequência nos tratamentos para que haja o controle efetivo, afirma Márcia. O uso de carrapaticida inadequado e a aplicação mal feita no animal pode acelerar a resistência do carrapato ao produto, tendo ainda como consequência resíduos de carrapaticidas no leite.
Apesar das vantagens e baixo custo cerca de R$ 20,00 para analisar uma centena de carrapatos o exame ainda é pouco procurado pelos pequenos e médios produtores. Normalmente, eles se orientam nos balcões das lojas, vizinhos ou representantes, afirma a pesquisadora.
O Instituto Biológico mantém o Laboratório de Parasitologia Animal, em São Paulo, que realiza o biocarrapaticidograma. Durante o Prosaf, Márcia explicará como deve ser feito o controle do carrapato, além da coleta para envio ao laboratório. Esperamos que essa transferência de tecnologia estimule os produtores a realizarem o exame, o que é fundamental para o controle estratégico da praga, afirma.
Mastite
A mastite é uma doença inflamatória da glândula mamária, podendo afetar um ou mais tetos, mais frequentes em ruminantes. A inflamação do úbere do animal pode resultar na perda de cerca de 20% da produção de leite. O tratamento da doença é feito com o uso de antibióticos, e também neste caso, é necessário realizar exames laboratoriais para identificar qual o melhor antibiótico para ser usado no animal.
O IB realiza este teste no Laboratório de Bacteriologia Geral, em São Paulo. O custo das análises é cerca de R$ 40,00. Esse custo é muito baixo, quando comparamos o preço do antibiótico para um animal de 500 quilos, aproximadamente, como os bovinos de leite. Identificar o melhor produto fará com que o problema seja solucionado mais rápido e que o produtor não gaste dinheiro com uso errado de antibiótico que não terá o efeito desejado, afirma Alessandra Nassar, pesquisadora do instituto.
A pesquisadora do IB explica que além da perda de produtividade, a doença tem relação direta com o menor preço do leite conseguido pelo pecuarista. Isso porque o leite dos animais infectados tem mais bactérias. Quanto mais bactérias no produto, menor sua classificação e valor de mercado. Às vezes o produtor não entende porque a contagem bacteriana do leite que produz é tão alta. Uma das causas pode ser a mastite, diz.
Segundo Alessandra, a mastite pode ser evitada com a higienização bem feita e o uso de ordenha mecânica. Após a ordenha é necessário fazer a limpeza do úbere e colocar o animal em um local que não seja úmido e sujo, para que ele não se contamine, explica.
Alessandra orienta que os animais doentes sejam separados no momento da ordenha. Ao final do processo, o leite dos animais contaminados deve ser descartado. Existem duas formas de mastite, a contagiosa, transmitida entre os animais, e a ambiental. Durante o Prosaf, vamos transferir conhecimento sobre os dois tipos, os sintomas, a prevenção, o diagnóstico e o manejo, diz Alessandra.
Prosaf
Lançado em 2009, o Programa de Sanidade em Agricultura Familiar (Prosaf) já auxiliou cerca de dois mil produtores rurais paulistas a melhorarem a sanidade vegetal e animal em suas propriedades. Com ações de curto, médio e longo prazo, os pesquisadores do IB identificam as pragas e doenças que ocorrem nas propriedades e propõem técnicas de manejo para melhorar a produção. Resultado: aumento da renda, melhoria na qualidade dos produtos ofertados aos consumidores, redução do uso de produtos químicos e produção com sustentabilidade.
O Prosaf é um programa muito importante, pois transfere conhecimento e tecnologia para os pequenos e médios produtores. Uma das orientações do governador Geraldo Alckmin é justamente dar atenção aos produtores familiares, afirma Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
O programa, coordenado pelo IB, é realizado em parceria com as unidades regionais da APTA, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), prefeituras municipais, associações de produtores e cooperativas.
SERVIÇO
Prosaf Qualidade do leite: carrapato bovino e mastite
Data: 1º de setembro de 2016
Horário: 8h30 às 11h
Local: Polo Regional Vale do Paraíba da APTA
Endereço: Av. Dr. Antônio Pinheiro Júnior, 4009, bairro Ponte Alta (Km 98 da Rodovia Presidente Dutra), Pindamonhangaba SP
Inscrições no local ou telefones (12) 3642-1823/ 3643-2022
Por Fernanda Domiciano
Assessoria de Imprensa APTA