Pesquisadores do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, apresentam no “VI Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil”, no período de 2 a 5 de junho em Vitória (ES), o trabalho “Estrutura produtiva da cafeicultura paulista”. Trata-se da primeira sistematização de dados do setor obtidos pelo projeto Levantamento Censitário de Unidades de Produção Agrícola do Estado de São Paulo (LUPA) 2007/08.
Os pesquisadores Vera Lúcia F. dos Santos Francisco, Celso Luis Rodrigues Vegro, José Alberto Ângelo e Carlos Nabil Ghobril, a partir do projeto LUPA, caracterizaram a estrutura produtiva dessa lavoura, assim como elementos do perfil sócio-econômico do cafeicultor. O estudo mostra que existem 211,5 mil hectares em 21.742 unidades produtivas de cafezais implantados, em relação a 220,3 mil hectares e 25.047 unidades de produção no censo de 1995/96. “Houve significativa redução no número de unidades produtoras de café no Estado, ou seja, em 12 anos desapareceram 15,20% das propriedades em que antes havia a lavoura de café.” Porém, houve acréscimos em número de plantas quando comparado ao levantamento de 1995-96. “Constatou-se processo de delimitação mais acentuado dos cinturões cafeeiros distribuídos pelo Estado e na densidade dos estandes.”
Ainda conforme a pesquisa, a colheita mecânica abrangeu 25% da área paulista cultivada com café. De acordo com o perfil do cafeicultor, em 60% da área cultivada o produtor é cooperado, a assistência técnica oficial está mais presente entre os produtores menores e a assistência privada entre os maiores.
A concentração e o desaparecimento de lavouras de café no Estado de São Paulo podem ser ainda caracterizados, valendo-se dos recortes municipais, dizem os pesquisadores do IEA. Em 142 municípios, houve aumento acima de 10% na área cultivada e em somente 26 deles o aumento foi de até 10%, entre os dois censos. Por sua vez, em 22 houve diminuição de até 10% na área municipal com lavouras, enquanto redução acima de 10% foi observada em 361.
O patamar alcançado pelo avanço da mecanização da colheita é outro importante indicador sobre a eficiência produtiva da cafeicultura paulista, segundo constataram os técnicos. “Como é de conhecimento geral, nessa etapa do manejo da cultura, ocorre o maior desembolso por parte do cafeicultor, considerando todo o ciclo de produção. Em São Paulo, a mecanização da colheita já abrange 50,8 mil hectares e compreende 147,74 milhões de plantas, ou seja, 24% e 29% em área e número de plantas, respectivamente.”
A evolução da cafeicultura paulista para um padrão adensado confere necessariamente um perfil mais competitivo para tais explorações, observam os pesquisadores do IEA. “Por meio dessa tecnologia agronômica associada a outras como adubações equilibradas, tratamentos fitossanitários e podas, podem-se obter maiores quantidades de produto em menores áreas cultivadas e com isso reduzem-se os custos unitários e, eventualmente, a depender dos preços praticados pelo mercado, lograr o cafeicultor melhor rentabilidade com sua exploração.”
A utilização do crédito e do seguro rural também foi analisada no estudo. Os tomadores de crédito totalizam 24% das unidades de produção (39% da área total do Estado), enquanto cerca de 13% do total se encontram seguradas.
Por sua vez, o emprego de computadores na exploração agrícola já atende a quase terça parte das lavouras implantadas no Estado, dizem os pesquisadores do IEA. Em termos de UPAs que usam a tecnologia, são ainda poucas as que contam com essa importante ferramenta de gestão
Em relação a outras tecnologias, a realização de análise de solo já constitui prática para dois terços da área cultivada e 44% do número de unidades de produção. O emprego de adubação mineral é prática de uso corrente pela maioria dos cafeicultores (beneficia cerca de 88% da área cultivada e 78% das UPAs). Já a utilização de fertilizantes orgânicos (especialmente a palha do café coco) é também bastante freqüente, mas alcança apenas 54% das UPAs com café. Finalmente, o emprego de adubação verde é o menos usual (apenas 17% da área cultivada possuem essa tecnologia compreendendo 8,4% das UPAs).
Link relacionado: Pesquisadores da APTA no Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil
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