O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) liberou as últimas partidas de tuberculina bovina e tuberculina aviária, produzidas pelo Instituto Biológico (IB-APTA), usadas no diagnóstico de tuberculose animal. A liberação ocorreu em 28 de dezembro de 2017. Ao todo, 251.850 doses foram liberadas, o suficiente para realizar o diagnóstico no mesmo número de animais. Esta é a primeira vez, em mais de 20 anos, que o Instituto Biológico consegue finalizar o ano com estoque dos produtos. O IB é ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Segundo Ricardo Spacagna Jordão, veterinário do IB, 2017 foi marcado pelo aumento expressivo na produção de tuberculina bovina e aviária, ambas usadas no diagnóstico de tuberculose em bovinos. “No primeiro semestre, o Laboratório de Produção de Imunobiológicos do IB passou por adequações, por isso, não produzimos tuberculina. Nossa produção no segundo semestre, porém, foi 25% maior do que toda a produção de 2016”, afirma. O total de 2.539.520 doses foi produzido pelo IB em 2017.
Com esta última liberação do ano, o IB poderá disponibilizar para pecuaristas de todo o País o antígeno em janeiro de 2018. “Já estamos com outra partida pronta, esperando liberação do MAPA, que poderá abastecer o mercado em fevereiro”, comemora o veterinário.
A tuberculose bovina é uma doença causada pela bactéria Mycobacterium bovis que afeta principalmente bovinos e bubalinos. Segundo Jordão, ocorre em diferentes partes do mundo, causando prejuízos anuais estimados em US$ 3 bilhões de dólares.
IB se adequa para aumentar a produção
As tuberculinas são uns dos produtos produzidos pelo IB que compreendem os chamados imunobiológicos, usados no diagnóstico de tuberculose e brucelose, que afetam diversos animais, entre eles os bovinos. O IB é a única instituição a produzir imunobiológicos no Brasil. “O Laboratório de Produção de Imunobiológicos do IB passa agora por uma reformulação para aumentarmos a produção de partidas para o diagnóstico de brucelose. Esperamos voltar a produzir o antígeno em 2018”, explica Jordão.
As adequações são necessárias, de acordo com o veterinário, para o instituto conseguir atender a demanda brasileira por imunobiológicos, que é hoje de 12 milhões de doses. “Nossa meta é triplicar a capacidade de produção para atender todo o mercado brasileiro. Atualmente, o País importa imunobiológicos do Uruguai e da Argentina”, afirma.
O Laboratório de Produção de Imunobiológicos do IB possui licença de funcionamento expedida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e é certificado pela norma ISO 9001, que garante a qualidade dos antígenos produzidos pelo instituto de pesquisa paulista.
Imunobiológicos
O trabalho do IB consiste em produzir e disponibilizar kits para diagnóstico de brucelose e tuberculose para pecuaristas de todo o Brasil. Em caso positivo, o animal precisa ser sacrificado e a propriedade pode até mesmo ser interditada. “Caso a carne ou o leite infectados sejam consumidos, as pessoas podem se contaminar com essas doenças, daí a importância de se fazer o controle sanitário”, afirma Jordão.
Os custos para manter a sanidade de um rebanho são bem menores do que as perdas que essas doenças podem causar. “O trabalho do IB tem grande influência no controle e erradicação da tuberculose e da brucelose, beneficiando a pecuária nacional e contribuindo para torná-la competitiva”, explica. Alguns países, como a Rússia, não importam carne de países com risco dessas doenças.
“Os imunobiológicos são imprescindíveis para a pecuária nacional. Os trabalhos do IB na área são estratégicos e impactam a economia brasileira. Trabalhar para aumentar a capacidade de produção desse insumo é uma recomendação do governador Geraldo Alckmin”, afirma Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Por Fernanda Domiciano