Como a pesquisa científica pode melhorar as condições de vida da população da região do Vale do Ribeira? Para encontrar a resposta, representantes do Instituto de Pesca (IP-APTA) e da Universidade de São Paulo (USP) se reuniram em 7 de junho nas cidades de Pariquera-Açu e Cananéia para uma apresentação dos projetos ligados à aquicultura que atualmente são desenvolvidos pelos pesquisadores da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo na região.
A ideia do encontro surgiu em 2016, após o workshop estratégico “Aquicultura: desafios e oportunidades na Revolução Azul brasileira”, promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa da USP, dirigida por José Eduardo Krieger, e que contou com a participação do diretor-geral do IP, Luiz Marques da Silva Ayroza. Desde então, IP e USP discutem como poderiam estabelecer uma parceria.
De acordo com o diretor do IP, a aquicultura apresenta potencialidades para contribuir para o desenvolvimento sustentável da região do Vale do Ribeira, que atualmente apresenta um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado de São Paulo – a média do IDH das cidades que compõem a região é de 0,69, em uma escala de 0 a 1.
“O cultivo de peixes na região já é uma atividade antiga e que teve uma grande expansão na década de 1990, mas que infelizmente não se desenvolveu desde então. Se levarmos em conta as projeções da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), que apontam para o aumento da produção de peixes na ordem de 104% no Brasil até 2025, a piscicultura pode ser uma ótima alternativa de renda para as comunidades desta região nos próximos anos”, explicou Ayroza.
O pró-reitor de pesquisa da USP, José Eduardo Krieger, que na oportunidade esteve acompanhado do assessor Hamilton Varela e do professor do Instituto Oceanográfico, Daniel Lemos, vê na parceria entre a universidade e o instituto da Pasta de Agricultura potencialidades para superar o desafio de transformar conhecimento em riqueza. Krieger destacou que a partir da metodologia científica e da tecnologia é possível contribuir para reverter o cenário social negativo da região do Vale do Ribeira.
“Quando falamos em mudar a realidade de um local, algumas coisas demoram mais tempo, como a questão da educação para toda a população por exemplo. Entretanto, há uma série de coisas que podem ser uma alavanca para começar a mudar esse cenário. E esta visita faz parte então de um esforço da USP e do Instituto de Pesca de tentar entender quais são as oportunidades que nós temos eventualmente para colaborar. Eu acho isso muito importante e essa é basicamente a razão de nosso encontro”, afirmou o pró-reitor.
Durante o encontro, os pesquisadores da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Antônio Fernando Gervásio Leonardo e Camila Fernandes Corrêa, apresentaram aos representantes da USP os atuais projetos de pesquisa na área de aquicultura continental desenvolvidos no Polo Regional do Vale do Ribeira da APTA. Da mesma forma, os pesquisadores do IP que atuam no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento do Litoral Sul, Edison Barbieri e Jocemar Tomasino Mendonça, traçaram um panorama dos estudos conduzidos pelo Instituto na parte marinha.
Para Arnaldo Jardim, titular da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, a aproximação entre o Instituto de Pesca e a USP demonstra o empenho das duas instituições em contribuir, a partir de suas expertises, para a melhoria da qualidade de vida da população do Vale do Ribeira.
“A ciência e a tecnologia carregam consigo a capacidade de colaborar para a transformação da realidade de uma região. E eu tenho certeza que uma parceria entre a USP, uma das mais renomadas universidades do mundo, e o Instituto de Pesca, que possui o know-how em pesquisas voltadas para área de aquicultura, pode contribuir decisivamente para que as pessoas que vivem no Vale do Ribeira tenham uma vida melhor, como nos orienta o governador Geraldo Alckmin”, disse.
Por Leonardo Chagas