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Importação Cresce, Mas Não Alcança Nível Do Plano Real

Apesar da valorização do real, as importações brasileiras não dispararam e estão longe da euforia do auge do Plano Real. As compras externas representaram 16,3% dos bens manufaturados que o país consumiu em 2004. A tendência é que essa participação tenha estabilizado ou até caído em 2005, já que as importações cresceram 17%, abaixo do ritmo esperado. O percentual de 2004 representa um acréscimo em relação a 1999, após o fim da paridade entre real e dólar, quando as compras externas de produtos industrializados responderam por 15,4% do consumo doméstico. Em compensação, é bastante inferior aos 19,6% registrados em 1997, pico das importações no Plano Real, segundo cálculos do economista Fernando Puga, do BNDES. De acordo com o economista André Nassif, também do BNDES, a participação das importações no consumo doméstico reage a três estímulos: valorização cambial, aquecimento da atividade econômica e abertura comercial provocada por queda das tarifas de importação. O Plano Real foi uma combinação desses fatores, o que gerou aumento explosivo das compras externas. Atualmente, o câmbio valorizado é o único estímulo de crescimento das importações. "Os efeitos da abertura dos anos 90 se propagaram e já foram absorvidos", diz Nassif. O real subiu 9,34% frente ao dólar em 2004 e mais 14,15% em 2005. Em compensação, estima-se que a economia tenha crescido apenas 2,5% no ano passado. Entre 1999 e 2004, a taxa média de crescimento do país foi de 2,8%. Ao debelar a inflação e gerar forte crescimento da economia com a âncora cambial, o Plano Real permitiu uma invasão de alimentos e bens de consumo importados nas prateleiras do varejo e automóveis vindos de fora nas ruas das cidades. Em 1996, 9,2% dos alimentos e bebidas consumidos no país vinham do exterior, 11,3% dos tecidos, 14,7% dos calçados e 26% dos automóveis. Já em 2004, os importados representavam 3,8% dos alimentos, 9,2% dos tecidos, 8,3% dos calçados e 16,1% dos carros. O percentual de importados é mais expressivo em setores nos quais o país é pouco competitivo internacionalmente: máquinas e equipamentos, aparelhos e materiais elétricos e material eletrônico e de comunicações. Mesmo assim, os percentuais atuais não superam os de 1996 e 1997. Naquela época, o Brasil importava 41,5% das máquinas e 46,6% do material eletrônico e de comunicações que consumia. Em 2004, as importações chegaram a 30,6% das máquinas e 39,9% do material eletrônico. A euforia do Real produziu fenômenos curiosos. Entre 1996 e 1997, aumentaram em 57,6% as importações de automóveis, 167% as de ônibus, 199% as de helicópteros. O país importou 67% a mais de farinha de trigo no período, 34% a mais de vinhos, 30% a mais de fraldas e 97% a mais de toca-fitas - que ainda ocupavam o lugar dos CDs. Alguns desses produtos eram de qualidade duvidosa, mas ganharam espaço pelo preço baixo e pela crença equivocada da população de que o produto importado era sempre melhor que o nacional. Os varejistas informam que, atualmente, os preços atraentes dos produtos importados devido ao câmbio barato ainda não compensam eventuais dificuldades de assistência técnica ou garantia de fornecimento. A Fnac, rede de lojas que vende de livros a aparelhos eletrônicos, não aumentou o percentual de importados no seu mix de produtos. Eric Blösh, diretor-comercial da empresa.

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