A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), realiza de 14 a 15 de abril de 2016, o II Curso sobre Técnicas de Cultivo e Produção Integrada de Lambari, na Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento da APTA de Pirassununga, interior paulista. Durante o evento, os interessados poderão conhecer o sistema de produção integrada de lambaris e hortaliças, chamado aquaponia. Além de melhorar a produção no campo, o sistema é adequado para cultivos urbanos, com a possibilidade de oferecer alimento fresco para os consumidores dos grandes centros.
A aquaponia é uma tecnologia que está sendo introduzida pela APTA no Estado de São Paulo. Com o sistema, é possível reduzir em até 95% a quantidade de água necessária para a produção de peixe e diminuir em 80%, ou até mesmo eliminar, o uso dos agrotóxicos aplicados nas hortaliças. O lambari agrega mais uma vantagem ao sistema: precisa de metade do tempo que a tilápia, por exemplo, para atingir o tamanho comercial.
Segundo o pesquisador da APTA, Fábio Sussel, o sistema pode ser utilizado no campo e na cidade. A aquaponia, de acordo com Sussel, pode ser facilmente empregada nos grandes centros urbanos. A oferta de alimentos frescos e de boa qualidade atende a uma demanda crescente de consumidores exigentes e donos de restaurantes, por exemplo. “A forma de se produzir é a mesma no campo e na cidade. A diferença é que o produtor urbano precisará investir em tecnologia para oferecer um produto de qualidade diferenciada para este nicho de mercado”, afirma.
Para produzir nos grandes centros urbanos o produtor precisa vislumbrar uma oportunidade de mercado, como restaurantes e supermercados que querem disponibilizar um produto extremamente fresco aos consumidores. “Os peixes produzidos no sistema de aquaponia seriam muito interessantes, por exemplo, para os restaurantes japoneses”, afirma o pesquisador da APTA. Na aquaponia é possível não só a produção de lambari, mas diversas espécies de peixes, como tilápia, pacu e pirarucu.
O segundo passo é pensar em um espaço adequado. “É possível produzir em galpões e até mesmo nos terraços dos prédios. Aliar a aquaponia com as tecnologias adequadas resultará em um produto diferenciado, de alto valor”, afirma Sussel. Entre as tecnologias citadas pelo pesquisador está a automação e o uso de técnicas de manejo recomendadas pela pesquisa para o cultivo de peixes e hortaliças.
A produção em grandes centros é comum em países europeus. O Brasil está começando a realizar esse tipo de sistema. Em algumas cidades, é possível encontrar mel produzido com abelhas sem ferrão, escargot e rã.
“A transferência de tecnologia, por meio de cursos e eventos, é fundamental para melhorar a produção dos produtores rurais, aumentando a renda e diminuindo os custos de produção, uma orientação do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin”, afirma Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Entenda como funciona a aquaponia
No sistema aquapônico é possível produzir qualquer hortaliça de fruta ou folha, além de outras espécies de plantas de valor econômico, como plantas aromáticas e medicinais. “Não há restrição quanto às espécies de peixes, desde que sejam adaptadas a condições de confinamento, como as trutas e as tilápias”, explica Fernando André Salles, pesquisador da APTA.
A ideia dos pesquisadores da Agência é introduzir o sistema em São Paulo, por ser um Estado bastante populoso e possuir demanda crescente por alimentos e por água. A tecnologia é utilizada em países como Estados Unidos, Canadá e Austrália. “A agricultura é uma atividade extremamente dependente de água para conseguir adequada produtividade de alimentos, o que acaba competindo com recursos hídricos com a população urbana. Qualquer técnica que consiga reduzir a quantidade de água na produção de alimentos é extremamente bem-vinda”, afirma Salles. O uso de lambari para o sistema também é interessante, já que 70% da produção nacional deste peixe abastecem o mercado paulista. O lambari é usado, principalmente, como isca viva na pesca esportiva.
O novo conceito de produção agrupa todas as vantagens da produção intensiva de lambari com a hidroponia, em que as plantas não têm contato com o solo e são cultivadas em água e/ou substrato, dentro de estufas. Neste ambiente, há diminuição na ocorrência de pragas e doenças e proteção de intempéries climáticas e ataques de aves. Os resultados são plantas com melhor qualidade e redução de até 80% no uso de agrotóxicos. Em alguns casos, o controle químico é totalmente dispensado.
A principal diferença entre o uso de lambari e de outros peixes é o tempo necessário para atingir tamanho comercial. O lambari precisa de três a quatro meses, enquanto espécies como a tilápia, precisam de oito meses. “O resultado, em termos de produção, é a possibilidade de ter maior número de ciclos ao longo do ano”, afirma o pesquisador da APTA, Fábio Sussel.
O pesquisador explica que a proteína presente na ração é metabolizada para formação do tecido muscular do peixe, porém, parte é excretada diretamente pelas brânquias dos animais na forma de amônia ou é perdida por meio das fezes. A amônia, mesmo em baixas concentrações, é tóxica para o peixe. “No sistema de produção aquapônica, a amônia presente na água passa por um filtro biológico onde ocorre a nitrificação, transformando-a em nitritos e em nitratos, este último produto, de baixa toxicidade para os peixes, é prontamente absorvido pelas plantas na produção hidropônica”, explica.
Além dos nitratos, a mineralização dos dejetos dos peixes fornece às plantas boa parte dos elementos necessários ao crescimento, como o fósforo, cálcio e ferro, entre outros. Com isso, não há a necessidade do uso intensivo de fertilizantes químicos.
A tecnologia poderá ser utilizada por pequenos, médios e grandes produtores. Os pesquisadores da APTA trabalham em conjunto com técnicos de extensão da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) para fomentar e divulgar os resultados das pesquisas, que devem começar a ser disponibilizados em dois anos.
Curso
O II Curso sobre Técnicas de Cultivo e Produção Integrada de Lambari será realizado na Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento da APTA, em Pirassununga, interior paulista. O evento atenderá três áreas de interesse dos produtores: lambaricultura, aquaponia e criações urbanas. “Esses sistemas estão intimamente ligados, pois a produção de alimentos em áreas urbanas demanda sistema intensivo de criação, onde a aquaponia se enquadra. Por sua vez, o lambari é uma espécie de pequeno porte com fácil adaptação a sistemas intensivos e de ciclo curto de produção”, explica Sussel.
SERVIÇO
II Curso sobre Técnicas de Cultivo e Produção Integrada de Lambari
Data: de 14 a 15 de abril de 2016
Horário: a partir das 8h
Local: Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento da APTA
Endereço: Av. Virgílio Baggio, 85, Vila das Emas, Pirassununga - SP
Informações: 19 3565-1200
Por Fernanda Domiciano
Mais informações
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios
(19) 2137-8933