Inovar para melhor produzir e alimentar
De acordo com a ONU, seremos 9 bilhões de habitantes até 2050 e o Brasil terá que aumentar em 40% a sua capacidade produtiva, utilizando o mesmo espaço, para atender a esta necessidade global. Da ciência e da tecnologia é que virão as respostas para o desafio de suprir a demanda mundial não só por alimentos, mas também por fibras e energia.
É possível aumentar a produtividade, com sustentabilidade. Para vencer este enorme desafio, podemos citar tecnologia agrícola de ponta, plantio direto, sistemas integrados de produção, recursos humanos altamente capacitados, assistência técnica, programas e projetos de desenvolvimento rural, legislação ambiental, fiscalização eficiente e recomposição de vegetação nativa. São Paulo tem tudo isso e, é um exemplo a ser seguido pelo Brasil e pelo mundo.
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo fomenta e desenvolve o agronegócio paulista com base nas premissas sociais, econômicas e ambientais, que são as diretrizes determinadas pelo Governo Geraldo Alckmin. Foi a primeira Secretaria, inclusive, a prestar conta de suas ações com a publicação de um relatório de sustentabilidade reconhecido internacionalmente.
No campo da ciência agropecuária, o Governo de São Paulo, por meio da APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios), gerencia 6 Institutos (Agronômico, Biológico, de Pesca, de Zootecnia, de Tecnologia de Alimentos, de Economia Agrícola) e 14 Polos Regionais de Pesquisa.
O Instituto Agronômico (IAC) completa 128 anos em junho, com mais de 1020 variedades de 96 espécies de plantas lançadas. O IAC dedica-se ao melhoramento genético convencional de plantas agrícolas e aos pacotes tecnológicos que desenvolvem essas espécies, desde o plantio à colheita, incluindo estudos de solo, clima, pragas, doenças, segurança e eficiência na aplicação de agrotóxicos.
O feijão mais consumido no Brasil – o carioca – é resultado de pesquisa do IAC. Recentemente, o Instituto lançou outra variedade do feijão, que é mais resistente e por isso reduz o uso de agrotóxicos. Resultado científico que baixa custo de produção no campo e reduz impacto para o ambiente e para a saúde do trabalhador, além de ter mais proteínas e cozinhar em menor tempo.
São Paulo é o maior produtor de borracha natural graças ao IAC, que segue desenvolvendo novos clones e novas tecnologias de extração de látex, baixando o custo desse procedimento, que é mais alto dentro do cultivo de seringueira. 70% dos campos paulistas de amendoim, 90% dos cafezais brasileiros são plantados com cultivares do Instituto Agronômico, que desenvolve continuamente variedades mais resistentes e produtivas. Há também variedades adaptadas a regiões quentes e tecnologias de cultivo que reduzem em cerca de três graus a temperatura do ambiente de produção.
As variedades de mandioca do IAC ocupam cerca de 80% dos campos em São Paulo e Minas Gerais e estão na alimentação nacional, desde a farinha até o polvilho usado para fazer pão de queijo. Somos também referência mundial em citricultura. O maior pomar citrícola do Brasil encontra seu suporte nos trabalhos do Instituto, que já desenvolveu 130 variedades-copa e porta-enxertos de citros mais produtivos, mais resistentes e com melhor qualidade.
Nosso estado tem a canavicultura mais competitiva do mundo. O Programa Cana IAC gerou 19 variedades para o setor sucroalcooleiro nos últimos anos. Essas tecnologias têm rompido as fronteiras paulistas e chegado a 11 Estados brasileiros. A transferência de tecnologia chegou ao México e dobrou lá a produtividade dos canaviais com variedades e pacote tecnológico IAC.
Além de inovar, outro grande desafio que se apresenta é fazer as novidades chegarem aos produtores, aos campos paulistas e brasileiros. No estado de São Paulo isso ocorre graças à excelência do trabalho desenvolvido pelos técnicos da Cati (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral) que integram a equipe de extensão rural da Secretaria de Agricultura, representada pelas 594 Casas da Agricultura presentes em todo o estado. Essa tarefa é fundamental, pois permite que os produtores rurais possam desfrutar dos avanços da área de pesquisa.
Atendendo à solicitação da FAO de promover ações de divulgação sobre a importância do solo e de sua conservação, o IAC adotou o tema como o mote de sua campanha de aniversário de 128 anos. O Instituto é pioneiro em análises de solos e referência no Brasil nessa prestação de serviços, e desenvolve pacotes tecnológicos direcionados ao uso racional do solo, incluindo análises que orientam a adubação eficiente e sem desperdícios.
É da Secretaria de Agricultura de São Paulo, o único Laboratório de Análise Química de Fertilizantes e de Resíduos público do país, credenciado pelo Ministério da Agricultura para analisar fertilizantes e resíduos. O IAC analisa resíduos urbanos, agrícolas e industriais que possam servir como fertilizantes. Tem pesquisado o enriquecimento de alimentos por meio da correção do solo, os resultados são o aumento de 175% no teor de selênio no feijão e de 38% no milho.
São Paulo é líder nacional na produção de cana, açúcar, etanol, bioeletricidade, laranja, suco de laranja, borracha natural, ovos, flores, cogumelos. Em todas as áreas, há a sustentação oferecida pelos pacotes tecnológicos gerados pelas nossas unidades de pesquisa e levados aos agricultores. Devemos isto a dedicação e paixão com que nossos pesquisadores, administradores e extensionistas têm desenvolvido seu trabalho.
Enfim se nossa produção depende do solo, luz e agua, isto também significa segurança jurídica, extensão rural e inovação, e disto estamos buscando tratar!
Arnaldo Jardim é deputado federal licenciado (PPS-SP) e secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo