A diversidade de organismos aquáticos cultivados e seu potencial para desenvolvimento de novos produtos estiveram no centro das discussões do 1º Workshop de Aquicultura Continental e Marinha, promovido pelo Instituto de Pesca (IP-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. O evento, realizado em 2 de outubro de 2017 durante a 3ª Asian & SeaFood Show, feira de gastronomia asiática que anualmente reúne as principais empresas do setor de pescados do Brasil e do exterior na capital paulista, contou com a participação de cerca de 40 pessoas.
De acordo com Thaís Moron Machado, pesquisadora do IP e coordenadora do evento, o tema central do workshop foi os caminhos para o consumo responsável de pescado.
“Devido à diminuição dos estoques pesqueiros, há a necessidade de buscarmos alternativas ao pescado proveniente da pesca extrativa. Isso é extremamente importante para que haja tempo suficiente de reposição desses estoques. Pensando nisso, decidimos trazer essa discussão para dentro de uma feira que tem como foco central a gastronomia asiática, em que os ingredientes principais são basicamente os organismos aquáticos, a fim de apresentarmos quais são os produtos produzidos atualmente no Brasil”, explicou Thaís.
Durante toda a manhã, as discussões se concentraram na aquicultura continental. O pesquisador do Centro de Pesquisa do Pescado Continental do IP Eduardo Makoto Onaka iniciou os trabalhos relacionando as boas práticas de cultivo e à sua influência na sanidade do pescado para consumo cru.
“É crescente o consumo de pescado no país, e os restaurantes japoneses, que têm aumentado muito no Brasil, contribuem sobremaneira para o incremento do consumo de pescado cru. Por isso, abordamos a influência da produção feita de forma sustentável para que o pescado chegue com qualidade para o consumidor final”, disse o pesquisador.
Em seguida, foi a vez de Érika Fabiane Furlan, dirtora da Unidade Laboratorial de Tecnologia do Pescado do Instituto de Pesca, abordar as questões ligadas à qualidade do pescado proveniente da aquicultura. De acordo com Érika, a competitividade do mercado evidencia a necessidade do desenvolvimento de vantagens para diferenciação dos demais concorrentes.
“No que diz respeito ao agronegócio do pescado, a oferta de produtos que se identifiquem pela elevada qualidade é esse diferencial. A qualidade do pescado está ligada às características sensoriais do produto, como aparência, sabor, odor e textura, mas também ao seu valor nutricional e dietético, frescor, higiene, facilidade de utilização pelo consumidor, segurança, disponibilidade, padronização, além da responsabilidade ambiental e social, aspectos estes, mais facilmente obtidos no pescado de cultivo”, frisou.
As discussões sobre a aquicultura continental foram fechadas com a palestra da coordenadora do workshop, Thaís Moron Machado. Ela abordou a salmonização de filés e ovas de truta arco-íris, uma alternativa ao salmão, muito utilizado na gastronomia japonesa.
“A truta arco-íris é um salmonídeo e, quando utilizadas tecnologias específicas de cultivo, resulta em filés e ovas de coloração salmonada, que podem ser utilizados em diferentes preparações culinárias. A nossa ideia hoje foi apresentar esses produtos, que são fruto de pesquisas desenvolvidas pelo Instituto de Pesca”, disse.
No período da tarde, a maricultura foi o foco dos palestrantes. Eles apresentaram para o público presente um panorama geral do cultivo de organismos aquáticos em águas marinhas no país e a diversidade de pescado proveniente desse tipo de cultivo.
O primeiro a falar sobre o tema foi o pesquisador do IP Eduardo Gomes Sanches, uma das referências na área de maricultura no Brasil. A partir de dados coletados ao longo de seus mais de 25 anos de pesquisas na área, Sanches apresentou os diferentes organismos aquáticos marinhos produzidos atualmente na costa brasileira, as principais espécies com potencial para desenvolvimento e as tendências e perspectivas para esse setor no país.
Logo após a exposição de Sanches, o gestor da Área de Proteção Ambiental (APA) Marinha do Litoral Norte de São Paulo, Evandro Sebastiani, apresentou o trabalho desenvolvido junto às comunidades dessa área da costa paulista e a importância da maricultura para a manutenção dos estoques pesqueiros.
"Não há como atingir sustentabilidade pela pesca extrativa em função do aumento da população. Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), em 2048 a pesca entrará em colapso porque o esforço para se obter o pescado precisará ser maior, o que aumentará os custos e inviabilizará a atividade. É preciso criar alternativas˜, alertou.
Fechando a programação, o chef Patric Pierre Christian Berjeaut abordou a sazonalidade e a importância da maricultura na manutenção do cardápio dos restaurantes, além de traçar um paralelo entre o padrão do pescado proveniente da pesca e o da maricultura.
“Para os donos de restaurantes e também para os chefs de cozinha, é muito importante ao montar um cardápio saber que receberá o produto e que este produto terá um padrão. E essa segurança é muito fácil de se conseguir com os pescados provenientes da aquicultura, em que se tem um ciclo de produção definido”, finalizou.
Por Leonardo Chagas
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