Data da postagem: 21 Dezembro 2005
O controle microbiano de pragas é um dos métodos de controle de pragas que mais tem se desenvolvido na última década, principalmente no Brasil, devido à sua eficiência, baixo custo e impacto ambiental, além de trazer uma importante contribuição social, gerando empresas denominadas biofábricas com possibilidade de empregos.
O Laboratório de Controle Biológico do Centro Experimental Central do Instituto Biológico tem desenvolvido bioinseticidas a base de fungos, nematóides e vírus entomopatogênicos, principalmente para as culturas da cana-de-açúcar, citros, seringueira, frutas e soja, criando produtos com formulação adequada para cada estratégia de aplicação e estabilidade no armazenamento e no ambiente.
Um exemplo de aplicação do controle microbiano de pragas no Estado de São Paulo é o controle da cigarrinha-da-raiz da cana-de-açúcar.
A pesquisa e desenvolvimento do controle biológico da cigarrinha-da-raiz da cana é extrema importância para a economia do setor, já que o custo do controle é mais baixo do que o controle químico e através desse programa, novas empresas e laboratórios de usinas têm surgido para aumentar a oferta do bioinseticida no mercado e estimular o uso do fungo. Sem contar com o ganho para o meio ambiente, já que o bioinseticida a base do fungo não é tóxico para a flora e a fauna, bem como o homem.
Desde a constatação do problema, há cerca de 5 anos, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, através do Instituto Biológico/APTA, vem desenvolvendo ações de pesquisa para fomentar o uso de M. anisopliae.
Essas ações envolveram pesquisas para obtenção de isolados do fungo mais eficientes no controle a campo bem como a determinação de concentrações adequadas do bioinseticida e épocas propícias para aplicação. Ressalta-se que os isolados IBCB 348 e IBCB 425, frutos do processo de seleção, são hoje utilizados pela maioria das empresas produtoras de fungos entomopatogênicos no Brasil.
A transferência do conhecimento foi realizada através de assessoria na implantação de 8 biofábricas em território paulista e o treinamento de 79 profissionais, inclusive de outros estados da federação.
A produção do fungo, no período de 2002/2003, por empresas e usinas sediadas no Estado, foi de 268 toneladas. O valor médio de comercialização foi de R$ 10,00 e a receita bruta gerada no período foi de R$ 2.680.000,00. A atividade gerou 148 empregos diretos e a área de cana tratada atingiu 161.910 ha. O valor médio do tratamento/ha foi de R$ 40,00 enquanto o tratamento químico teve um custo de R$ 160,00/ha. A economia média gerada por hectare foi de R$ 120,00, totalizando uma economia global de R$ 19.429.200,00, além do fato de que 3.238 toneladas de inseticidas deixaram de ser aplicadas no ambiente.
José Eduardo Marcondes de Almeida
Pesquisador Científico Dr Entomologia
Laboratório de Controle Biológico
Centro Experimental Central do Instituto Biológico
jemalmeida@biologico.sp.gov.br